16 de Maio de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

RELATO DE EXPERIÊNCIA

 

Nome do especializando: Lisbeth Pérez Menéndez

Município: Pau dos Ferros.

Unidade: Observação na Unidade de Saúde

Orientadora:  Daniele Vieira Dantas.

Tema: Abordagem da equipe de saúde nas ações do apoio ao autocuidado das pessoas com doenças crónicas não transmissíveis (DCNT).

Os serviços de Saúde, em sua organização, têm a finalidade de garantir acesso e qualidade às pessoas. A atenção Básica, em sua importante atribuição de ser porta de entrada do sistema de Saúde, tem o papel de reconhecer o conjunto de necessidades em saúde e organizar as respostas de forma adequada e oportuna, impactando positivamente nas condições de saúde. Os processos auto avaliativos na atenção básica devem ser contínuos e permanentes, constituindo-se como uma cultura internalizada de monitoramento e avaliação pela gestão. Seu intuito é verificar a realidade da saúde local, identificadas as fragilidades e as potencialidades da rede de atenção básica, conduzindo a planejamentos de intervenção para a melhoria do acesso e da qualidade dos serviços (BRASIL, 2011; 2012).

Na autoavaliação realizada pelo equipe de saúde de minha unidade uns dos problemas detectados foi que a equipe não realiza ações suficientes de apoio ao autocuidado e ampliação da autonomia das pessoas com doenças crônicas.

            Um grande desafio atual para as equipes da Atenção Básica é a Atenção em Saúde para as doenças crónicas. Estas condições são muito prevalentes, multifatoriais com coexistência de determinantes biológicos e socioculturais, e sua abordagem, para ser efetiva, necessariamente envolve as diversas categorias profissionais das equipes de saúde e exige o protagonismo dos indivíduos, suas famílias e comunidade (BRASIL, 2014a; NASCIMENTO, 2010).

Com o advento da transição epidemiológica, as doenças crónicas não transmissíveis tornaram-se progressivamente mais prevalentes ao longo do último século, e representam hoje a maior carga no Brasil e no mundo. Os principais integrantes desse grupo são as doenças cardiovasculares, as neoplasias e o diabetes mellitus, tendo sido responsáveis, em 2015, por 51,6 % do total de óbitos na população de 30 a 69 anos no Brasil. Cerca de 40 % da população brasileira, o equivalente a 57,4 milhões de pessoas, possui pelo menos uma doença crónica não transmissíveis (DCNT), segundo dados inéditos da Pesquisa Nacional de Saúde (BRASIL, 2018; NASCIMENTO, 2010).

Os principais fatores de risco preveníeis para o desenvolvimento das DCNT são o tabagismo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, as dietas inadequadas e a inatividade física. Por enquanto o comportamento diário dos usuários de aderir a esquemas terapêuticos, praticar exercícios físicos, alimentar-se de forma adequada, abandonar o tabagismo e interagir com as organizações de Saúde influenciam os resultados sanitários em proporções maiores que as intervenções médicos-sanitárias tradicionais (BRASIL, 2013; 2014b; 2014c).

       Para a realização da microintervenção a nossa equipe se reunião primeiramente para realizar a autoavaliação da Unidade de Saúde e do processo de trabalho de forma coletiva, identificando as fortalezas e as fragilidades, de modo a servir como ponto de partida para o desenvolvimento do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade (PMAQ), para isso foi usado o Instrumento de Autoavaliação para a Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (AMAQ) que se baseou nos princípios e nas diretrizes da atenção básica no Brasil, organizado de forma que todos os gestores municipais e as equipes de Atenção Básica pudessem utilizá-lo.

Depois de avaliado cada elemento com uma pontuação de 0 a 10 se identificarão vários problemas no funcionamento da unidade. Entre os problemas detectados destacam-se:

  • A Unidade Básica de Saúde não dispõe dos materiais e equipamentos necessários ao primeiro atendimento nos casos de urgências e emergência.
  • A equipe não dispõe de material impresso suficiente para o desenvolvimento regular das ações em saúde.
  • A equipe não utiliza ferramentas para auxiliar na gestão do cuidado de casos complexos.
  •  A UBS não possui cronograma de manutenção das instalações físicas equipamentos e instrumentais de forma regular e sistemática.
  • A UBS não dispõe de materiais e insumos necessários para o trabalho dos agentes comunitários de saúde.
  • A equipe da atenção básica realiza parcialmente ações de apoio ao autocuidado e ampliação da autonomia das pessoas com doenças crónicas.

Após realizada a autoavaliação, foi selecionado o ultimo problema mencionado, considerando sua relevância, factibilidade e a possibilidade de resolução; e se construiu a matriz de intervenção da maneira seguinte:

Descrição do padrão:  4.31 A equipe de Atenção Básica realiza ações de apoio ao autocuidado e ampliação da autonomia das pessoas com doenças crônicas.

Objetivo/Meta:  Realizar ações eficazes de apoio ao autocuidado e ampliação da autonomia das pessoas com doenças crônicas, suas famílias e seus cuidadores.

Estratégias para alcançar os objetivos/metas:

  1. Atualizar o cadastro das pessoas com hipertensão arterial e diabetes mellitus para integrar o grupo de HIPERDIA.
  2. Realizar oficinas para pacientes com doenças crônicas, seus cuidadores e familiares.

Atividades a serem desenvolvidas:

            Foi decidido como atividade para a primeira estratégia realizar uma pesquisa ativa de todas as pessoas hipertensas e diabéticas pertencentes ao território da unidade, utilizando como recursos, canetas, planilhas, cadernos, papel e cartolinas. Os responsáveis dessa atividade forem os 5 agentes comunitários e saúde que tiveram como prazo até o dia 24 de abril, com uma atualização trimestral esperando cadastrar o maior número de pacientes. O monitoramento desta atividade será realizado periodicamente mediante as consultas de HIPERDIA.

            Para a segunda estratégia forem planejadas e realizadas duas atividades. A primeira com um prazo e cumprimento do dia 13 de abril consistiu na realização de uma oficina de alimentação saudável nas doenças crónicas; para os pacientes, familiares e cuidadores, como recursos foram usados cartolinas, canetas, apontador, projetor de multimídia, espaço físico para ação e palestrante. Sendo eu a responsável desta atividade como médica da unidade, a doutora Lisbeth, esperando como resultado ampliar os conhecimentos dos pacientes e familiares com respeito aos benefícios para a saúde dos hábitos saudáveis de alimentação.

A segunda atividade foi desenvolvida na sexta, 20 de abril, e consistiu em uma palestra prática sobre atividade física, sendo responsável o educador físico Junior Jocas. Forem usados como materiais o espaço físico, balões, bastões, peso, balança, relógio e fita métrica. Esperando incentivar as atividades físicas adequadas em paciente, assim como promover o autocuidado e ampliar a autonomia das pessoas com doenças crônicas. O alcance dos resultados será avaliado periodicamente nas consultas médicas e visitas domiciliares compartilhadas usando como indicadores o peso, as cifras de pressão arterial e glicemia, e a compensação da doença crônica.

Com esta atividade a equipe compreendeu que a auto avaliação é um espelho que estimula o desenvolvimento dos trabalhadores e orienta os serviços em função das necessidades e da satisfação dos usuários. Permitiu conhecer os principais problemas e atuar para modificar o estado de saúde dos pacientes. Também ajudou a adentra o vínculo entre os trabalhadores e destes com a população; e permitiu pactuar metas factíveis do plano de cuidado com o usuário e sua família.

Embora, também existirem dificuldades como a falta de um local adequado para o desenvolvimento das palestras, o déficit e materiais educativos, além de capacidade e autocuidado insuficiente em alguns pacientes. Um exemplo desta ultimo são as pessoas com baixo suporte social (ausência de apoio familiar, problemas familiares e dificuldades socioeconômicas), pessoas com dificuldade de compreensão das necessidades farmacológicas e de um plano de cuidados em médio e longo prazos, e as pessoas que não demostraram interesse em realizar mudanças nos próximos meses.

A maior potencialidade na execução do microintervenção foi o entusiasmo da equipe de saúde e o apoio da maioria dos familiares e pacientes convocados, o que permitiu influir na mudança de comportamentos e hábitos de vida. Também possibilitou ofertar cuidados interdisciplinar a partir das necessidades de cada usuário/família. Ademais ajudou a incorporar nestas atividades a pacientes com doenças crônicas que não tiram sido cadastrados identificados na comunidade.

Observei com o desenvolvimento do microintervenção um maior compromisso dos pacientes com sua saúde.  Espero que a continuidade desta permita alcançar níveis de cultura sanitária desejáveis na população e que a adoção de modos de viver saudáveis sejam prioridade no acompanhamento dos usuários, dessa forma, busca-se promover a melhoria da saúde e da qualidade de vida da população. E objetivo de nossa equipe continuar trabalhando nestas ações e abordar um maior número de pacientes e de doenças crônicas ao longo deste ano.

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ): manual instrutivo. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 62 p.

______. Programa de Requalificação de Unidades Básicas de Saúde. 2012. Disponível em: <http://dab.saude.gov.br/sistemas/qualificaUbs/estado. php>. Acesso em: 11 maio 2018.

______.E-sus Atenção Básica: Sistema com Coleta de Dados Simplificada – CDS: Manual para preenchimento das fichas.Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

______. Secretaria da Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crónica. Cadernos de Atenção Básica; n. 35. Brasília: Ministério da Saúde, 2014a.

______. Secretaria da Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crónica obesidade. Cadernos de atenção básica, n. 38. Brasília: Ministério da Saúde, 2014b.

______. Secretaria da Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crónica: hipertensão arterial sistémica. Cadernos de atenção básica, n. 37. Brasília: Ministério da Saúde, 2014c.

______. Vigilância de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). 2018. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/vigilancia-de-doencas-cronicas-nao-transmissiveis>. Acesso em: 11 maio 2018.

NASCIMENTO, M. B. Controle das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Rio de Janeiro: UFF, 2010. Disponível em: <www.epi.uff.br/wpcontent/uploads/2013/08/ Controle__DCNT_2013_2.ppt>. Acesso em: 11 maio 2018.

 

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