22 de setembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TITULO: AÇOES ESTRATEGICAS CONTINUAS MELHORAM A QUALIDADE DE VIDA DOS USUARIOS COM DOENÇAS CRONICAS NAO TRANSMISSIVEIS.

ESPECIALIZANDO: MARIA EUGENIA FIGUEROA OLIVERA

ORIENTADOR: CLEYTON CEZAR SOUTO SILVA

           A atenção primária à saúde é a porta de entrada dos sistemas de saúde que oferece desafios especiais, pois muitos dos problemas trazidos pelos pacientes são geralmente vagos e não relacionados a doenças orgânicas específicas. (LIMA AFBS, FLECK MPA, 2011)

            Nesse contexto, estão inseridas as doenças crônicas que têm sido muito estudadas por conta da importância da busca de estratégias para redução da prevalência dos fatores de risco envolvidos, que estão diretamente relacionados às mudanças de estilo de vida e à qualidade de vida (CAPILHEIRA M, SANTOS IS, 2011).

As doenças cardiovasculares, respiratórias, o diabetes e o câncer constituem grupos de DCNT que impactam a saúde das pessoas em todo o mundo. Tem como causas principais o tabagismo, o sedentarismo, o etilismo e alimentação não saudável, sendo esses fatores de riscos evitáveis (BRASIL, 2013 a); (BRASIL, 2013 b).

            As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são altamente prevalentes em nosso meio, sobretudo a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM), sendo causadas por vários fatores culturais e sociais e podem desencadear implicações graves para a qualidade de vida das pessoas. Tais agravos representam um desafio para a atenção básica à saúde (BRASIL, 2013 a); (BRASIL, 2013 b).

          Devido à alta prevalência das doenças crônicas e suas complicações entre a população do Programa Saúde da Família (PSF), assim como a importância do correto acompanhamento no tratamento e reabilitação dos pacientes se justifica a realização desta microintervenção.

          Nesse sentido, esta microintervenção tem como objetivo principal avaliar o acompanhamento dos pacientes com Doenças Crónicas da equipe 006, na Unidade Básica de Saúde Dr. Iacy Alcântara, segundo as prioridades do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica – PMAQ. O segundo objetivo trata-se em relatar experiência vivenciadas com ações programadas pela equipe para diminuir complicações em pacientes com doenças crônicas que não tem acompanhamento.

          Como ferramenta para o desenvolvimento do primeiro objetivo, utilizou-se o questionário oferecido pela plataforma do curso.  Realizou-se uma reunião da equipe para refletir sobre como é feito o acompanhamento dos pacientes com doenças crônicas e realizar avaliação do mesmo. Nesta reunião participaram ademais a equipe de Apoio Matricial (NASF), o gestor da unidade, entre outros profissionais interessados no tema.

          Considerando as prioridades do Programa de melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica – PMAQ/AB, nossa equipe realiza todas as quartas-feiras, consultas para pessoas com Hipertensão Arterial ou Diabetes Mellitus, dia designado para melhor organização do trabalho, mas as demandas espontâneas e urgências medicas por estas causas são acolhidas diariamente. Uma vez detectada e diagnosticada a doença o tempo de espera para a primeira consulta é imediato, a consulta é agendada com prioridade para colocar tratamento oportuno e evitar complicações futuras.

          São utilizados os protocolos para estratificação de risco de pacientes com hipertensão, em cada consulta é avaliada a existência de riscos cardiovasculares e co-morbidades em usuários hipertensos. A equipe possui ficha de cadastro para o acompanhamento de pacientes hipertensos e diabéticos, e tem identificados os pacientes com maior risco/gravidade, registro que se especifica na caixinha de observações, da FICHA B – HA (ANEXO 5) e FICHA B – DIA (ANEXO 6). 

          Se realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial; as consultas e exames de pessoas com hipertensão arterial sistêmica são programadas em função da estratificação dos casos, são considerados e é dada a prioridade a aqueles que possuem maior riscos de agravamento e precisam de cuidado mais continuo. Também a equipe coordena a fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção. Não existe o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção, mas este dado fica registrado na caixinha de observações das fichas de cadastro.

          As consultas e exames de pessoas com Diabetes mellitus, em função da estratificação dos casos, são programados pela equipe e se realiza exame do pé diabético em todos os usuários com esta doença crônica; todos os pacientes diabéticos são encaminhados ao oftalmologista para realização do fundo de olho, mas não todos conseguem realizar porque neste momento esse serviço não é garantido pelo SUS no município, e não todos têm solvência econômica para realizar-se o exame em clínicas particulares.

          Em relação á atenção da pessoa obesa a equipe realiza avaliação antropométrica (peso e altura) dos usuários atendidos, após a identificação de usuários com obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2). Primeiramente se realiza uma consulta medica com o objetivo de realizar uma avaliação integral na busca das possíveis causas do desequilíbrio nutricional, são indicados exames complementários, se oferecem orientações nutricionais, e é encaminhado para avaliação com o nutricionista.  Estes usuários também levam acompanhamento pela equipe de Apoio Matricial (NASF), a qual realiza palestras educativas semanalmente na UBS sobre alimentação saudável, além de incentivar na integração do grupo de obesos que querem perder peso, com os quais se realizam ações especificas para este fim. Quando é necessário os usuários obesos são encaminhados para o serviço especializado.

          Além do antes exposto, a equipe refletiu sobre uma porcentagem de pacientes hipertensos e diabéticos que não são acompanhados adequadamente segundo as atividades propostas na ESF, identificando-se diversas causas: não entendimento da orientação/ prescrição, baixa escolaridade/analfabetismo, falta de medicamentos nas farmácias populares, pacientes que moram sozinhos ou com pouco ou nulo apoio familiar, entre outros que não tem conscientização da doença crônica e não demostram interesse em procurar assistência medica.

          Neste sentido, e para desenvolver o segundo objetivo desta microintervenção a equipe concordou em compartilhar as experiências vivenciadas com ações programadas para diminuir complicações em pacientes com doenças crônicas que não tem acompanhamento.

          Nossa equipe realizou uma programação mensal de ações de saúde na comunidade para esses pacientes com doenças crônicas como diabetes mellitus e hipertensão arterial, e aderi-los a nossas atividades, designando-se uma microárea. O ACS da mesma é encarregado de agendar os pacientes com anterioridade e explicar a importância de assistir a este atendimento no dia marcado. Além das consultas medicas, são realizadas avaliações integrais dos usuários, de conjunto com a equipe de NASF, se oferecem orientações higienodietéticas saudáveis, reajustes de tratamento naqueles que precisem, sempre tendo em consideração indicar o medicamento que esteja disponível, se solicitam exames complementários, e segundo a estratificação dos riscos são agendadas as consultas de reavaliação. Neste cenário, a equipe aproveita para realizar orientações gerais sobre fatores de riscos e complicações mais frequentes, a importância da realização do tratamento farmacológico adequado, envolvendo aos familiares de pacientes idosos e com pouco apoio na necessidade de cuidado para evitar erros em dosagem, melhorando assim a qualidade de vida dos usuários.

          A equipe considerou que essas ações são uma experiência positiva porque os usuários aumentaram o nível de conhecimento sobre as doenças crônicas que sofrem, demostrando mais interesse pelo controle. Aumentou a porcentagem de pacientes atendidos por doenças crônicas na unidade de saúde, e diminuiu o número de internamentos hospitalários por agravamento destas doenças.  Ainda assim, temos muito para fazer; a capacitação dos profissionais deve ser mais sistemática para melhorar a nossa atuação para com os pacientes.

          Para atingir as metas nos cuidados de pacientes com co-morbidades, precisam se desenvolver parcerias com os pacientes e estabelecer prioridades para atender as suas necessidades com o objetivo de manter uma boa qualidade de vida, portanto o nosso desafio é continuar realizando atividades educativas em aras de alcançar o acompanhamento do 100% dos usuários com doenças crônicas não transmissíveis, melhorar seu estado funcional e prevenir complicações futuras.

REFERENCIAS.

 BRASIL a. Ministério de Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus/ Ministério de Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília:Ministério de Saúde, 2013.160p.: il. (Caderno de Atenção Básica, n 36)

 BRASIL b. Ministério de Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica/ Ministério de Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério de Saúde, 2013.128p.: il. (Caderno de Atenção Básica, n 37)

 CAPILHEIRA M, Santos IS. Doenças crônicas não transmissíveis: desempenho no cuidado médico em atenção primária à saúde no sul do Brasil. Cad Saúde Pública 2011

 LIMA AFBS, Fleck MPA. Quality of life, diagnosis, and treatment of patients with major depression: a prospective cohort study in primary care. Rev Bras Psiquiatr. 2011

ANEXO 5

ANEXO 6

 

 

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