TITULO: LA HIPERTENSÃO ARTERIAL COMO DOENÇA CRONICA MAIS PREVALENTE NA UBS PLANALTO, NOVA CRUZ.
ESPECIALIZANDO: DRA. YULIA BARNET RICARDO.
ORIENTADOR: TULIO FELIPE VIEIRA DE MELO.
As Doenças Crônicas não transmissíveis se tornaram a principal prioridade na área da saúde no Brasil. No ano 2015 ocuparam 51,6% do total de óbitos na população de 30 a 69 anos. Dentro destas doenças ocupa um importante lugar a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). (BRASIL, 2016).
O objetivo deste trabalho foi identificar os principais problemas que afetam a área da Estratégia de Saúde da Família (ESF) da equipe de Planalto, no município de Nova Cruz/Rn, onde detectou-se que a HAS é a mais prevalente. Para realizar tal identificação, foi necessária uma reunião com toda a equipe a fim de realizar a autoavaliação, seguindo o instrumento da Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (AMAQ). Vamos lembrar que o AMAQ é uma ferramenta construída para melhoria da qualidade da avaliação de serviços de saúde, utilizados e avaliados nacional e internacionalmente. (BRASIL, 2017a).
A elaboração do instrumento foi norteada pelos princípios e diretrizes da Atenção Básica no Brasil, partindo do pressuposto de que todos os gestores municipais e equipes de atenção Básica possam utilizá-lo. Vale destacar que consideramos equipes de atenção básica as equipes de saúde da família e equipes multiprofissionais orientadas por outros modelos que se organizam de acordo com os princípios e diretrizes da Atenção Básica. (BRASIL, 2017b).
De acordo com a Politica Nacional de Atenção Básica, instituída pela Portaria GM no 2.436 de 21 de Setembro de 2017, a Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção de integral que impacte na situação da saúde individual e coletiva da família e da comunidade.
Desta forma auxilia no planejamento das ações das equipes das Unidade Básica de Saúde (UBS) com o objetivo de identificar as potencialidades e as fragilidades da equipe, e a partir deles projetar um plano de ação para melhorar a qualidade do atendimento. Isso também serve para estimular o desenvolvimento dos trabalhadores e orienta os serviços em função das necessidades e da satisfação da população da área. (BRASIL, 2017)
Para a realização da avaliação do processo de autoavaliação o PMAQ recomenda o uso de padrões de qualidade quanto a estrutura, os processos e os resultados das ações da atenção básica. É importante o monitoramento e acompanhamento pelos gestores, profissionais e equipe como processo contínuo. (BRASIL, 2017a).
O ano passado, Na ESF de Planalto, foi feita a autoavaliação com os padrões do AMAQ durante um encontro com todos os membros de equipe para qualificar o processo de trabalho e a atenção oferecida aos usuários. Os padrões de qualidade em correspondência com as competências dos atores em questão, gestão e coordenação de atenção básica.
A ESF de Planalto classifica-se como porte I. Nela são ofertados serviços de acolhimento, sala de espera, sala de reunião, consultórios médico, de enfermagem e odontologia, sala de vacina, sala de triagem, sala de esterilização, sala de curativo, local de farmácia, dois banheiros e copa. A equipe e formada por recepcionista, enfermeira, médica, técnica de enfermagem, dentista, auxiliar de dentista, 6 agentes comunitários e auxiliar geral.
Conta com uma população de 2752 pacientes, a maioria com um nível cultural muito baixo, situação socioeconômica desfavorável, muitas moradias com condições estruturais e serviços básicos precários, alimentação não saudável que se evidencia em um número importante de pacientes com dislipidemias. Tem também um número considerável de desempregados, e trabalhos de pedreiro, agricultores e varejistas.
Em reunião de equipe, os conjuntos de padrões foram definidos pela relação direita com as práticas e competências dos atores envolvidos: gestão, coordenação e equipe de atenção básica. São quatro dimensões que se desdobraram em 13 subdimensões, e estas, em padrões que abrangem o que é esperado em termos de qualidade para a atenção básica. O componente gestão é corresponsável por parte das condições e oportunidades que permitem o componente equipe acontecer. Segundo, procurou-se dar destaque as questões que são consideráveis da autonomia da equipe. (BRASIL, 2017a).
Em reunião com todos os membros detectou os seguintes problemas que afetam a população: alta incidência de pacientes portadores de doenças crônicas não transmissíveis com predomínio da HAS descompensada; número elevado de pacientes obesos; tabagistas; consumidores de psicotrópicos e outras drogas; doenças parasitárias por padrões higiênicos inadequados e consumo de água não tratada; doenças dermatológicas; assim como respiratórias de vias superiores; e pacientes com sequelas da chikungunya.
Após a identificação dos problemas, fizemos a seleção e priorização dos que serão enfrentados. Para isso consideramos os seguintes critérios: importância do problema, urgência, e a própria capacidade de enfrentá-los ou resolvê-los, estabelecendo a ordem de prioridade de acordo aos critérios estabelecidos. Foi assim que definimos como principal problema o elevado índice de pacientes com enfermidades crônicas não transmissíveis, com predomínio de hipertensos descompensados. Todos os problemas mencionados tiveram nota igual ou inferior a 5. De cujo problema foi derivada da identificação de fatores de risco modificáveis e não modificáveis, tais como a idade, herança genética, estados nutricionais, portadores de outras doenças associadas, tabagismo, hábitos alimentares e vida sedentária.
A (HAS) Primária ou essencial é uma das causas mais comuns de doenças cardiovasculares, afetando aproximadamente 20% da população adulta em sociedades industrializadas. É um fator de risco para o desenvolvimento de outras doenças como as doenças coronárias e as cerebrovasculares. A regulação da presão arterial é uma das funções mais complexas do organismo, dependendo das ações integradas dos sistemas cardiovascular, renal, neural e endocrino. Parece ter causa multifatorial para a sua gênese e manutenção. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016).
Tendo então identificados os fatores, vimos que é possível trabalhar na maioria deles para evitar a incidência e a descompensação em pacientes que já são afetados e assim também evitar tais complicações frequentes como outras doenças cardiovasculares e as doenças cerebrovasculares que são comuns no Brasil. Depois da reunião com os membros da equipe com objetivo desta microintervenção, foi possível desenvolver uma proposta de intervenção para diminuir aqueles fatores que elevam a incidência de pacientes hipertensos e evitar as complicações dessa doença não transmissível na prevalência de nossa população já afetada. Diga-se concretamente evitar ou diminuir o aparecimento de novos casos e as complicações dos já existentes. Como estratégias dessa matriz de intervenção nós propusemos as seguintes ações: atividades educativas no posto de saúde e durante as visitas domiciliares sobre estilos de vida saudáveis, definição de Hipertensão Arterial e complicações, como evitar adquirir a doença, como controlá-lo se já existir, prática de atividades físicas aeróbicas, eliminar o tabagismo e outras praticas que são prejudiciais a saúde.
Para o desenvolvimento dessa ação nós utilizamos recursos tais como cartões ilustrativos, panfletos, objetos demonstrativos e folhetos. Além das atividades educativas também definimos re-planejar as consultas agendadas de cuidado continuado e avaliar de forma integral os pacientes com essa doença e em caso necessário mudar o tratamento sobre a base dos protocolos e especificidades do paciente em questão logrando a dosagem adequada. E por fim alcançar a avaliação anual dos riscos cardiovasculares em pacientes com Hipertensão Arterial Crônica.
Foi definido um prazo máximo de 6 meses para avaliar o impacto de nosso trabalho, monitorando os resultados. Para isso utilizamos os arquivos de produção e as fichas de atendimento individuais. Como responsáveis nós definimos o médico, o enfermeiro e os agentes comunitários, devendo ter encontro com relatórios de 30 em 30 dias.
Desta microintervenção, conclui-se que com o trabalho feito, a equipe pode conhecer os principais problemas que afetam a saúde da população e desenvolver um plano de ações para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com doenças crônicas não transmissíveis de forma geral e particular daqueles com descontrole da Hipertensão Arterial. Contando com a responsabilização da equipe, dos usuários, secretária de saúde e órgãos do município Novo Cruz.
A incorporação do monitoramento e avaliação constitui aspecto fundamental para subsidiar a melhoria das políticas implementadas. Entre as estratégias de organização do monitoramento, citamos: definição de indicadores, definição de responsáveis, periodicidade de acompanhamento, instrumentos de sistematização das ações, mecanismos de divulgação e discussão da sistemática de resultados e estratégias de matriciamento.
Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS – DATASUS – Estatísticas Vitais, Mortalidade – 1996 a 2016, pela CID-10. Disponível em: <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0205&id=6937&VObj=http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/obt10>.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Autoavaliação para melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica : AMAQ [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2017a. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/autoavaliacao_acesso_qualidade_atencao_basica_ eletronico_1ed.pdf>.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília. 2017b. Disponível em: <http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=68&data=22/09/2017>.
Sociedade Brasileira de Cardiologia • ISSN-0066-782X • Volume 107, No 3, Supl. 3, Setembro 2016. Disponível em: <http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf>.
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