10 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

         

TITULO: MICROINTERVENÇÃO EDUCATIVA PARA MELHORAR O ATENDIMENTO À SAÚDE MENTAL NA UBS: JOSÉ MENANDRO CRUZ. 

ESPECIALIZANDO: ANABEL ROQUE ENRIQUEZ.

ORIENTADORA: MARIA HELENA PIRES ARAUJO BARBOSA.

          

Em nossa Unidade Básica de Saúde (UBS) a maioria dos usuários atendidos é de saúde mental. A Atenção Primaria em Saúde (APS) desempenha importante papel no diagnóstico precoce, no início rápido do tratamento, na manutenção do tratamento farmacológico dos quadros estáveis e na reabilitação psicossocial para os quadros graves de saúde mental, a exemplo das psicoses (BRASIL, 2013).

          Mesmo os usuários que são acompanhados por serviços especializados da Rede de Atenção Psicossocial (como os Centro de Atenção Psicossocial – CAPS), devem continuar sendo acompanhados pela rede básica de saúde, já que, além de demandas psiquiátricas e psíquicas, esses usuários precisam continuar sendo assistidos em suas necessidades clínicas (BRASIL, 2013).

          Em 2013, os dados apresentados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no “Plano de Ação para a Saúde Mental 2013-2020” apontam que doenças mentais e neurológicas atingem hoje, aproximadamente, 700 milhões de pessoas em todo mundo, e pelo menos um terço dos que sofrem com problemas psíquicos não tem sequer acompanhamento médico (OMS, 2013).

          Assim, o tratamento dos indivíduos com transtorno mental deve ser priorizado e efetivado nos serviços comunitários de saúde mental, próximos de seu local de moradia e com a participação da família. O tratamento medicamentoso coloca-se como mais um aliado no processo e não apenas como a única possibilidade na oferta dos cuidados em saúde mental (ALVES; GULJOR, 2004).

            Com relação à Rede de Atenção Psicossocial, o município de Caicó possui Equipe de Saúde da Família (ESF) que é quem incorpora ações de promoção e educação para a saúde na perspectiva da melhoria das condições de vida da população; NASF-AB que regulamenta e tipifica as equipes de apoio e suporte à saúde da família, e está integrado por vários funcionários que dois a três dias à semana devem assistir a cada ESF; além do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), especificamente o CAPS III, já que temos uma população acima de 200.000 habitantes. Ele funciona 24 horas por dia, também nos feriados e fins de semana. Esse tipo de CAPS destina-se ao atendimento de adultos, atendendo à população de referência com transtornos mentais severos e persistentes. A frequência dos usuários dependerá de seu projeto terapêutico, podendo variar de cinco vezes por semana com oito horas por dia a, pelo menos, três vezes por mês. O que também determina a periodicidade dos usuários no serviço é o acesso, o apoio e/ou o acompanhamento familiar e a possibilidade de envolvimento nas atividades comunitárias, organizativas, de geração de renda e trabalho.

          Sendo este tema de muita importância e repercussão no bem-estar familiar e com o objetivo de melhorar o atendimento aos usuários que procuram a unidade com algum problema em saúde mental foi realizada uma microintervenção na UBS: Enfermeiro José Menandro Cruz, do Barrio Castelo Branco. Essa microintervenção educativa foi realizada no dia 11 de julho deste ano, na sala de reuniões, com 10 funcionários (Agente Comunitário de Saúde – ACS, técnicas de enfermagem, enfermeira e médica), no horário da tarde.

          A microintervenção foi feita em várias etapas e as responsáveis foram a enfermeira e a médica. Primeiro a enfermeira e a médica realizaram uma palestra sobre temas atualizados de saúde mental e a palestra foi muito boa já que também contamos com a participação de um residente de psicologia que abordou tema em questão.

          Depois foi perguntado aos funcionários da equipe como poderíamos ter melhor controle desses usuários que procuravam atendimento. Em seguida a enfermeira apresentou uma planilha onde seriam registros os clientes que faziam uso de psicotrópicos. A mesma seria confeccionada por microáreas e ACS (Apêndice IV). Então a médica propus que se conformara outra planilha com mais dados que seria atualizada pelo pessoal da triagem cada vez que os usuários acudiram a consulta (Apêndice V).    

          Posteriormente começamos a discutir sobre como está organizada em nosso município a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais. Mas antes de falar sobre a rede de atenção à saúde mental, selecionamos um caso de uma pessoa atendida pela equipe de saúde que necessitara de uma atenção integral em saúde mental e começamos a construir sua linha de cuidados.

          A usuária escolhida pela equipe foi tem 44 anos de idade e antecedentes de Esquizofrenia, realiza tratamento irregular já que mora sozinha e só tem o cuidado de seu irmão, mas não é frequente, além de possível déficit cognitivo. A cliente foi atendida pela equipe já que por não ter tratamento contínuo nem apoio familiar começou com sintomas de descompensação como agitação, agressividade, entre outros.

            Para o caso, foi solicitada ajuda do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), especificamente do psicólogo e da assistente social. Depois da avaliação, esses profissionais concordarem com a médica em relação à necessidade de atendimento o mais rápido possível pelo psiquiatra do CAPS tipo III.

            Outro ponto definido foi o momento da equipe com o irmão da usuária em questão para que fosse estabelecido um tratamento regular, com o objetivo de evitar agudições futuras. Uma das dificuldades que encontramos foi o horário do psiquiatra no CAPS, o que dificultou o rápido atendimento da usuária. Sendo assim, a equipe optou pelo internamento no hospital geral e posteriormente a usuária foi transferida para o CAPS. Após alguns dias a ACS da área adscrita da usuária informou a equipe que ela tinha sido transferida para o CAPS, assim como tinha sido atendida pelo Psiquiatra. Naquele momento ela já estava na área.  

          As UBS têm muitas dificuldades com respeito a essa rede de atenção à saúde porque referenciamos aos clientes que o precisam e sim são atendidos, mas não temos de volta a contrarreferência. Isso foi evidenciado no caso mencionado neste relato, pois não recebemos a contrarrefência durante o período da internação da usuária. Por outro lado temos sorte já que contamos com um CAPS III que possibilita que os usuários possam ser internados e melhor tratados.

          Esta microintervenção foi de elevado impacto; porque a equipe entendeu que sua atuação deve ser mais abrangente, em especial dos profissionais de enfermagem e ACS, fator esse que também consideramos como dificuldade. O acolhimento e acompanhamento longitudinal dos casos era insuficiente, e havia pouco incentivo à participação em atividades comunitárias e nos grupos de apoio. Também consideramos que as referências são feitas, mas não recebemos contrarreferência de voltae apenas tomávamos conhecimento sobre o desfecho dos casos encaminhados quando o usuário já estava na área, por meio da comunicação dos ACS.

          Temos potencialidades que possibilitam melhorar nosso trabalho, já que entendemos que a maioria absoluta dos quadros clínicos que se apresentam às portas dos serviços de saúde mental não necessita de internação e poderá ter melhor prognóstico se tratados ambulatoriamente. Sendo assim, se propõe que sejam incrementadas as ações que possibilitem interferir no processo de cronificação dos tratamentos farmacológicos, monitorando os períodos de utilização de medicamentos dos usuários em seus tratamentos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde Mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção Básica, n. 34)

ALVES, D. S.; GULJOR, A P. O Cuidado em Saúde Mental. In: PINHEIRO, R.; MATTOS. R. A (Org.). Cuidado: as fronteiras da integralidade. São Paulo/Rio de Janeiro: Hucitec, 2004.

Organização Mundial da Saúde (OMS). Plano de Ação para a Saúde Mental 2013-2020. Geneva, Switzerland, 2013. ISBN 978-92-4-150602-1.

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