12 de Maio de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO: OBSERVAÇÃO NA UNIDADE DE SAÚDE, MINHA PRIMEIRA EXPERIÊNCIA COM O PMAQ.

ESPECIALIZANDO: KATIA PENA INFANTE

ORIENTADOR: CLEYTON CEZAR SOUTO SILVA.

 

Durante o inicio de meu trabalho em minha equipe foi realizada a avaliação externa do terceiro ciclo do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade (PMAQ), mas foi um processo no qual não tive uma participação ativa porque nem sabia de que tratava se, mas durante o estudo do Módulo “Observação na Unidade de Saúde”, conheci e compreendi o PMAQ lançado pelo o Ministério da Saúde.

Foi interessante saber que o PMAQ é um processo contínuo de um ciclo com objetivo de melhorar o acesso e a qualidade dos serviços prestados na Atenção Básica com duas etapas avaliativas: o processo de Autoavaliação das Equipes de Atenção Básica (EAB) e a Avaliação Externa. Pelo que com uma grande motivação fiz esta primeira microintervenção e convoque a minha equipe a uma reunião para realizar a autoavaliação real das ações, para isso utilizamos o AMAQ.

Como resultado da autoavaliação selecionamos como problema relevante: as visitas domiciliares não são programadas em conjunto por todos os professionais da equipe. Realizam se por um cronograma rotativo, formal, de acordo a lista dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), sem ter em conta as prioridades, necessidades e situação de saúde dos pacientes, dificultando o acesso à saúde de pacientes acamados/com dificuldades de locomoção, assim como a continuidade e periocidade do cuidado. Os ACS não conhecem a situação de saúde do paciente a visitar e não dão continuidade as orientações que deixamos nas visitas, limitam sua função ao cadastro e  entrega de hipoclorito. Este problema está relacionado ao padrão 4.12: A equipe de Atenção Básica realiza visita domiciliar de maneira sistemática, programada, permanente e oportuna, da dimensão: educação permanente, processo de trabalho e atenção integral à saúde, subdimensão: organização do processo de trabalho.

Fiquei satisfeita com a escolha deste problema porque sempre tive a preocupação desde que comecei a trabalhar na equipe que as visitas domiciliares eram planejadas pela enfermeira por um cronograma rotativo, formal, sem ter em conta as prioridades, necessidades e situação de saúde dos pacientes, onde correspondia um dia da semana (quinta-feira), para um agente comunitário de saúde, tendo nossa equipe 9 ACS e ficávamos então nove semanas para voltar à micro área do primeiro agente comunitário onde fizemos as primeiras visitas, não existindo a continuidade do cuidado e a periocidade que precisava cada paciente, além de fazer a visita a um paciente que podia ser atendido em consulta na UBS, deixando de atender ao paciente que realmente precisava de nosso atendimento domiciliar, e o ACS nem conhecia sua necessidade real de saúde.

Pelo que construímos entre todos os integrantes da equipe uma matriz de intervenção (Anexo I) para a solução deste problema considerando a visita domiciliar um importante instrumento da equipe de atenção basica para produção de cuidados.

Ao concluir a primeira parte da microintervenção fizemos uma análise dos indicadores e seu monitoramento como parte das estratégias que conformam o ciclo do PMAQ.

O monitoramento e análise dos indicadores instituídos pelo PMAQ devem ocorrer constantemente para cumprir seu objetivo de norteador de intervenções no desenvolvimento das ações e atividades da atenção básica. (SOUSA et al, 2016)

Não existe prontuário eletrônico em nossa unidade, os registros são feito de forma manual e a digitação das fichas de CDS é centralizada na Secretaria Municipal de Saúde. A equipe não tem retroalimentação dessa informação e não realiza monitoramento dos indicadores, pelo que refletimos que ser só encaminhadores da informação nos limita para avaliar a realidade da situação de saúde de nossa população, os resultados do trabalho, planejamento e tomada de decisões para sua transformação.

A ausência no planejamento das ações realizadas na ESF resulta no desenvolvimento de atividades desarticuladas, com processo de trabalho parcelado, minimamente reflexivo e altamente imediatista, ligado diretamente na resolução dos problemas iminentes do contato da equipe com usuários que demandam por atendimentos clínicos programados. (SOUSA  et al, 2016)

. Realizar e não registrar, registrar e não acompanhar, acompanhar e não intervir fragilizam as ações de saúde deixando-as à mercê do acaso e da informalidade. (OLIVEIRA et al, 2016)

Dos 12 indicadores de desempenho do 3º ciclo do PMAQ escolhemos o indicador: Percentual de recém-nascidos atendidos na primeira semana de vida, do eixo coordenação do cuidado, pelas seguintes razões:

Configura-se como uma estratégia na qual são realizadas atividades de atenção à saúde de puérperas e recém-nascidos (RN) pelos profissionais de nível superior. Estas ações contribuem diretamente para a redução da mortalidade infantil e materna. (BRASIL, 2015)

A mortalidade das crianças menores de 1 ano, é um importante indicador da condição de vida socioeconômica de uma região.

A taxa de mortalidade infantil (crianças menores de 1 ano) teve expressiva queda nas ultimas décadas no Brasil, graças às estratégias implementadas pelo governo federal, como ações para diminuição da pobreza, ampliação da cobertura da Estratégia Saúde da Família, ampliação das taxas de aleitamento materno exclusivo, entre outras(BRASIL 2012). O número de óbitos foi diminuído de 47,1 a cada mil nascidos vivos em 1990, para 13,3 em 2016 (IBGE, 2017). Entretanto a meta de garantir o direito à vida e à saúde a toda criança brasileira ainda não foi alcançada, persistindo desigualdades regionais e sociais inaceitáveis. Sendo encontrada a maior taxa mortalidade infantil no ano 2016 em nosso Estado Amapá de 23,2 para cada 1.000 nascidos vivos (IBGE, 2017).

Atualmente, a mortalidade neonatal é responsável por quase 70% das mortes no primeiro ano de vida e o cuidado adequado ao recém-nascido tem sido um dos desafios para reduzir os índices de mortalidade infantil no brasil. (BRASIL 2012).

Este indicador mede a relação entre os atendimentos (ambulatorial e atenção domiciliar) a recém-nascidos, na primeira semana de vida, realizados por médicos e enfermeiros e o total de crianças nascidas vivas no município a serem acompanhadas na primeira semana de vida. A equipe de Atenção Básica deve identificar e acompanhar, em tempo oportuno, os recém-nascidos do território que tiveram alta da maternidade.  (BRASIL 2017)

Mas nossa equipe não realiza os atendimentos a todos os recém-nascidos residentes em nossa área de abrangência na primeira semana de vida e não faz monitoramento deste indicador.

Não há modelo pronto, e exequível em qualquer cenário de Metodologia para monitorar indicadores. O ciclo medir – comparar – emitir juízo de valor – tomar decisão é uma constante em qualquer processo de gestão. Cabe à equipe gestora definir se utilizará um painel de acompanhamento, uma matriz de indicadores, as etapas e instrumentos relacionados ou quaisquer outras formas de operacionalizar o monitoramento. (OLIVEIRA et al, 2016)

Mas seguindo experiência de metodologia de acompanhamento de indicadores que foi implementada pelo Núcleo de Monitoramento e Avaliação da Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul (RIO GRANDE DO SUL, 2007) (OLIVEIRA et al, 2016). O primeiro passo è Observar os resultados do indicador para o território proposto e avaliar se o resultado está adequado para as metas e parâmetros, pelo que fomos à secretaria municipal de saúde a procurar os dados para fazer o calculo do indicador, e percebemos que não existem no relatório de atendimentos individuais e da equipe que entregaram para nos.  Não sendo possível realizar os seguintes passos, observar a evolução dos resultados ao longo de um período de tempo, nem comparar os resultados com outras áreas e regiões.

Construímos e discutimos na equipe um plano de intervenção identificado os principais problemas e as atividades a realizar para sua solução além dos recursos e prazos, ANEXO II.

O retorno da mulher e do recém-nascido ao serviço de saúde e uma visita domiciliar, entre 7 a 10 dias após o parto, devem ser incentivados desde o pré-natal, na maternidade e pelos agentes comunitários de saúde na visita domiciliar (BRASIL, 2012).

Por isso forma parte das ações a atualização dos ACS sobre a importância e ações de educação premente em saúde com as gravidas, seus parceiros e famílias que permitam o atendimento aos recém-nascidos na primeira semana de vida. E construímos o anexo III que permite a coleta dos principais dados para o acompanhamento das gestantes com o objetivo de garantir os atendimentos aos recém-nascidos na primeira semana de vida, e coleta dos dados que precisamos para o calculo do indicador. Também elaboramos o anexo IV para fazer o calculo e monitorar o indicador por meses. De forma tal que o instrumento que construímos para Monitorar o indicador Percentual de recém-nascidos atendidos na primeira semana de vida de nossa área esta formada pelos anexos II, III, IV.

A realização desta microintervenção foi um despertar para minha equipe, ela teve um caráter formativo, pedagógico, estimulando-nos a reorganizar o processo de trabalho e a buscar melhores resultados de forma intencionada, objetiva e planejada. Acredito que com a implementação da matriz de intervenção vamos a conseguir o padrão que preconiza o PMAQ, resultando a realização de vistas domiciliares de maneira sistemática, programada, permanente e oportuna, uma maior satisfação de nossa população com o aceso e qualidade dos serviços de nossa equipe.  Foi essencial para a compreensão da necessidade de mudança de encaminhadores dos dados que são produzidos a sujeitos ativos que utilizemos essa informação para o monitoramento de indicadores, planejamento e avaliação das ações e tomada de decisões oportunas, no dia-a-dia do trabalho, desterrando o caráter burocrático e possamos contribuir a melhoria e cuidado da saúde de nossa população intencionadamente.

Como limitações temos que nossa enfermeira não é especialista em medicina de família e comunidade, mas tem muita vontade de cursar a especialização e  aperfeiçoar o trabalho. Além disso, temos algumas ACS com falta de preparação integral, mas acho que com as atividades de educação permanente e a reorganização do processo de trabalho possamos contribuir a sua formação. E gratificante escutar os ACS mais antigos no trabalho da equipe sentir se estimulados. Todos estamos em permanente formação.

Acho que é uma fortaleza que eu este cursando a especialização de medicina de família e comunidade com este método de ensino aprendizagem.  Para min no pessoal a realização desta microintervenção foi estimulante para aprofundar nos conteúdos do modulo, poder implementa-lo na pratica e estimular a melhora do trabalho da equipe. Hoje me sento mais preparada para contribuir modestamente a organização do processo de trabalho da equipe. Agradeço essa possibilidade de crescimento profissional.

 

 REFERÊNCIAS

•          Sousa e Silva, Priscila; Hanna Haíssa Bezerra; Eduardo Carvalho de Souza; Mailson Fontes de Carvalho. Análise dos indicadores de desempenho de uma equipe de atenção básica à saúde. Rev. Saúde. Com 2016; 12(1): 470-476. http://www.uesb.br/revista/rsc/ojs/index. php/rsc/article/download/321/357

•          Oliveira, Ana Emilia Figueiredo de; Regimarina Soares Reis. – São Luís, 2016 /Gestão pública em saúde: os desafios da avaliação em saúde.

•          MANUAL INSTRUTIVO PARA AS EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA E NASF. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) – Terceiro ciclo – (2015-2017). http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/Manual_Instrutivo_3_Ciclo_PMAQ.pdf

•          Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 2. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2012.

•          Oliveira, Ana Emilia Figueiredo de; Regimarina Soares reis. – São Luís, 2016. Gestão pública em saúde: monitoramento e avaliação no planejamento do SUS.

•          Brasil. Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Cadernos de Atenção Básica,  32. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_32_prenatal.pdf.

•          Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Janeiro 2017. Tábua completa de mortalidade para o Brasil – 2016.

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