10 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO: AMAMENTAR É UM ATO DE AMOR

ESPECIALIZANDA: KENIA DEL CARMEN CESPEDES SANCHEZ

ORIENTADORA: MARIA BETÂNIA MORAIS DE PAIVA

COLABORADORAENFERMEIRA: ANTÔNIA ROMILLA FILGUEIRA

 

        A importância da amamentação natural tem sido abordada, principalmente sobre o ponto de vista nutricional, imunológico e psicossocial, portanto, é um assunto de interesse multiprofissional envolvendo dentistas, médicos, fonoaudiólogos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos. A partir do envolvimento multiprofissional, têm-se um incentivo maior para o aleitamento materno.

        Amamentar é considerado uma interação entre mãe e filho, sendo que não estar relacionado apenas a nutrição da criança. Segundo Brasil (2015, p. 11) com a amamentação a criança desenvolve “habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, e em sua saúde no longo prazo, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe”.  Assim, percebe-se o quanto o aleitamento materno é importante para o desenvolvimento da criança.

         Dessa forma, o ato de amamentação propicia o contato físico entre mãe e bebê, estimulando pele e sentidos. Se a amamentação é feita com amor e carinho, sem pressa, o bebê apenas percebe o conforto de ver suas necessidades satisfeitas, mas também sente o prazer de ser segurado pelos braços de sua mãe, de ouvir sua voz, sentir seu cheiro, perceber seus embalos e carícias.

          A industrialização e a urbanização são crescentes, as quais implantaram novas rotinas e hábitos na alimentação da população. Em meados do século XX, a indústria moderna introduziu o leite em pó que, através de intensas campanhas de incentivo, foi conquistando o mercado com sua facilidade e praticidade. Este fato, associado a fatores sociais como o aumento de números de mães trabalhando fora de casa e de aspectos culturais advindos da falta de informação sobre os benefícios da amamentação, além de relatos que emergem das mães justificando a suspensão da amamentação como “a criança não quis mais”, “tenho pouco leite” ou crenças “leite é fraco”, associados ao medo em relação a estética do seio, corroboram para a falta de estímulo a prática da amamentação no cotidiano dos serviços.

         Com isso foi necessário incrementar ações voltadas para promoção do aleitamento materno. O Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, através de um esforço gerado para o controle da mortalidade infantil, tem registrado iniciativas em vários níveis de gestão. Outros órgãos como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF)também estão na luta para a promoção da amamentação. Entretanto, ainda está longe de se alcançar a meta recomendada pela OMS. Em virtude dessa realidade, aumenta-se o compromisso das Unidades Básicas de Saúde (UBS) reforçando ações que visem a promoção do aleitamento materno (ANTUNES et al, 2008).

           Refletindo sobre os principais problemas relativos às questões advindas do planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério na área de abrangência, chegamos à conclusão da necessidade de discutir e planejar uma ação voltada para o incentivo à amamentação, sendo um tema de grande relevância, considerando as gestantes que fazem acompanhamento em nossa área, muitas delas são adolescentes, multíparas e desconhecem acerca da amamentação e seus benefícios.

           Nesse sentido, a equipe de saúde organizou uma palestra para as gestantes, a qual foi realizada no dia 13 de junho de 2018, numa quarta-feira, às 9 horas da manhã, com a participação de odontólogos, enfermeira, profissionais do Núcleo de Apoio ao Saúde da Família (NASF) e médica.

           Para dar início as atividades a enfermeira falou sobre o que é a amamentação, importância e os benefícios tanto para a mãe quanto para o filho, utilizando imagens ilustrativas, a odontóloga fez sua intervenção explicando a importância de uma correta amamentação para a saúde bucal da criança. A minha participação versou sobre a duração do aleitamento materno e a psicóloga também abordou sobre o tema. Foi um momento em que todos contribuíram de forma positiva, tornando uma abordagem multiprofissional.

           Para culminação da ação realizamos uma dinâmica de grupo com as gestantes fazendo demonstrações com bonecos das técnicas corretas para o aleitamento materno, assim como, um feedback de preguntas e respostas com as gestantes sobre o que foi aprendido nesse dia. Foram questionados quais são os maiores obstáculos que elas encontram ao tentar amamentar seus bebês. A maioria respondeu que as dificuldades encontradas são a dor, pouco leite, bico invertido, falta de apoio e críticas, tendo também como resposta que a falta de informação e preparo que atrapalham esse processo. A partir das respostas explicamos que esses problemas tem solução, sendo discutido cada dificuldade por elas elencadas. Além disso, foi dado espaço para as gestantes que já tem filhos falarem das suas experiências vividas nas gravidez anteriores, de modo a proporcionar uma construção de conhecimento baseada nas realidades vivenciadas.

         Acredito que nossa equipe alcançou os resultados planejados na realização dessa atividade, pois atingiu os objetivos propostos. Foi uma experiência muito linda já que possibilitamos às gestantes um melhor conhecimento sobre o aleitamento materno, ao mesmo tempo, resinificamos nossas práticas profissionais ao desenvolver uma qualificação para seguir dando continuidade com os demais grupos de gestantes no futuro.

            Para o desenvolvimento da atividade destacamos como desafios a adesão das gestantes que realizam o pré-natal natal UBS, uma vez que a atividade não atingiu a totalidade, tendo também como dificuldade a falta materiais explicativos que melhor dinamizasse a ação.

Como ponto positivo no desenvolvimento da atividade e que mais me chamou atenção foi a dinâmica de grupo desenvolvida, em que as gestantes demonstraram o gesto de amamentação e falaram sobre suas experiências, porém, ainda houve pouca participação.

            Para qualificar esta intervenção a equipe envolvida organizou um cronograma de reuniões mensal, configurando-se assim como um o grupo de gestante. Dentre os temas abordados, o aleitamento materno tornou-se destaque no grupo, sendo colocado murais de promoção na sala de espera, com intuito de promover ainda mais reflexão acerca do tema. É enfatizado também nas visitas domiciliarias de gestantes e puérperas.

             Portanto, destaco o interesse e mobilização dos profissionais da equipe, pela efetiva inserção da prática de amamentar no contexto da saúde da família, utilizando estratégias que visem tornar frequente essa prática tão importante. A amamentação representa um tema amplo e se faz necessário estabelecer metas a respeito do tema, para que os objetivos sejam atingidos no futuro. A prática de amamentar resulta em crianças saudáveis e se reflete de forma positiva nos indicadores de saúde da UBS.

 

 

REFERÊNCIAS

ALVES, Jessica de Souza; OLIVEIRA, Maria Inês Couto de; RITO, Rosane Valéria Viana Fonseca. Orientações sobre amamentação na atenção básica de saúde e associação com o aleitamento materno exclusivo. Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, p. 1077-1088, 2018.

ANTUNES, Leonardo dos Santos et al. Amamentação natural como fonte de prevenção em saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 13, p. 103-109, 2008.

BRASIL, Ministério da Saúde. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.

OLIVEIRA, Mariana Fonseca Machado, et al. Aleitamento materno: conhecimento e prática. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 46, n. 4, p. 809-815, 2012.

SILVA, Isilia Aparecida. Reflexões sobre a prática do aleitamento materno. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 30, n. 1, p. 58-72, 1996.

 

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