10 de Maio de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TITULO: UMA ATENÇAO PRENATAL DE QUALIDADE É GARANTIA DE VIDA.

ESPECIALIZANDO: MARIA EUGENIA FIGUEROA OLIVERA.

ORIENTADOR: CLEYTON CESAR SOUTO SILVA.

          Uma atenção pré-natal de qualidade é capaz de diminuir a morbimortalidade materno-infantil.(BARBEIRO FMC, FONSECA SC, TAUFFER MG, FERREIRA MSS, SILVA FP, VENTURA PV, 2015; LANSKY S, FRICHE AAL, SILVA AAM, CAMPOS D, BITTENCOURT SDA, CARVALHO ML, 2014). A identificação do risco gestacional pelo profissional permite a orientação e encaminhamentos adequados em cada momento da gravidez (BRASIL, 2012). O acompanhamento pré-natal centra seu objetivo em assegurar o desenvolvimento da gestação, promover a saúde das gestantes, prevenir doenças passiveis de intervenção precoce, recuperar a saúde das gestantes que apresentam doenças crônicas, garantindo o parto de um recém-nascido saudável, preservando a saúde materna.

           A pesar da grande expansão da atenção básica, com amplia cobertura da equipe de saúde da família, um número considerável de mortes faz parte da realidade social e sanitária no Brasil. Além da ampliação na cobertura de acompanhamento pré-natal, contraditoriamente mantém-se elevada a incidência de sífilis congênita, assim como da Hipertensão Arterial Sistêmica, sendo esta a causa mais frequente de morbimortalidade materna e perinatal no brasil (BRASIL, 2015a). O qual demostra falhas no cuidado ás gestantes durante o pré-natal e puerpério.

          Embora se tenha verificado melhoria na cobertura da assistência pré-natal no Brasil, há grandes diferencias segundo regiões geográficas. As regiões Norte e Nordeste continuam sendo as que apresentam maior proporção de nascidos vivos cujas mães não realizaram consulta de pré-natal (BRASIL, 2015b).

          Nosso município Santana no estado Amapá, não está excluído desta realidade. Em análise situacional do território de abrangência percebeu-se vários problemas que atingem a comunidade. Nossa equipe não consegue oferecer atenção pré-natal adequada a todas as gestantes do território. São diversas as causas, cintando algumas: muitas gestantes começam seu pré-natal no segundo ou terceiro trimestre o qual influi negativamente no acompanhamento do estado nutricional da gestante, algumas delas não chegam nem ao mínimo das consultas pré-natais (6 consultas mínimo), outras optam por acompanhamento em serviços privados, falta de conhecimento sobre periodicidade das consultas e riscos relacionados com a gravidez, além de motivos econômicos e sociais. Sendo assim, nossa equipe deu-se a tarefa de planejar uma série de ações para reverter esta situação preocupante, tornando-se a implementação da avaliação e monitoramento dessas ações, uma atividade priorizada na rotina da equipe.

          Diante do exposto, o objetivo da Microintervenção é promover atividades educativas que possam melhorar a qualidade da atenção pré-natal das gestantes da equipe 006, no bairro Fonte Nova. Município Santana.

        Para a realização deste trabalho teve lugar uma reunião da equipe de saúde da família (ESF) 006, no local que ocupa a consulta multiproposito da UBS Iacy Alcântara. Município Santana. Estiveram presentes a Enfermeira, técnica de enfermagem, os 5 Agentes Comunitários da Saúde (ACS) e eu, a médica da equipe. (ANEXO 1) 

          O objetivo dessa reunião foi realizar uma nova autoavaliação da equipe utilizando como instrumento a AMAQ (Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade), lembrando que a mesma foi feita no mês de Julho do ano 2017. Este instrumento permitiu avaliar o grau de adequação de nossas práticas aos padrões de qualidades apresentados. Foram descritos os padrões e avaliados por separados através de uma escala de pontuação, variando entre 0 a 10 pontos, considerando que indica de 0 a 2: Muito Insatisfatório, 3 a 5: Insatisfatório, 6 e 7: Regular, 8 e 9: Satisfatório, e 10: Muito Satisfatório (BRASIL, 2016).

          Para iniciar o debate foi utilizada a metodologia ativa de tempestades de ideias, a qual permitiu o intercâmbio de um maior número de opiniões e experiências para solucionar os problemas. Finalmente foram identificados vários padrões com pontuação inferior a 5 pontos, mas a equipe deu prioridade pela enorme importância as dificuldades que esta apresentado a atenção pré-natal em nossa comunidade, devido a que ainda não se consegue o atendimento ao 100% das gestantes do território de abrangência.

          Muitas foram as causas expostas no debate, mas uma das principais foi a decisão das gestantes de fazer o acompanhamento do pré-natal em outros serviços. Em nosso caso na comunidade temos uma Igreja Católica cujo nome é Associação Nossa Família, que faz acolhimento gratuito das gestantes com menos de 12 semanas, e oferece acompanhamento durante a gravidez, parto, puerpério e acompanhamento da criança até 5 anos de vida. Entre os serviços que oferecem podemos citar: consulta medica pré-natal, de nutrição, atendimento psicológico e assistência social, exames de pré-natal, distribuição de medicamentos, vacinação, enxoval para o bebé. Esta situação é uma debilidade para nosso atuar, devido a que diminui o número de atendimentos na UBS. No entanto, são muitas as atividades que podem se planejar para incentiva-las a participar e manter-nos informados do andamento do seu pré-natal e as suas preocupações.

          Em base a estas dificuldades a equipe elaborou uma matriz de intervenção que teve como objetivo geral melhorar a qualidade da atenção pré-natal na nossa comunidade. Para o alcance deste objetivo nos traçamos 4 estratégias com várias atividades a serem desenvolvidas pela equipe, estabelecendo responsáveis e prazos de cumprimento. (ANEXO 2)

          Considero que os objetivos propostos nesta Microintervenção foram alcançados. A equipe manteve uma atitude receptiva ante os problemas que foram identificados, reconhecendo que ainda podemos fazer mais do que até agora temos feito.

          Aproveitando do fato que não apresentamos áreas descobertas, decidiu-se atualizar o cadastro das gestantes do território, inclusive aquelas que optaram por realizar seu acompanhamento do pré-natal em outros serviços.

          Se realizaram capacitações dos membros da equipe sobre diversos temas, que além de elevar o nível de competência e desempenho de nossos professionais, contribuiu a ter uma melhor percepção do risco, maior agilidade no atendimento, definição do tratamento oportuno e encaminhamento aos serviços de referência quando necessário.

          Aumentaram o número de atendimentos de pré-natal, além de que ainda não se consegue o atendimento do 100%, aumentaram o número de visitas domiciliares e atividades educativas. Se realizaram palestras com gestantes na sala de espera sobre aleitamento materno, nutrição e higiene da gestante, sinal de alarma do parto antes do termo, assim como orientações sobre o parto e puerpério o qual permitiu elevar o nível de conhecimento das gestantes.

          Considero que para alcançar a excelência dos serviços a equipe tem que dar continuidade a todas essas ações, com mais participação da comunidade, além de intentar programar ações em conjunto com a Associação Nossa Família, para acompanhar mais perto as gestantes que eles atendem, que ao final também são nossa responsabilidade.  Sendo assim, conseguiríamos melhorar a qualidade da assistência pré-natal e, portanto, diminuir os índices de morbidade e mortalidade materna e infantil na comunidade.

          Para dar continuidade ao processo avaliativo precisamos monitorar os resultados e desempenho de nossa equipe de saúde. Nesse sentido o Ministério de Saúde definiu um conjunto de indicadores de desempenho para as equipes de atenção básica, que representam o esforço das equipes de saúde na melhoria da qualidade da atenção básica.

          Para isso, nossa equipe elaborou um instrumento que nos permite monitorar um desses indicadores mensalmente. Neste caso fizemos a escolhia do indicador: Índice de atendimentos por condição de saúde avaliada: especificamente centramos nosso objetivo em avaliar a atenção pré-natal. (ANEXO 3). 

          Nossa UBS não tem disponibilidade de prontuário eletrônico do cidadão, porem a informação será obtida das fichas de atendimento individual, ficha de atividades coletivas, ficha de procedimentos, fichas de cadastro B-GES, ficha de acompanhamento das gestantes-SISPRENATAL-WEB, e cartão da gestante. 

          Com este instrumento pretendemos manter atualizado nosso cadastro de gestante, inclusive aquelas que optaram por realizar seu pré-natal em outros serviços, avaliar e monitorar a porcentagem de gestantes que iniciam seu pré-natal precocemente, isso nos ajudará a determinar se a gestante poderá ter pelo menos 6 consultas realizadas no final de seu pré-natal. Também avaliaremos o risco obstétrico, assim como índice de atendimentos de gestantes em consultas, visitas domiciliares e encaminhamentos. Considero que este instrumento nos servira de material de apoio para direcionar as nossas principais ações aos itens com mais dificuldade.

REFERENCIAS

BARBEIRO FMS, Fonseca SC, Tauffer MG, Fer­reira MSS, Silva FP, Ventura PV, et al. Óbitos fetais no Brasil: revisão sistemática. Rev. Saúde Pública 2015; 49:22.

BRASIL. Departamento de Atenção Básica, Ministério da Saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília: Ministério da Saúde; 2012.

BRASIL, Cadernos de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília: Ministério da Saúde; 2015a.

BRASIL. Retratos da Atenção Bási­ca no 2 – gestão da atenção básica. Volume 2 – insumos e medicamentos nas unidades básicas de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2015b.

BRASIL. Secretaria de Atenção Básica a Saúde, Departamento de Atenção Básica. Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade, AMAQ. Manual instrutivo. Brasília. 2016.

LANSKY S, Friche AAL, Silva AAM, Campos D, Bittencourt SDA, Carvalho ML, et al. Pesquisa Nascer no Brasil: perfil da mortalidade neonatal e avaliação da assistência à gestante e ao recém-nascido. Cad. Saúde Pública 2014; 30 Suppl 1: S192-207.

 

ANEXOS

ANEXO 1. REUNIÃO DA EQUIPE.

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