12 de novembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

  Na UBS Centro, onde atuo há pouco mais de 1 ano, existe um livro de registro dos usuários com algum problema de saúde mental.  Nele consta informações de pacientes em uso crônico de medicamentos psiquiátricos, usuários de drogas ilícitas, álcool e cigarro. As informações são anotadas contendo o nome do paciente, o número do prontuário, a idade, sexo, o número do cartão SUS, o nome do medicamento em uso e tempo de uso. De modo geral, os pacientes com sofrimento psíquico são atendidos no mesmo dia que procuram a UBS ou quando preferem agendam o atendimento com o Agente Comunitário de Saúde na mesma semana. Nossa equipe não realiza ações especificas para esses pacientes com a finalidade de reduzir doses de medicamentos ou melhorar os sintomas. O acompanhamento se dá apenas através da consulta médica e ou com psicólogo. 

A rede de atenção a Saúde Mental está organizada no atendimento prioritário na UBS com apoio do NASF, no qual podemos contar com a ajuda de uma psicóloga, uma nutricionista e uma assistente social. A equipe é insuficiente para atender todo o município e acaba sobrecarregada. Aliás essa é uma palavra presente em qualquer tema relacionado ao SUS: o excesso de trabalho limita também o bom desempenho na área mental. Se não bastasse isso, no município não existe CAPS e tão pouco apoio de um psiquiatra.

O serviço funciona através da referência e contrarreferência onde os pacientes são encaminhados para o NASF e para atendimento especializado. O sistema de contrarreferência não funciona a contento porém os usuários acabam relatando a experiência no NASF. Contudo, percebemos que os pacientes que frequentam tais atividades tem uma melhora nos sintomas e até relatam que pretendem reduzir doses de medicamentos. Assim o NASF é importante para o tratamento e para evolução positiva do problema.

Foi realizado uma reunião com toda equipe da UBS para discutir sobre quais pontos podemos melhorar o registro e a atenção aos pacientes com problema em Saúde Mental. O registro das informações já é realizada pela equipe de forma adequada dentro do que o PMAQ preconiza, assim partimos para outra discussão como melhorar o acesso desses pacientes e a qualidade do atendimento.

Discutimos quais as melhores formas e ferramentas para desenvolver atividades coletivas com os usuários, diante das limitações técnicas, estruturais e econômicas da UBS. Dentre as dificuldades pontuamos à falta de conhecimento da equipe sobre a temática, o número elevado de pacientes, o receio e descrença dos pacientes em participar de atividades coletivas por achar mero desperdício de tempo, a falta de profissional especializado para orientação e a falta de apoio logístico do município. Com relação as potencialidades podemos elencar a capacidade de superação e a vontade de ajudar os usuários por parte da equipe. 

Nesse contexto, selecionamos uma paciente atendida mensalmente pela equipe e com diagnósticos de transtorno depressivo recorrente, uso crônico de Benzodiazepínico e transtorno familiar. A paciente passou por nova consulta com o médico e o enfermeiro da equipe para avaliar a possibilidade de otimizar terapias não medicamentosas e suspender gradativamente o uso do benzodiazepínico. 

Para atingir nossos objetivos tivemos de aprofundar nas queixas através da clínica ampliada. Descobrimos que o quadro piorou há 3 anos após o filho ser preso por tráfico de drogas. Resolvemos encaminhar para o NASF para consulta com a psicóloga com novos detalhes sobre a problemática familiar. Ainda não houve tempo para mensurar os resultados da nova intervenção, contudo diante do novo acompanhamento multidisciplinar e com uma visão ampliada a equipe acredita que o quadro da paciente deverá melhorar. 

 

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