5 de dezembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Título: Atenção à Saúde da Criança e ações desenvolvidas em uma UBS do Rio Grande do Norte

Especializando: Ana Lúcia Lins Pinto

Orientadora: Maria Helena Pires Araújo

 

Nossa quinta microintervenção trata-se da atenção à Saúde da Criança e foi dividida em etapas. A primeira etapa consiste na resolução de um questionário com o objetivo de conhecer sobre a realização de ações preconizadas para o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ/AB) em nossa Unidade Básica de Saúde (UBS). A segunda etapa baseia-se na descrição de como é realizada a atenção da criança em nossa UBS incluindo a exposição de atividades as quais consideramos exitosas. E a terceira etapa consiste em um relato de experiência englobando todos os pontos acima.

Inicialmente, a proposta seria a convocação de uma reunião com toda a equipe para discutirmos sobre diversos aspectos envolvendo a saúde da criança e a resolução do questionário disponibilizado pela plataforma do Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sistema Único de Saúde (AVASUS), na biblioteca do módulo em questão. No entanto, foram três tentativas frustradas de reunião com a equipe (as quais foram canceladas devido à diversos fatores como a convocação da equipe, de última hora, pela coordenação de atenção básica para organização de eventos para a população; urgências, problemas e reclamações na unidade, entre outros. Sendo assim, a equipe optou em não mais reservar turno para reunião pois estaria prejudicando o andamento dos atendimentos na UBS.

Dessa forma, a análise do questionário foi realizada em tempo breve (pela médica e enfermeira) após os atendimentos de rotina do dia. Dentre as questões, percebemos que nossa equipe não possui cadastramento atualizado de crianças até dois anos no território, não há espelhos das cadernetas de saúde das mesmas ou outra ficha com informações equivalentes na unidade, no acompanhamento delas não há registros sobre estado nutricional, acidentes e, há também fragilidades em relação à busca ativa das criança, que serão detalhadas no anexo do questionário abaixo:

 

QUESTÕES

SIM

NÃO

A equipe realiza consulta de puericultura nas crianças de até dois anos (crescimento/desenvolvimento)?

 

X

 

A equipe utiliza protocolos voltados para atenção a crianças menores de dois anos?

 

X

 

A equipe possui cadastramento atualizado de crianças até dois anos do território?

 

 

X

A equipe utiliza a caderneta de saúde da criança para o seu acompanhamento?

 

X

 

Há espelho das cadernetas de saúde da criança, ou outra ficha com informações equivalentes, na unidade?

 

 

X

No acompanhamento das crianças do território, há registro sobre:

 

QUESTÕES

SIM

NÃO

Vacinação em dia

X

 

Crescimento e desenvolvimento

X

 

Estado nutricional

 

X

Teste do pezinho

X

 

Violência familiar

X

 

Acidentes

 

X

A equipe acompanha casos de violência familiar conjuntamente com os profissionais de outro serviço (CRAS, Conselho Tutelar)?

 

 

X

A equipe realiza busca ativa das crianças:

 

QUESTÕES

SIM

NÃO

Prematuras

 

X

Com baixo peso

 

X

Com consulta de puericultura atrasada

 

X

Com calendário vacinal atrasado

X

 

A equipe desenvolve ações de promoção do aleitamento materno exclusivo para crianças até seis meses?

 

X

 

A equipe desenvolve ações de estímulo à introdução de alimentos saudáveis e aleitamento materno continuado a partir dos seis meses da criança?

 

X

 

 

Essas questões foram repassadas para alguns membros da equipe que estavam presentes antes dos atendimentos do dia seguinte (já que não foi possível reunir todos) e proposto pela médica uma ação que envolvesse as fragilidades observadas acima, porém a equipe não aceitou realizar mais ações visto que custaria mais dias sem atendimento. Sendo assim, restou a opção de relatar sobre atividade exitosa desenvolvida na UBS.

Após essa primeira etapa, seguimos com a segunda etapa detalhando sobre a atenção à saúde da criança em nossa unidade. Essa atenção inicia-se na visita domiciliar puerperal na qual a enfermeira, juntamente com a técnica de enfermagem e o agente comunitário de saúde responsável pela respectiva área, realizam a primeira avaliação do RN e aproveitam a ocasião para orientar a família sobre os cuidados com o RN, vacinação e amamentação. O acompanhamento segue com as consultas de puericultura das crianças de até dois anos (crescimento/desenvolvimento) realizadas na UBS pela enfermeira nas sextas-feiras pela manhã, onde a mesma realiza o preenchimento da ficha cadastral, medidas antropométricas e anotações na caderneta da criança. Nas quartas-feiras pela manhã são administradas as vacinas. Se durante esse acompanhamento for notada alguma alteração, a criança é encaminhada para avaliação médica. Apesar de termos o conhecimento de que esse não é o acompanhamento adequado, devendo as consultas serem pelo menos alternadas entre médico e enfermeiro, foi a melhor maneira, segundo a equipe, encontrada (até antes de minha chegada nesse serviço) para dar conta da alta demanda da unidade. Após a minha chegada foi tentada a implantação de cronograma com turno para atendimentos de crescimento e desenvolvimento (C e D), porém sem sucesso. 

Os agentes comunitários são responsáveis em preencher uma planilha para registro das crianças nascidas no ano e a enfermeira de registrar no sistema (e-sus) as crianças que receberam vacinação. No entanto a unidade não conta com os registros de acidentes, estado nutricional ou casos de prematuridade.  Em relação aos casos de violência familiar quando detectados durante consulta são encaminhados para o Conselho Tutelar e/ou para Centro de Referência especializado em Assistência Social (CREAS) porém o acompanhamento conjunto com esses órgãos dificilmente é estabelecido e a equipe acaba sem o conhecimento do desenrolar do caso.

Em relação às ações desenvolvidas pela nossa Unidade Básica de Saúde CAIC, em Apodi-RN podemos destacar o projeto de atenção à saúde bucal das crianças. Esse projeto foi criado pela dentista e a técnica em saúde bucal e é desenvolvida há um ano na unidade. São reservadas (na agenda da dentista) as terças-feiras de cada semana para atendimento das crianças das creches localizadas nos arredores da UBS. A equipe também realiza palestras e teatros nas creches envolvendo práticas de escovação com direito à brindes (escovas e brinquedos educativos) e aplicação de flúor. É uma atividade bastante proveitosa, divertida e educativa tanto para as mães como para as crianças e conta com o apoio dos agentes de saúde e funcionários das creches. Segue uma foto de um dos eventos:

 

Nossa unidade também promove ações de promoção do aleitamento materno exclusivo para crianças até seis meses e ações de estímulo à introdução da alimentação saudável juntamente com o aleitamento materno continuado a partir dos seis meses de idade. Essas ações são realizadas pelo menos três vezes ao ano e conta com o apoio da médica, enfermeira, agentes comunitários de saúde e nutricionista.

Nos eventos são realizadas palestras relacionadas, principalmente, à alimentação adequada para cada fase da criança, a importância das consultas de C e D e vacinação. Ao final de cada palestra os profissionais dedicam-se a orientar e esclarecer dúvidas geradas ao longo das apresentações. Apesar de a UBS não ter estrutura ideal, nós fazemos algumas adaptações no ambiente para manter a continuidade dessa atenção. Segue abaixo algumas fotos dos eventos:

 

Nesse evento, o foco principal foi fazê-las compreender de uma maneira bem dinâmica, quais alimentos eram saudáveis e os que não eram separando-os em bandejas diferentes. Foi um momento de esclarecer as dúvidas e receber todas as orientações da nutricionista. Apesar do improviso do local, a interação foi bastante produtiva e gerou satisfação tanto por parte da equipe, quanto das usuárias. 

 

 

Para concluir, destaco que as principais dificuldades encontradas para a resolução do questionário proposto foi o tempo corrido, as tentativas frustradas das reuniões e falta de apoio de boa parte da equipe. Vale ressaltar também que as realizações destas microintervenções têm se tornado cada vez mais difíceis pra mim, pois não são bem aceitas pela equipe já que mexem com sua rotina de trabalho e com a dinâmica dos atendimentos, gerando constantes reclamações. No entanto, acredito que elas são essenciais para identificação das fragilidades em nosso serviço, tornando possível um planejamento para melhor atendimento à população.

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