28 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

CAPÍTULO II: ACOLHER CONFORME A NECESSIDADE DA POPULAÇÃO E COMPREENSÃO DOS NOSSOS LIMITES: RELATO DE EXPERIÊNCIA

ESPECIALIZANDO: LARISSA BEZERRA DA SILVA

ORIENTADORA: MARIA BETÂNIA MORAIS DE PAIVA

COLABORADORES: ENFERMEIRA, AGENTES DE SAÚDE, DIRETOR DA UNIDADE E TÉCNICA DE ENFERMAGEM.

           

            O funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) foi regulamentado pela lei 8.080 após ser criado pela Constituição da República, firmado nos princípios éticos: universalização do acesso, equidade e integralidade. A partir de 2000, intensificou o debate acerca do acolhimento, devido às dificuldades enfrentadas com relação à acessibilidade ao serviço de consulta médica nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e resolutividade dos problemas da população adscrita (MITRE et al., 2012).

            Com isso, o atual desafio é desconstruir a cultura de marcação de consultas e distribuição de fichas para a implementação do acesso avançado.

            Pensando nisso, nos foi proposto à realização de pelo menos uma dessas atividades: aperfeiçoamento da equipe para implantar o acolhimento, divulgação/ empoderamento da população em relação às mudanças, estudo do perfil da demanda espontânea e programada da sua área ou primeiros dias de implantação do acolhimento.

           Em uma primeira reunião com duas médicas, uma enfermeira e três técnicas de enfermagem, decidimos optar pela experiência de implementar o acolhimento nas equipes 96 e 98. Primeiro foi necessária uma reunião entre as equipes 96 e 98, já que as duas equipes possuem médicas do programa Mais Médicos e devido à limitada estrutura física da UBS, a qual possui 4 equipes, foi preciso planejar como seria a ocorrência do acolhimento e um plano de contingência. 

            No segundo momento, reuniram-se duas médicas, uma enfermeira, três técnicas de enfermagem, cinco agentes comunitários de saúde e o diretor da UBS. Inicialmente, falamos um pouco do que é o acolhimento,  mostramos dois vídeos do canal de YouTube “O diário de um posto de saúde “, com os títulos “15 minutos”  (link:https://www.youtube.com/watch?v=UFdj3sVEvPs) e “Acesso Avançado” (link: https://www.youtube.com/watch?v=cZi5Xb3ouAo).  

             Após isso, fizemos uma avaliação do que é feito no nosso dia a dia e de qual forma poderíamos melhorar o serviço oferecido.
A realidade da equipe 98 é diferente da 96, a primeira estava sem assistência médica há um ano,  continua sem um segundo técnico de enfermagem e dois ACS’s. Quinzenalmente na sexta-feira há marcação pela manhã, não sendo disponibilizadas todas as vagas dos dias para permitir o atendimento de situações que necessitam ser vistas no dia. Geralmente, isso ocorre após ter passado pela técnica de enfermagem ou pela enfermeira. 

            Na nossa unidade, não há salas disponíveis suficientes para o atendimento de todas médicas e enfermeiras, realizando rodízios de salas. Portanto, não há sala para realização de um acolhimento diário e contínuo durante o expediente do trabalho.

           Diante disso, tivemos a preocupação de como seria feita essa microintervencao, combinamos de realizar a experiência do acolhimento das equipes dividindo dois dias (segunda e terça) para a área 98 e dois dias (quarta e quinta) para a 96.

           No primeiro dia da implantação, foi realizado o acolhimento de 20 pessoas em um espaço ao lado do arquivo. Desse total, 04 necessitavam de atendimento no dia de acordo com a classificação de risco por escala de cores, tabela 1, (RONCATO et al., 2012). As outras 16, foram distribuídas levando em consideração a disponibilidade da agenda e a necessidade do paciente. No segundo dia, 04 pessoas foram acolhidas e atendidas no dia.

 Tabela 1- Classificação de Risco por escala de cores modificada. Fonte: RONCATO et al., 2012

Tabela 1– Classificação de Risco por escala de cores modificada. Fonte: RONCATO et al., 2012

 

             Na reunião de equipe, elencamos os pontos positivos observados durante a atividade: atendimento dos usuários de acordo com vulnerabilidade, gravidade e risco, e espera-se o fim da prática da venda de fichas e as filas durante a madrugada para marcação do atendimento. Como pontos negativos, temos a falta de uma sala fechada que garanta a privacidade do usuário, a educação e conscientização dos pacientes sobre a importância e entendimento do acolhimento, número restrito de profissionais com vocação/empatia para escuta qualificada e a falta de capacitação dos profissionais.

            Em relação à população, orientou-se aos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) a captação de pessoas influentes em suas microáreas para explanar sobre o tema e esclarecimento do processo, para que essas difundam a relevância da mudança para o Acesso Avançado (AA) na UBS.

            Além disso, esperamos a disponibilidade de uma sala para a continuidade do trabalho e a capacitação de profissionais que queiram realizar a escuta inicial do acolhimento, para que haja a continuidade do atendimento aos usuários de alta vulnerabilidade, conforme gravidade e risco citados anteriormente.

REFERÊNCIAS

 

1-MITRE, Sandra Minardi; ANDRADE, Eli Iola Gurgel; COTTA, Rosângela Minardi Mitre. Avanços e desafios do acolhimento na operacionalização e qualificação do Sistema Único de Saúde na Atenção Primária: um resgate da produção bibliográfica do Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, p. 2071-2085, 2012.

 

2- RONCATO, Patricia Andreia Zanetti Ballardin; DE OLIVEIRA ROXO, Cristiano; BENITES, Daiane Freire. Acolhimento com classificação de risco na estratégia de saúde da família. Revista da AMRIGS, v. 56, n. 4, p. 308-313, 2012

 

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