12 de novembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

CAPÍTULO VI: Controle das Doenças Crônicas Não Transmissíveis na Atenção Primária à Saúde

Especializanda: Julye Sampaio Fujishima

Orientador: Cleyton Cezar Souto Silva

 

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) possuem uma taxa de morbimortalidade bastante elevada, principalmente nos países de média e baixa renda, afetando especialmente essas pessoas que apresentam um menor nível socioeconômico, considerando que esses indivíduos apresentam-se mais expostos aos fatores de risco associados a essas comorbidades (MALTA & SILVA JR., 2013). No Brasil, o cuidado prestado a esses pacientes portadores de DCNT’s é prestado pela Rede de Atenção às doenças crônicas, que busca uma linha de cuidados direcionada para tais doenças (BRASIL, 2014).

Na equipe de ESF na qual atuo, temos através das agentes comunitárias em saúde um cadastro de todos os hipertensos e diabéticos que existem em cada microárea, ressaltando que existe uma vasta área sem agentes comunitários que é atendida pela equipe, mas a qual não temos esse controle tão rigoroso e desde antes de eu iniciar os trabalhos na equipe já era uma queixa muito freqüente o acompanhamento dos hipertensos e diabéticos.

Dessa forma, foi respondido pela equipe o questionário de avaliação e cuidados com os pacientes portadores de doenças crônicas (apêndice), onde percebemos que fazemos acompanhamento regular de nossos pacientes hipertensos e diabéticos, porém falhamos na estratificação de risco de nossos pacientes, assim como no seguimento dos pacientes portadores de obesidade, visto que temos apenas as informações que constam nos prontuários e no cadastro individual dos pacientes portadores de doenças crônicas realizado pelas ACS.

Ao iniciar os trabalhos na equipe, realizei a divisão dos horários organizando uma agenda de atendimentos semanal, destinada apenas a pacientes hipertensos e diabéticos, com 10, podendo chegar a 12 atendimentos agendados semanais, deixando em aberto para atendimentos em demanda espontânea nos demais dias da semana conforme a necessidade dos pacientes, para melhorar a linha de cuidados específicos, no entanto, percebi uma baixa adesão a esta agenda, principalmente após a mudança de endereço da equipe, onde atualmente nos situamos em um local de alta periculosidade, e um pouco mais isolado, deixando os pacientes, principalmente os idosos, receosos de chegar até o local das consultas, por histórico de furtos, etc., além da falta de conhecimento de como chegar ao local.

Como tentativa de melhorar o atendimento e despertar a atenção dos pacientes, realizamos uma ação educativa com os pacientes hipertensos e diabéticos, em parceria com o NASF, com palestras educativas, café da manhã saudável, e exercícios físicos instruídos pelo educador físico, o que agradou bastante a população, e foi uma forma de apresentar nossos serviços a comunidade, porém não conseguimos dar seguimento a essas atividades com freqüência, devido as agendas de atendimento e a presença do NASF apenas um turno por semana. Porém, de positivo serviu como um pontapé inicial aos pacientes em busca pelos atendimentos, o qual tiveram um aumento na procura do serviço, sempre nos questionando quando teríamos uma nova ação do tipo, em especial pelos exercícios físicos.

No entanto, não conseguimos alcançar a população de forma satisfatória, partindo para outra tentativa, que foi a busca ativa dos pacientes hipertensos e diabéticos em domicílio. A equipe passou a prestar atendimento a alguns pacientes hipertensos e diabéticos da área em casa, realizando visitas domiciliares duas vezes por semana, principalmente os idosos, como forma de não perder o seguimento dos mesmos, fazendo isso periodicamente, e incentivando a irem a Unidade, obtendo algum aumento nas procuras, em especial dos hipertensos, para realização de consultas rotineiras e exames periódicos.

As agentes comunitárias também tem papel essencial nessa busca, agendando as consultas para os pacientes, para poupá-los de ir a UBS agendar, fazemos essa marcação semanalmente, tanto com vagas destinadas a marcação espontânea e aos agentes para os pacientes de cada microárea, com o intuito de diminuir o tempo de espera dos pacientes.

A nossa grande dificuldade é com relação ao local de atendimento, e estamos conseguindo sanar por meio das visitas domiciliares, com projetos futuros para levar atendimento uma vez por mês para o centro comunitário do bairro, para aumentar a adesão, visto que percebemos que a maior população portadora de DCNT está situada naquela reunião. Estamos em fase de implementação do cadastro dos pacientes hipertensos e diabéticos, com informações acerca de complicações e risco cardiovascular, assim como medicações em uso.

Como reflexão, a equipe percebeu que necessita incentivar de forma mais incisiva a continuidade do cuidado em saúde para os portadores de doenças crônicas, em especial, que precisamos fortalecer a nossa linha de cuidados com pacientes diabéticos e obesos, apesar de termos uma baixa taxa de diabéticos, assim como de complicações por diabetes na área, ou por subnotificação ou por cuidado precoce, porém temos um grande percentual de casos de obesidade, que manejados pela equipe do ESF e NASF em conjunto, mas que podem melhorar quanto a linha de cuidado e plano terapêutico, cadastramento e acompanhamento continuo de parâmetros antropométricos, assim como cuidado multidisciplinar. Lembrando que esses pacientes necessitam de um cuidado contínuo, que conforme sua necessidade, sempre pode ser melhorado, a fim de proporcionar a nossos pacientes uma melhor qualidade de vida.

 

Apêndice:

Questionário de acompanhamento de pacientes hipertensos, diabéticos e com obesidade:

 

 

Em relação às pessoas com HIPERTENSÃO ARTERIAL

Em relação às pessoas com DIABETES MELLITUS

QUESTÕES

SIM

NÃO

SIM

NÃO

A equipe realiza consulta para pessoas com hipertensão e/ou diabetes mellitus?

 

 

 

X

 

 

X

 

Normalmente, qual é o tempo de espera (em número de dias) para a primeira consulta de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes na unidade de saúde?

 

 

 

 

01 – 07 DIAS

 

 

 

 

01 – 07 DIAS

 

A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão?

 

 

X

 

 

 

 

A equipe avalia a existência de comorbidades e fatores de risco cardiovascular dos usuários hipertensos?

 

 

 

 

X

 

 

 

 

 

A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

X

Em relação ao item “A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM,existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe utiliza alguma ficha de cadastro ou acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus?

 

 

 

 

 

X

 

 

 

 

X

 

A equipe realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial?

 

 

 

 

X

 

 

 

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com hipertensão arterial sistêmica em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

 

 

 

 

 

X

 

 

 

A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?

 

 

 

X

 

 

Em relação ao item “A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?”,se sua resposta foi SIM,existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe coordena a fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção?

 

 

 

X

 

 

 

X

 

A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?

 

 

 

 

 

 

X

 

 

 

X

Em relação ao item “A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?”,se sua resposta foi SIM,existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com diabetes mellitus em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

 

 

 

X

 

A equipe realiza exame do pé diabético periodicamente nos usuários?

 

 

 

X

 

A equipe realiza exame de fundo de olho periodicamente em pessoas com diabetes mellitus?

 

 

 

 

X

EM RELAÇÃO À ATENÇÃO À PESSOA COM OBESIDADE

 

QUESTÕES

SIM

NÃO

A equipe realiza avaliação antropométrica (peso e altura) dos usuários atendidos?

X

 

Após a identificação de usuário com obesidade (IMC≥ 30 kg/m2), a equipe realiza alguma ação?

X

 

Se SIM no item anterior, quais ações?

QUESTÕES

SIM

NÃO

Realiza o acompanhamento deste usuário na UBS

X

 

Oferta ações voltadas à  atividade física

X

 

Oferta ações voltadas à alimentação saudável

X

 

Aciona equipe de Apoio Matricial (NASF e outros) para apoiar o acompanhamento deste usuário na UBS

X

 

Encaminha para serviço especializado

X

 

Oferta grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso

 

X

 

Referências:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica. Cadernos de Atenção Básica, n. 35. Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 162 p. 

MALTA, D. C.; SILVA JR, J. B. O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil e a definição das metas globais para o enfrentamento dessas doenças até 2025: uma revisão. Epidemiol. Serv. Saúde, vol 22 (1), PP: 151-164. Brasília, jan-mar 2013.

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