10 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TITULO: DESAFIOS ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL NA ATENÇAO BÁSICA.

ESPECIALIZANDA: YULIET DIAZ MARTINEZ.

ORIENTADORA: MARIA HELENA PIRES ARAUJO BARBOSA

 

            A atenção básica, por meio da Estratégia de Saúde da Família (ESF), configura-se como um campo de práticas e de produção de novos modos de cuidado em saúde mental, na medida em que tem como proposta a produção de cuidados dentro dos princípios da integralidade, da interdisciplinaridade, da intersetorialidade e da territorialidade. Atualmente, a articulação entre a Política de Nacional de Saúde Mental e a atenção básica é um desafio a ser enfrentado. Isso porque, dependem da efetivação dessa articulação a melhoria da assistência prestada e a ampliação do acesso da população aos serviços, com garantia de continuidade de atenção (BRASIL, 2003).

            Eu trabalho na Unidade Básica de Saúde (UBS) Maria Virginia de Leite Franco há pouco tempo e minha equipe é constituída por uma enfermeira, uma técnica de enfermagem, oito Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e por mim, que sou médica. No começo eu percebi que no território adscrito tinham muitos usuários que faziam uso de medicamentos psicotrópicos. Sendo assim, esse foi um ponto escolhido para ser discutido e refletido em uma reunião da com a equipe da ESF.

            A UBS é a porta de entrada dos usuários, porém deve ter a responsabilidade de oferecer as soluções para os problemas dos usuários que procuram a unidade. Em muitos momentos é desnecessário encaminhar os usuários com diagnóstico de transtorno mental leve para os serviços mais complexos, já que depois de diagnosticados podemos fazer abordagem motivacional e intervenções breves, abordagem familiar em casos de problemas com álcool e outras drogas, com suporte às famílias envolvidas. Dessa forma, serão referenciados apenas os casos mais graves ou agudizações de casos leves para uma melhor avaliação e tratamento.

            A Rede de Saúde Mental em nosso município não dispõe de Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), mas a gente conta com o apoio matricial do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). Essa equipe é composta por dois psicólogos e um psiquiatra, oferecendo consultas de psicologia de segunda feira até sexta feira, consultas de psiquiatria toda segunda-feira e auxiliando no desenvolvimento de ações conjuntas, articuladas de acordo com o grau de complexidade que a situação exige no atendimento às reais necessidades de saúde da família.

            O estado de Sergipe tem o Hospital Psiquiátrico São José onde são atendidos todos os usuários com crises mais graves e há articulação com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para realizar o atendimento pré-hospitar e transportar o indivíduo até a unidade hospitalar. Como não há CAPS no nosso município, quando temos usuários com transtornos mentais graves e persistentes esses indivíduos são encaminhados para o CAPS do município vizinho, Canindé de São Francisco.

            Sendo assim, foi proposta uma atualização na planilha de registro dos usuários em uso de medicamentos psicotrópicos e/ou drogas lícitas ou ilícitas. A equipe iniciou o trabalho no início do mês de julho. No mês de maio a equipe tinha realizado um levantamento do número de usuários com as características anteriormente mencionadas e obteve um total de 91. Para realizar as modificações na planilha a equipe teve muitas dúvidas já que queríamos que tivesse o maior número de informações possível dos usuários como: nome e sobrenome, idade, endereço, ACS, medicamento e/ou droga lícita ou ilícita que faz uso, posologia dos medicamentos, acompanhamento (ou não) do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) ou do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) e outras observações que poderiam auxiliar na definição de condutas da equipe.

            Considerando a necessidade de escolher um caso que necessitava de atenção integral em saúde mental, a equipe de saúde escolheu um casal que há muito tempo procurou nossa UBS porque o esposo estava apresentando sinais de depressão, após o filho ser diagnosticado com linfoma. Na consulta foi realizada psicoterapia de apoio. Ademais, em conjunto com médico e enfermeira foi programada consultas de seguimento e visitas domiciliares. O casal foi referenciado e foi acompanhado pela psicóloga. O filho estava sendo acompanhado pelos especialistas com uma evolução satisfatória.

            Ressalta-se que para a atenção à saúde mental a equipe faz uma programação para realizar as consultas programadas com os usuários com diagnóstico de algum transtorno de saúde mental. Embora a equipe realize visitas domiciliares para conhecer todos usuários e as famílias, ajudando a criar vínculo com eles, o maior desafio para a equipe é a realização de atividades conjuntas.

            Ainda sobre os desafios encontrados na atenção em saúde mental, a equipe considerou que há dificuldade nas contrarreferencias, já que muitas vezes os usuários são encaminhados para outro serviço e quando voltam para nossa área a equipe tem não é adequadamente informada sobre os procedimentos que foram realizados com o usuário e/ou sua família.

            Por fim, destaca-se que o trabalho da UBS é mais que renovar uma receita, é mais que encaminhar. Porém nossa equipe concorda que é necessário fazer mais atividades destinadas aos usuários de saúde mental, podendo ser feitas em grupos, como a realização de atividades manuais, atividades físicas, rodas de conversas, palestras e dias só dedicados para saúde mental. Para isso é necessário o apoio de todos os membros da equipe e parceria com a gestão de saúde.

 

 

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