PREVENINDO O PÉ DIABÉTICO
ESPECIALIZANDO: MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA LIMA
ORIENTADORA: DANIELE VIEIRA DANTAS
O Diabetes Mellitus (DM) caracteriza-se como um conjunto de patologias metabólicas que possuem em comum níveis glicêmicos elevados, resultantes de distúrbios na ação ou secreção de insulina (MARTIN et al., 2012). Conforme relatado por Silveira et al. (2017), o DM pode ser desencadeada por questões genéricas ou quadros clínicos derivados sobretudo da manutenção de hábitos de vida deletérios, que ocasionam surgimento de patologias como dislipidemias, hipertensão, dentre outros.
De acordo com Tomazelli et al. (2015) a prevalência da neuropatia diabética, com o quadro de “pé diabético” é de 4-10%. Segundo os autores no “pé diabético” há lesões nervosas e vasculares, com destruição tecidual e/ou infecção, que comumente leva à amputação de membros e grandes períodos de hospitalização. Na visão de Almeida et al. (2013), o pé diabético pode ser compreendido com a presença de uma ulceração, seguida de infecção, com destruição tecidual profunda, associada à vasculopatia periférica de diversa gravidade em membros inferiores.
Na Unidade Básica de Saúde – UBS Luiz Gadelha de Assunção (São Sebastião) as patologias de maior prevalência são a Hipertensão e o DM. Em muitos casos os usuários apresentam a associação de tais doenças. Os Agentes Comunitários de Saúde – ACS possuem uma cobertura de 60% da área adscrita, fazendo visitas mensais ao portadores de Doenças Crônicas. Durante as visitas além de questionar sobre condição de saúde, hábitos de vida e realizar a aferição da pressão arterial os ACS realizam marcação de consultas e orientações quanto à procedimentos solicitados pelo médico (por exemplo, exames).
Na rotina da UBS verifica-se que mesmo havendo horários disponíveis para atendimento, ou até em casos já agendados, há uma grande ausência destes pacientes nas consultas mensais, bem como uma baixa adesão ao tratamento. No caso específico do DM a falta de comprometimento com o tratamento propicia o aparecimento de complicações como o pé diabético, cegueira, e doenças cardiovasculares. Diante de tal realidade, realizou-se um questionário visando analisar a condição assistencial aos portadores de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e posteriormente foi proposta uma microintervenção.
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Em relação às pessoas com HIPERTENSÃO ARTERIAL |
Em relação às pessoas com DIABETES MELLITUS |
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
SIM |
NÃO |
A equipe realiza consulta para pessoas com hipertensão e/ou diabetes mellitus? |
X |
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X |
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Normalmente, qual é o tempo de espera (em número de dias) para a primeira consulta de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes na unidade de saúde? |
1 |
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1 |
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A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão? |
X |
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A equipe avalia a existência de comorbidades e fatores de risco cardiovascular dos usuários hipertensos? |
X |
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A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade? |
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X |
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Em relação ao item “A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso. |
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A equipe utiliza alguma ficha de cadastro ou acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus? |
X |
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X |
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A equipe realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial? |
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X |
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A equipe programa as consultas e exames de pessoas com hipertensão arterial sistêmica em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?
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X |
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A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade? |
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X |
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Em relação ao item “A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade? |
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A equipe coordena a fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção? |
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X |
X |
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A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção? |
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X |
X |
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Em relação ao item “A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?” |
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A equipe programa as consultas e exames de pessoas com diabetes mellitus em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado? |
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X |
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A equipe realiza exame do pé diabético periodicamente nos usuários? |
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X |
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A equipe realiza exame de fundo de olho periodicamente em pessoas com diabetes mellitus? |
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X |
EM RELAÇÃO À ATENÇÃO À PESSOA COM OBESIDADE |
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
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A equipe realiza avaliação antropométrica (peso e altura) dos usuários atendidos? |
X |
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Após a identificação de usuário com obesidade (IMC≥ 30 kg/m2), a equipe realiza alguma ação? |
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X |
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Se SIM no item anterior, quais ações? Pesagem mensal, análise do Índice de Massa Corpórea, avaliação nutricional e de hábitos de vida (através de questionamento direto). |
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
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Realiza o acompanhamento deste usuário na UBS |
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Oferta ações voltadas à atividade física |
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Oferta ações voltadas à alimentação saudável |
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Aciona equipe de Apoio Matricial (NASF e outros) para apoiar o acompanhamento deste usuário na UBS |
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Encaminha para serviço especializado |
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Oferta grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso |
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Na comunidade assistida pela Unidade Básica de Saúde São Sebastião, verifica-se que dentre os 430 diabéticos cadastrados, há 112 com sinais clínicos de neuropatia diabética, o que representa 26,04%. Por ser uma prevalência bem acima da relata pela literatura (4-10%), optou-se por desenvolver ações voltadas a intervir precocemente junto aos pacientes diabéticos, evitando assim a ocorrência de lesões em membros inferiores e consequentes amputações.
Nesse sentido, o objetivo da microintervenção foi prevenir a ocorrência de pé diabético entre pacientes portadores de DM através de busca ativa e orientações individualizadas. Esta microintervenção foi desenvolvida em quatro pontos.
Tema |
Turno |
Palestrante |
Objetivo |
Nº Participantes |
Diabetes Mellitus: o que é? |
Matutino |
Médico UBS |
Conscientizar a população sobre os primeiros sinais e sintomas sugestivos do DM. |
24 |
Prevenção do DM: alimentação saudável |
Vespertino |
Nutricionista (Núcleo Ampliado em Saúde da Família) |
Orientar comunidade como um todo sobre hábitos de vida saudáveis, e práticas alimentares. |
28 |
Síndrome do Pé Diabético |
Matutino |
Médico e Equipe de Enfermagem da UBS |
Conceituar a Síndrome do Pé diabético, abordar a neuropatia diabética, e orientar quanto aos cuidados com lesões em membros inferiores. |
36 |
Já tenho lesões em membros inferiores: o que fazer? |
Vespertino |
Equipe de Enfermagem |
Abordagem educativa de enfermagem orientando quanto à curativos, higienização e tratamento das lesões de pele. |
42 |
Quadro 1. Caracterização das Palestras executadas pela equipe da UBS São Sebastião.
O Diabetes é uma patologia extremamente incapacitante quando não tratada adequadamente. O pé diabético constitui uma de suas principais complicações, que comumente evolui para amputação de membros inferiores.
Diante de tal realidade espera-se com as intervenções propostas estimular o autocuidado entre os pacientes diabéticos, reduzindo a ocorrência de amputações e demais complicações do quadro diabético. Além disso, com as orientações sobre hábitos de vida saudáveis, é esperado também uma mudança nos comportamentos deletérios, resultando em melhor condição de saúde para a população.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, S.A. et al. Avaliação da qualidade de vida em pacientes com diabetes mellitus e pé ulcerado. Rev. Bras. Cir. Plást. v. 28, n. 1, p. 142-6, 2013.
MARTIN, I. S. et al. Causas referidas para o desenvolvimento de úlceras em pés de pessoas com diabetes mellitus. Acta paul. enferm., São Paulo, v. 25, n. 2, p. 218-24, 2012 .
SILVEIRA, D. M. et al. Pé Diabético: onde podemos intervir? HU Revista, Juiz de Fora, v. 43, n. 1, p. 13-8, jan./jun. 2017.
THOMAZELLI, F .C. S. et al. Análise do risco de pé diabético em um ambulatório interdisciplinar de diabetes. Revista da AMRIGS, v.59, n.1, p.10-4, 2015.
Ponto(s)