CAPÍTULO V: A SAÚDE DA CRIANÇA PARTINDO DOS SEUS CUIDADOS BÁSICOS: HIGIENE E ALIMENTAÇÃO.
ESPECIALIZANDO: WALESKA PEREIRA CÂMARA
ORIENTADOR: TÚLIO FELIPE VIEIRA DE MELO
“…é importante lembrarmos que a Atenção à Saúde da Criança representa uma área prioritária no âmbito dos cuidados à saúde das populações. Para que se desenvolva de forma adequada, além do conhecimento sobre as características relacionadas aos indicadores de morbimortalidade, é necessário compreender os aspectos biológicos, demográficos e socioeconômicos, bem como os demais determinantes sociais no processo de saúde-doença.” (MACEDO, VILMA COSTA DE. 2016)
As crianças da nossa comunidade, em sua maioria vivem num estado de pobreza, onde não possuem uma boa alimentação e a água que bebem e tomam banho são de péssima qualidade. Passamos por um período grande de chuvas onde muitas famílias perderam tudo e lagoas foram formadas, e a partir daí o aumento das doenças dermatológicas. Vimos então a necessidade de investigar, prevenir e tratar todos os casos de doenças dermatológicas que apareceram nesse período de chuvas, visto que uma dessas patologias não sendo tratadas pode levar ao internamento de nossas crianças.
Reunimos toda a equipe, que foi solidária e iniciamos uma busca ativa com as nossas agentes de saúde, primeiramente nos assentamentos e nas ruas próximas as lagoas formadas, aplicando um questionário dirigido tanto às necessidades físicas da moradia e situação social quanto em relação a existência de comorbidades na família.
Dentre as várias famílias que estamos acompanhando, escolhemos a família da Senhora MIFS, 23 anos, abandonada pelo marido, com dois filhos, um com 11 meses e outro com 2 anos e 5 meses, ambos sempre andando na companhia da mãe, sem nenhuma higiene e que toda semana estão no posto de saúde alegando prurido e feridas infectadas pelo corpo e couro cabeludo. Moram com mais duas famílias na mesma casa, onde só ha 5 cômodos, sendo 2 quartos, uma sala, um banheiro externo, a sala e a cozinha, tem ainda um pequeno quintal onde encontramos galinhas e um poço, do qual retiram a água para higiene e alimentação. Acionamos o serviço social, a secretaria de saúde e todas as três famílias estão tendo acompanhamento multidisciplinar do NASF, da nossa equipe do posto e do conselho tutelar.
Com este questionário conseguimos conhecer melhor a real situação de sobrevivência das famílias e das crianças afetadas, mostrando aos pais e responsáveis pelas mesmas a importância da comunicação entre a equipe e as famílias, como também convencemos a levarem as crianças ao posto assim que iniciarem os sintomas e aceitarem os tratamentos propostos caso necessário.
Tivemos também a resistência principalmente dos mais necessitados que não queriam deixar a nossa equipe conhecer a real situação de moradia e problemas sociais pelas quais passavam, e nesse momento tivemos a ajuda do serviço social e do NASF que mobilizou sua equipe para visitar e conscientizar certas famílias da importância do nosso trabalho. Desta forma aprendemos que por mais que tentemos fazer um trabalho bem feito e amenizar a carência tanto de nossas crianças quanto das suas famílias, ainda falta muito para educarmos a nossa comunidade visando a melhoria de suas próprias realidades.
Mesmo ainda estando na busca ativa, já observamos a adesão de 80% das famílias com o nosso trabalho com as crianças, através de uma melhor higiene e seguimento dos tratamentos propostos nas consultas de acompanhamento contínuo, mesmo sabendo que o trabalho está apenas começando muito ainda temos e podemos fazer para melhoria e assistência não só na saúde, mas principalmente social para que nossas crianças possam ter um ambiente familiar digno de suas necessidades.
REFERÊNCIA
MACÊDO, Vilma Costa de Atenção integral à saúde da criança: políticas e indicadores de saúde/ Vilma Costa de Macêdo– Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2016.
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