24 de Janeiro de 2019 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

IMPLANTAÇÃO DO ACOLHIMENTO À DEMANDA ESPONTÂNEA E PROGRAMADA

ESPECIALIZANDO: ANDRÉ GEORGE FERREIRA E CÂNDIDO

ORIENTADORA: MARIA HELENA PIRES ARAUJO BARBOSA

            O acolhimento à demanda espontânea e programada é hoje o que se deve buscar realizar em todas as unidades de saúde. De modo semelhante, buscamos estudar nossa população atendida, o modo como atualmente é realizado o acesso do usuário às consultas médicas e de enfermagem, bem como as estruturas disponíveis e relações de trabalho entre as demais equipes da Unidade Mista de Felipe Camarão. Assim, pudemos gerar um plano de aplicação da demanda espontânea e programada.

            Em nossa unidade de saúde, as seis equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) tem modos próprios para atender a tais demandas, mas não há um serviço que atenda a todas as equipes ou mesmo uma padronização para todas. Na equipe a qual faço parte o modelo vigente é realizar em uma sexta-feira agendamentos para os dias da semana seguinte, com os usuários passando por uma triagem pela enfermagem (enfermeira e alunos de enfermagem no mesmo atendimento). Isto facilita a demanda programada, mas prejudica o acesso à demanda espontânea. Nos casos de quadros agudos, buscamos realizar encaixes durante o dia que o indivíduo busca o atendimento. Entretanto enfrentamos dificuldade para tal, pois assim sobrecarrega a equipe e o atendimento médico.

            Buscando superar as diferenças e as dificuldades enfrentadas pelas equipes em relação à demanda espontânea, agendamos uma reunião com o preceptor do programa Mais Médicos e discutimos inicialmente com os médicos do programa este problema da unidade. Foi sugerido marcar uma nova reunião, inicialmente apenas com as equipes que possuem médicos do Mais Médicos – quatro equipes, para discutirmos isto de modo mais amplo. Realizada a reunião no mês de maio de 2018, com presença das quatro equipes (médicos, enfermeiros e um agente de saúde de cada equipe) e o preceptor do programa.

Nesta reunião foram expostos os modos com que cada equipe lida com a demanda espontânea e programada, os problemas estruturais, de relações interprofissionais e em relação à população. O modo mais comum aplicado era o de agendamento em um único dia na semana, com reserva de poucas vagas para a demanda espontânea. E dentre os problemas foram: falta de espaço físico (poucas salas/consultórios, por exemplo), sobrecarga de trabalho de alguns profissionais, dificuldade de relacionamento em equipes, falta de conhecimento sobre o tema de modelos de acolhimento/humanização no Sistema Único de Saúde (SUS), dentre outros. Como resultado, foi criado um grupo menor dentre os presentes para discutir soluções e modelos para a aplicação de um serviço de atendimento comum às demandas espontâneas que cheguem à nossa unidade.

Como fruto desta reunião, um esquema de próximos passos foi criado: selecionar dois agentes de saúde, o (a) médico(a) e a enfermeira de cada equipe; Realizar capacitação sobre acolhimento e humanização na atenção básica; Trazer equipes de outras unidades de saúde da mesma cidade em que tal serviço é tido como modelo; Criar protocolos de acolhimento para a realidade da nossa unidade de saúde; Adaptar as agendas das equipes e os espaços físicos; Realizar escalas de equipes e manter reuniões de debriefing. Devido ao fato de termos duas equipes com médicos cooperados, com risco de rotatividade de profissionais mais alta entre estas equipes, planejamos inicialmente abordar apenas as equipes com médicos do Mais Médicos e após aplicação prática do acolhimento em comum, buscar atrair tais equipes para participação neste serviço.

            A Prefeitura do Natal, através do Departamento de Atenção Básica (DAB), desenvolveu modelos de protocolos de acolhimento à demanda espontânea e programada e tais documentos serão utilizados na criação, adaptação e aplicação de modelo de um serviço único comum a toda a unidade para atendimento às queixas agudas e demandas espontâneas que chegam a nossa unidade de saúde. Tais documentos tiveram parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Entretanto, como foi observado na reunião que é algo a médio e longo prazo para a aplicação do serviço na unidade como um todo, em minha equipe foi decidido desenvolvermos uma solução a curto prazo ao nosso modelo atual de atendimento às demandas. Em conversa com a enfermeira da equipe, pactuamos de reorganizar a agenda de atendimento da enfermagem para que nos dias em que há atendimento médico, ocorra uma triagem com acolhimento durante uma hora a uma hora e meia para que as demandas espontâneas destes dias tenham acesso a consulta médica. Reservamos assim 4 de 9 vagas por turno para tal demanda, pois a procura diária de casos agudos da nossa população atendida tem sido em torno deste número. Um dos problemas gerados por isto é uma redução no número de atendimentos programados para a enfermeira e o médico. A aplicação deste novo modelo ocorreu a partir da primeira terça-feira de junho do ano corrente e como toda mudança de modo de acolhimento gera novos problemas. Por isso realizamos um debriefing semanal para identificação e geração de soluções para as dificuldades encontradas.

            Com isto tentamos acabar com um problema presente em nossa unidade de saúde: a monetização do acesso aos serviços médicos. Alguns usuários guardam lugares em filas antes das seis horas da manhã propositalmente em troca de recursos financeiros. Tal atitude errônea prejudicava principalmente os usuários cujas condições de saúde seriam agravadas se submetessem a longos tempos de espera que aqueles usuários forçam indiretamente. Foi tentada no passado e ainda em cada dia de agendamento ações educativas para combater tal práticas, mas sem muito sucesso até então. Outras formas de coibição a tal prática estão sendo planejadas até o momento, mas serão testadas futuramente se o novo modelo de acolhimento não conseguir ter o retorno que esperamos.

            Desde modo, facilitar e melhorar o acesso aos serviços médicos e de enfermagem aos usuários da nossa unidade é um objetivo hoje comum às equipes, principalmente para a equipe a qual faço parte.

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