6 de Maio de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

AUTOAVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE PRESTADOS NA UBS DE BELA PARNAMIRIM, PARNAMIRIM-RN.

ESPECIALIZANDO (A): LARISSA OLIVEIRA AGUIAR

ORIENTADOR (A): MARIA BETANIA MORAIS DE PAIVA

COLABORADORES: LARISSA DIOGEANE S. DO NASCIMENTO (DIRETORA DA UBS DE BELA PARNAMIRIM) E FLÁVIA NASCIMENTO (TÉCNICA DE ENFERMAGEM DA UBS DE BELA PARNAMIRIM)

            Nesta experiência, será relatado o processo de autoavaliação dos serviços de saúde prestados pela Equipe de Atenção Básica (EAB) 47 da Unidade Básica de Saúde (UBS) de Bela Parnamirim através dos critérios avaliativos do AMAQ (Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica). Será descrito também a formulação de uma matriz de intervenção a partir de questões levantadas durante realização do AMAQ e um instrumento de monitoramento dos indicadores de qualidade do PMAQ (Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica).

            O AMAQ é uma ferramenta validada nacional e internacionalmente. Ela é capaz de promover reflexões sobre as responsabilidades dos profissionais e gestores de saúde no âmbito da atenção básica, visando promover o acesso com qualidade aos serviços oferecidos (Brasil, 2012). Através da autocrítica, o AMAQ permite estimular mudanças na prática de saúde do dia-a-dia, para que cada vez mais os serviços se aproximem dos ideais preconizados pelo SUS e pelas políticas nacionais de saúde.

            Para realização do AMAQ pela equipe, foi agendada reunião técnica a fim de realizar a leitura e debate dos padrões e indicadores expostos no material. Foram convocados para reunião todos os membros da equipe de saúde. Houve a presença da médica, enfermeira e 5 Agentes Comunitários de Saúde (ACS’s). Dois ACS’s não puderam participar, um estava de férias e outra em licença maternidade.

            Apesar de atualmente o AMAQ estar disponível para preenchimento online, foi utilizada versão impressa do material, ano 2016. Visto que a UBS de Bela Parnamirim não possui computadores e rede de internet. A versão impressa estava disponível na unidade, tendo sido entregue pela secretaria municipal de saúde no ano de 2017, fora utilizada anteriormente para avaliação do PMAQ.

          Foram respondidos os critérios relativos à dimensão “Unidade Básica de Saúde”, subdivisões: Infraestrutura e equipamentos (H); Insumos, imunobiológicos e medicamentos (I); Educação permanente e qualificação das equipes de atenção básica (J); Organização do processo de trabalho (K); Atenção integral a saúde (L); Participação, controle social e satisfação do usuário (M) e; Programa Saúde na Escola – PSE (N). A pontuação de cada critério era atribuída após debate e consenso do grupo a cerca do tema disposto.

            O resultado das pontuações e classificação conforme critério do AMAQ foi o disposto na tabela abaixo.

Tabela 1 – Resultado das Pontuações e Classificações dos Critérios Avaliados

Subdimensão

Pontuação

Classificação

H – Infraestrutura e Equipamentos

36

Regular

I – Insumos, Imunobiológicos e Medicamentos

45

Regular

J – Educação Permanente e Qualificação das Equipes de Atenção Básica

16

Regular

K – Organização do Processo de Trabalho

98

Satisfatório

L – Atenção Integral a Saúde

262

Satisfatório

M – Participação Social e Satisfação do Usuário

27

Satisfatório

N – Programa Saúde na Escola

24

Regular

Fonte: Próprio autor

            Após realização da autoavaliação foi selecionado um dos problemas levantados pelo questionário para confecção de uma matriz de intervenção. Foi escolhido o problema, considerando os seguintes critérios: nota ≤ 5, factibilidade de resolução e independência da gestão municipal para realização.

            A matriz de intervenção formulada pela equipe abordou o tema acolhimento, visto ser um ponto deficiente na unidade e causador de muitos embates entre funcionários e usuários. O padrão número 13, subdivisão K, “A equipe realiza acolhimento à demanda espontânea” obteve nota 4 na avaliação. As principais críticas apontadas foram: não há disponibilidade de vagas para urgências (“consultas de encaixe”), não há fluxo para a demanda espontânea na unidade; ocorre discordâncias a respeito da classificação de gravidade dos pacientes de urgência; não são utilizados protocolos ou critérios para agendamentos de consultas e não é feita classificação de risco e vulnerabilidades dos pacientes.

Quadro 1 – Matriz de Intervenção

Descrição do padrão: 4.13 – A equipe realiza acolhimento à demanda espontânea
Descrição da situação-problema para o alcance do padrão: A equipe não oferece acolhimento humanizado a todos os usuários do território; Não há fluxograma estabelecido para acolhimento da demanda espontânea; Não são utilizadas ferramentas de classificação de risco e vulnerabilidades.
Objetivo/meta: Realizar acolhimento humanizado da demanda espontânea através de fluxograma na unidade e da estratificação de risco e vulnerabilidades da população
Estratégias para alcançar os objetivos/metas Atividades a serem desenvolvidas Recursos necessários para o desenvolvimento das atividades Resultados esperados Responsáveis Prazos Mecanismos e indicadores para avaliar o alcance dos resultados
Capacitação dos funcionários Encontro para capacitação em acolhimento a demanda espontânea. Aula elaborada em slide acerca do tema;

Notebook

Melhorar o acolhimento humanizado. Médica 30 dias Exposição de impressões em reunião técnica mensal
Definição do fluxo dos usuários na UBS Debate da equipe de saúde para definição dos fluxos;

Impressão do fluxograma para exibição na unidade.

Notebook;

Papel sulfite;

Impressora.

Melhorar o acolhimento humanizado. Médica;

Enfermeira;

Técnica de enfermagem;

Direção da unidade.

30 dias Exposição de impressões em reunião técnica mensal
Aplicação de ferramenta de estratificação de risco e vulnerabilidades Estabelecer ferramenta para classificação de risco e vulnerabilidades da demanda espontânea;

Utilizar método cromático para identificação da prioridade no prontuário do paciente.

Aula em slide sobre o tema;

Notebook;

Giz de cera colorido.

Aumentar o acolhimento da demanda espontânea;

Diminuir o tempo de sofrimento dos pacientes com casos agudos.

Médica;

Enfermeira;

Técnica de enfermagem;

Direção da unidade.

60 dias Exposição de impressões em reunião técnica mensal;

Avaliação do número de atendimentos de demanda espontânea em consolidado mensal.

Fonte: Próprio autor

            A segunda parte da reunião consistia em estabelecer uma ferramenta para registrar e monitorar os indicadores de qualidade do PMAQ. Estes indicadores são: média de atendimentos de médicos e enfermeiros por habitante; percentual de atendimentos de consultas por demanda espontânea; percentual de atendimentos de consulta agendada; índice de atendimentos por condição de saúde avaliada; razão de coleta de material citopatológico do colo do útero; cobertura de primeira consulta odontológica programática; percentual de recém-nascidos atendidos na primeira semana de vida; percentual de encaminhamentos para serviço especializado; razão entre tratamentos concluídos e primeiras consultas odontológicas programáticas; percentual de serviços ofertados pela EAB; percentual de serviços ofertados pela Equipe de Saúde Bucal e índice de atendimentos realizados pelo NASF.

            A UBS de Bela Parnamirim já possui uma ferramenta para monitorização dos serviços ofertados pelas equipes (FIGURA 1). Consiste em um painel que é exposto na área de recepção da unidade, sendo preenchido pelas equipes mensalmente, após fechamento do consolidado respectivo. No entanto, esta ferramenta não contempla satisfatoriamente os indicadores sugeridos pelo PMAQ.

FIGURA 1 – Painel de monitoramento dos indicadores

Fonte: Próprio autor

            Ficou estabelecido então que, além do uso dos dados do painel, será utilizada também uma planilha eletrônica para acompanhamento de alguns indicadores. Os indicadores que serão acompanhados foram escolhidos considerando a maior facilidade na coleta de dados e importância na prática diária da equipe. Os dados acompanhados serão: média de atendimento de médicos e enfermeiros por habitante, percentual de atendimentos por demanda espontânea, percentual de atendimentos por consulta agendada e número de preventivos realizados.

            Nota-se durante a realização das atividades que há uma grande resistência de alguns membros da equipe à autocrítica. A maioria tem muita dificuldade para expor os erros do próprio trabalho e há uma tendência em culpabilizar a esfera municipal por todas as deficiências. O momento de reunião é sempre difícil, além da incompatibilidade de agendas, há sempre muita reclamação por parte dos usuários que não aceitam “perder” um dia de atendimento. Entretanto, após momentos de autoavaliação como estes, percebemos onde podemos melhorar nossa atuação, apesar das dificuldades estruturais, e renovam-se as energias para modificar a realidade da comunidade.

REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) : manual instrutivo / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2012. 62 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)

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