Para delineamento da microintervenção, primeiramente foi realizada uma reunião com os membros da Equipe de Saúde da Família 085 da Unidade Básica de Saúde Congós, contando com a presença de 81,81%, para autoavaliação utilizando o AMAQ.
A reunião para autoavaliação foi coletivamente produtiva, pois a equipe pôde mensurar quais as atividades positivas estavam sendo realizadas para acesso e qualidade à atenção básica de saúde, e quais deveriam haver melhorias ou serem implementadas.
Destarte, foi identificado por esta ESF que não existia um instrumento eficaz de captação e registro para pacientes com obesidade em nossa área de atuação, apesar da existência de método de rastreio (cálculo do índice de massa corporal – IMC), a falta de cadastramento e estratificação de risco impossibilitava a análise periódica desses pacientes, tanto para acompanhamento de aderência a plano terapêutico como para cuidado psicossocial deste grupo.
Identificada essa necessidade, o objetivo da microintervenção foi delinear um plano de rastreio e acompanhamento de pacientes obesos, com construção de instrumentos facilitadores para esse desígnio.
A importância dessa microintervenção se dá pois a obesidade é um dos fatores de risco mais importantes para doenças cardiovasculares e diabetes. O acompanhamento é estratégia primordial pois nele deve ser estimulada a apropriação, pelo usuário com excesso de peso, do seu próprio corpo, do autocuidado, do resgate da sua autoestima e o controle das comorbidades.
Estudos explanam que obesos morrem relativamente mais de doenças do aparelho circulatório, principalmente de acidente vascular cerebral e infarto agudo do miorcádio, que indivíduos com peso adequado (FEDERACIÓN LATINOAMERICANA DE SOCIEDADES OBESIDAD, 1998; FRANCISCHI, 2000).
Assim, foi inserido ao momento da triagem além da mensuração de peso e altura, o cálculo do índice de massa corporal e a medida da circunferência abdominal.
Criamos uma tabela digital a ser atualizada mensalmente com o cadastro de pacientes com obesidade, para segurança do acompanhamento de acordo com o plano individual de cada um, por isso, foi elaborado campos e tabelas próprias aos prontuários destes pacientes. Apesar da equipe não possuir computador, fazemos o cadastro em planilha confeccionada em papel A4 e posteriormente alimentamos o cadastro digital no computador da UBS.
Em reuniões, estimulamos os agentes comunitários de saúde para busca ativa da identificação e conscientização da população de suas microáreas de atuação, o que gerou maior demanda às consultas na UBS.
As consultas médicas e de enfermagem são sequenciadas de acordo com a estratificação de risco e comorbidades do paciente, sendo assim, cada um possui um plano individuado de seguimento.
Contamos com o apoio do NASF para o primordial seguimento nutricional e psicológico dos pacientes deste grupo. Ainda nos carece ao plano a presença de um educador físico, profissional do qual ainda estamos em busca de associação para benefício desta população-alvo.
Consiste em etapa futura desta microintervenção implementar um grupo regular para reuniões sequenciadas com equipe multiprofissional, pacientes cadastradas e seus familiares, com intuito de abranger o paciente como um todo, tanto em seu aspecto físico e psicológico, como também social.
Podemos perceber que boa parte dos pacientes com excesso de peso possuem ao primeiro momento muita aversão à necessidade da mudança de estilo de vida, principalmente os que já possuem outras comorbidade como hipertensão arterial e diabetes. No entanto, com maior acolhimento e consultas subsequentes com os profissionais da ESF e NASF, e principalmente, com a obtenção de resultados que melhoram sua qualidade de vida. A microintervenção ajudou inclusive à conscientização sobre a comorbidade em tela dos membros da própria ESF.
Sabendo que a redução do peso diminui valores de pressão arterial tanto sistólica quanto diastólica, melhora o perfil lipídico e glicêmico, bem como gera fatores psicológicos de bem estar, como aumento da auto estima, espera-se que a continuidade desta micro intervenção gere benefícios, diminuindo comorbidades a esses pacientes, gerando melhoria da saúde e de sua qualidade de vida.
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