10 de dezembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

ENFRENTAMENTO DE VERMINOSES EM CRIANÇAS

 

ESPECIALIZANDO: MARCOS JOSÉ DE OLIVEIRA LIMA

ORIENTADORA: DANIELE VIEIRA DANTAS

 

O atendimento pediátrico na Unidade Básica de Saúde – UBS Luiz Gadelha de Assunção acontece por livre demanda de segunda a sexta feira, das 8:00 às 17:00hs.  Há ainda atendimentos agendados pelos Agentes Comunitários de Saúde- ACS.

Na UBS são realizados acompanhamentos de puericultura, vacinação, pequenos curativos, além de intervenções educativas na escola. Na UBS é prioritária a realização da “Primeira Semana Saúde Integral”, em que na primeira semana de vida a puérpera recebe visita domiciliar do ACS, e é orientada a comparecer na Unidade para consulta pós-parto, e consulta do neonato, com realização do teste do pezinho. Nesta primeira visita a crianças recebe o “Cartão da Criança” (caso não tenha recebido ainda na maternidade) e a partir de então de 0 a 6 anos é feito o acompanhamento com registro no cartão de peso, altura, desenvolvimento, vacinação e intercorrências, o estado nutricional, bem como orientações à mãe e familiares envolvidos.

Um grave problema encontrado na Unidade Básica de Saúde em que atuo é a alta prevalência de verminoses em crianças. Como se trata de uma área adstrita extremamente carente, com esgotamento sanitário insuficiente e população com baixo nível de escolaridade, as crianças comumente brincam expostas a esgotos, enxurradas, além de terem contato frequente com terra, andarem descalços e se banharem em reservatórios de água que propiciam a contaminação. 

Diante da grande incidência e prevalência de verminoses nas crianças assistidas na referida unidade de saúde, bem como da falta de informação generalizada (pais, cuidadores e até mesmo profissionais de saúde) sobre formas de prevenção, controle e tratamento das doenças, a microintervenção aqui descrita se justifica pela possibilidade de intervir com ações básicas de saúde para reduzir a incidência e morbimortalidade associada às verminoses, principalmente na população infantil.

É importante ressaltar que diarreias contínuas são um dos principais fatores desencadeantes de mortalidade em crianças menores de cinco anos. A melhoria do saneamento básico, ações de educação em saúde e tratamento medicamentoso com vermífugos tendem a ser estratégias eficazes no controle desse tipo de patologia.

Nesse sentido, o objetivo da microintervenção foi reduzir a incidência e prevalência de verminoses em crianças assistidas pela Unidade de Saúde da Família São Sebastião no município de Nova Cruz, Rio Grande do Norte (RN). Para tanto, foram propostas ações visando melhorar o conhecimento de toda a equipe assistencial sobre verminoses, suas formas de prevenção, tratamento e consequências e posteriormente realizar uma busca ativa na comunidade visando identificar, tratar e acompanhar crianças com verminoses na comunidade, conforme programação abaixo.

  • Treinamento e Educação em Saúde:  para os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e demais membros da equipe assistencial foram realizadas duas reuniões (periodicidade semanal) visando conscientizar e estimular a busca ativa por pacientes com parasitoses intestinais na comunidade. 
  • Busca ativa: durante as visitas mensais dos ACS, bem como nos atendimentos mensais de crianças para o acompanhamento do crescimento foi realizada uma busca ativa por pacientes com parasitoses intestinais. Uma vez identificados, os pacientes foram encaminhados para tratamento médico adequado. 
  • Tratamento dos pacientes com parasitoses: foram agendadas consultas com os pacientes com suspeita e/ou diagnóstico confirmado de parasitoses intestinais, promovendo nestas além do tratamento, ações de educação sanitária e autocuidado, envolvendo também familiares dos pacientes. 
  • Palestras para a comunidade na Unidade de Saúde da Família (USF): foram realizadas três palestras (uma palestra por semana) abordando a questão das parasitoses intestinais. Cada uma das palestras abordou um tipo de verminose prevalente na comunidade (Giardíse, Amebíase e Ascaridíase).

 A adesão pela equipe ao treinamento foi total, mesmo sendo o ponto facultativo nestas ocasiões. Foi ressaltado a importância da prevenção e medicação de controle, realizadas breves palestras sobre as verminoses mais frequentes e também se aproveitou a ocasião dos treinamentos para apresentar as demais intervenções propostas.

Durante a busca ativa, foram orientadas as famílias e cadastradas 19 crianças para consultas e vermifugação. Além disso, a cada visita domiciliar ou acompanhamento de puericultura os pais e responsáveis foram convidados para as palestras. A primeira palestra contou apenas com sete pessoas. Na segunda palestra, estiveram presentes 11 indivíduos. A terceira palestra foi a que contou com um maior público, 23 indivíduos. As palestras tiveram uma duração média de 40 minutos e, após este período, sempre havia a participação da população com questionamentos. Após a realização das palestras foram cadastrados e agendadas consultas para outras 12 crianças.

Depois de pôr em prática as atividades de promoção da saúde e educação em saúde sobre parasitoses espera-se obter um adequado nível de conhecimento sobre as patologias entre os profissionais assistenciais, pacientes e comunidade em geral. A Atenção Primária à Saúde permite aos profissionais atuantes um maior contato com a comunidade e melhor conhecimento das condições de infraestrutura e sanitárias à que a esta está exposta. Desta forma, com microintervenções como as aqui descritas permite-se sensibilizar a comunidade para questões realmente primordiais no cotidiano das mesmas. 

 

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