Título: “A APLICABILIDADE DO PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA (PSE)”
Especializando: Flávia Nathália de Góes Chaves
Orientador: Isaac Alencar Pinto
Saúde e educação são constantemente exaltadas quando se discute as condições de vida. Quando estas interagem, independentemente de onde esta ocorra – escola ou serviço de saúde – constituem um meio bastante eficaz na conquista de qualidade de vida (MACHADO et al., 2015; MICLOS, CALVO, COLUSSI, 2015). Diversas iniciativas de ampliação da Atenção Básica têm sido implementadas no Brasil com o objetivo de promover melhorias nas políticas de saúde aplicadas no âmbito escolar (MICLOS, CALVO, COLUSSI, 2015; PINTO JUNIOR et al., 2015; BRASIL, 2011; BRASIL, 2009).
De acordo com Machado et al. (2015) e Brasil (2009), vinculado ao Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), se insere o Programa Saúde na Escola (PSE) do Ministério da Saúde. Este objetiva oferecer atividades de prevenção, promoção e atenção à saúde de crianças, adolescentes e jovens do ensino público básico, fortalecendo a relação entre as escolas públicas e as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF).
O PSE é hoje uma das principais políticas públicas voltadas para a infância e adolescência. Abrange a avaliação clínica, nutricional, oftalmológica, odontológica, ações de educação permanente em saúde, atividade física, cultura da prevenção e temáticas de educação em saúde (MACHADO et al., 2015; PINTO JUNIOR et al., 2015). Segundo Brasil (2011), a promoção da saúde no cenário escolar deve ser entendida como um processo em permanente desenvolvimento e relacionada à análise de evidências científicas e do contexto nacional e local. Conhecendo as particularidades de cada comunidade estudada, a aplicação do PSE poderá repercutir de forma mais evidente e efetiva.
Nesse aspecto se inserem questionamentos a respeito de como as Unidade de Saúde da Família atuam (ou poderiam atuar) para a promoção deste programa em seus territórios de abrangência. Um primeiro passo seria autoavaliação das ESF que as compõem a partir da aplicação do questionário de Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (AMAQ) do Ministério da Saúde e vinculado ao PMAQ (MICLOS, CALVO, COLUSSI, 2015).
Dessa forma, em uma das reuniões da Equipe 96 da USF Felipe Camarão III, as quais ocorrem às quintas-feiras à tarde, respondemos a AMAQ conjuntamente. Foi, sem dúvidas uma das mais interessantes reuniões, pois discutimos cada tópico com muito cuidado e demos as notas em conjunto. Refletimos sobre cada subdimensão avaliada, discutimos os tópicos e escolhemos a pontuação com base na média das notas individuais (Imagens 1-10).
Imagem 1: Folha de respostas e classificação da equipe de atenção básica – Subdimensão H – AMAQ- Equipe 96, USF Felipe Camarão III, maio 2018.
Imagem 2: Folha de respostas e classificação da equipe de atenção básica – Subdimensão I – AMAQ- Equipe 96, USF Felipe Camarão III, maio 2018.
Imagem 3: Classificação da Dimensão: Unidade Básica de Saúde – AMAQ- Equipe 96, USF Felipe Camarão III, maio 2018.
Imagem 4: Folha de respostas e classificação da equipe de atenção básica – Subdimensão J – AMAQ- Equipe 96, USF Felipe Camarão III, maio 2018.
Imagem 5: Folha de respostas e classificação da equipe de atenção básica – Subdimensão K– AMAQ- Equipe 96, USF Felipe Camarão III, maio 2018.
Imagem 6: Folha de respostas e classificação da equipe de atenção básica – Subdimensão L– AMAQ- Equipe 96, USF Felipe Camarão III, maio 2018.
Imagem 7: Folha de respostas e classificação da equipe de atenção básica – Subdimensão M– AMAQ- Equipe 96, USF Felipe Camarão III, maio 2018
Imagem 8: Atenção Integral à Saúde (para equipes sem Programa Saúde na Escola) – AMAQ- Equipe 96, USF Felipe Camarão III, maio 2018
Imagem 9: Folha de respostas e classificação da equipe de atenção básica – Subdimensão N – AMAQ- Equipe 96, USF Felipe Camarão III, maio 2018
Imagem 10: Classificação da Dimensão: Perfil da Equipe, Processo de Trabalho e Atenção Integral à Saúde e Programa Saúde Na Escola – AMAQ- Equipe 96, USF Felipe Camarão III, maio 2018
Ao realizarmos a AMAQ, identificamos que a maior fragilidade, no momento, em nossa equipe está no Programa Saúde na Escola. Este, para nós, pontuou 0, uma vez que não estamos praticando nada neste quesito, situação que inclusive vem de antes do meu ingresso à equipe em Janeiro de 2018. Dessa forma, escolhemos toda a subdimensão N da AMAQ para criar uma microintervenção.
Esta baseia-se, inicialmente, na inserção do tema em nossas reuniões de equipe e discussão quanto à criação de ações de saúde na escola em parceria com as equipes de profissionais da educação. Não possuímos em nosso território escolas públicas, mas discutimos a possibilidade de atuar em outros territórios do mesmo bairro, no caso, Felipe Camarão em Natal/RN.
Dessa forma, nossa primeira intervenção será a busca e avalição dos calendários vacinais das crianças até cinco anos de idade, solicitando previamente que a creche informe aos pais para enviarem os calendários juntamente com a agenda escolar de seus filhos. Além disso, faremos a busca ativa por casos de pediculose através de dinâmicas (peça teatral envolvendo os agentes de saúde da equipe), exame físico e brindes, tais como pente fino, desenhos para colorir de piolhos e de hábitos de higiene para evitá-los, juntamente com algumas unidades de giz de cera. Os gastos para a confecção dos kits serão solicitados à gestão municipal através de ofício com orçamentos de três locais distintos.
E, como terceira vertente atuante, teremos nossa equipe de saúde bucal fazendo a avaliação odontológica dessas crianças, bem como ensinando de forma dinâmica o ato correto da escovação dental. A ideia é assumir uma via de transmissão das informações de promoção à saúde “inversa” a mais comumente utilizada: ao invés dos pais atuarem como educadores nessas questões de higiene e saúde, serão seus filhos que retornarão para suas respectivas residências e farão a educação de seus pais. Acreditamos que é uma forma eficaz e segura de obter uma promoção em saúde relevante.
Estamos organizando o calendário de atividades para colocar a microintervenção em prática ainda neste ano de 2018, buscando repeti-la com uma frequência regular, além de abrange-la progressivamente para faixas etárias mais amplas. Para tanto, usaremos como mecanismos e indicadores de controle do alcance dos resultados a partir da avaliação do número de alunos apresentando irregularidade em suas cadernetas de vacinação pré-intervenção, número dos que estão com a vacinação em dia e comparar com o atualização obtida através da microintervenção. Além de avaliar o número de casos de pediculose diagnosticados e tratados por meio desta atividade, bem como o número de casos de má higiene bucal detectados e número de crianças que obtiveram melhora desta condição de saúde após a nossa ação (Imagem 11).
Imagem 11: Matriz da Intervenção: A Aplicabilidade do Programa Saúde na Escola (PSE) – Equipe 96 – USF Felipe Camarão III
No entanto, há algumas potenciais dificuldades para a execução desta microintervenção, tais como organização das agendas do médico, enfermeiro e odontólogo, uma vez que, atualmente são agendas que não atuam em total sinergismo. Além disso, embora boa parte da equipe tenha concordado e ajudado a construir a matriz desta microintervenção, não conseguimos garantir a participação de todos por alguns membros da equipe não terem o hábito de atuar na unidade além de suas competências individuais. E ainda como uma possível dificuldade seria a obtenção do apoio das escolas e seus profissionais para adequação desta atividade com o calendário escolar.
Todavia, como trata-se de uma intervenção de baixo custo e de fácil aplicação, possui alto potencial de sucesso e resolutividade. Até mesmo todas as dificuldades aqui elencadas possuem capacidade de resolução rápida e consequente efetividade desta ação, uma vez que dependem apenas da disposição da equipe e da escola. Uma vez bem realizada, servirá de estímulo às equipes, pais e estudantes para a aplicação desta em momentos subsequentes.
Portanto, com esta microintervenção, espera-se estreitar o vínculo “Unidade de Saúde – Escola”, garantindo a efetivação do Programa Saúde na Escola e correção desta deficiência encontrada na equipe 96. Desta forma, com sua continuidade, espera-se também alcançar o controle vacinal adequado das crianças e adolescentes, bem como o controle de casos de pediculose neste bairro. Mais melhorias serão possíveis a partir da inserção de mais equipes de saúde neste projeto, incluindo principalmente as outras três equipes que compõem a USF Felipe Camarão III.
Além disso, avaliando e discutindo em equipe a respeito dos indicadores do PMAQ a partir do Sistema de Informação em Saúde (SIS), escolhemos o indicador: Índice de atendimentos por condição de saúde avaliada para refletir sobre como os registros são feitos em nossa unidade e como o monitoramento deste ocorre.
Dessa forma, juntamente com a Equipe 98 de nossa unidade, criamos um banner a ser fixado em nossa unidade do relatório de acompanhamento com o índice de atendimentos das seguintes condições avaliadas:
Este Banner deverá ser atualizado mensalmente e ao término do ano, reutilizado (Imagem 12).
Imagem 12: Instrumento de registro e monitoramento do Índice de atendimentos por condição de saúde avaliada- Equipes 96 e 98 – USF Felipe Camarão III.
REFERÊNCIAS:
MACHADO, Maria de Fátima Antero Sousa et al. THE HEALTH SCHOOL PROGRAMME: A HEALTH PROMOTION STRATEGY IN PRIMARY CARE IN BRAZIL. Journal Of Human Growth And Development, [s.l.], v. 25, n. 3, p.307-312, 25 out. 2015. NEPAS. http://dx.doi.org/10.7322/jhgd.96709. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbcdh/v25n3/pt_09.pdf>. Acesso em: 20 maio 2018.
MICLOS, Paula Vitali; CALVO, Maria Cristina Marino; COLUSSI, Claudia Flemming. Avaliação do desempenho da Atenção Básica nos municípios brasileiros com indicador sintético. Saúde em Debate, [s.l.], v. 39, n. 107, p.984-996, dez. 2015. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0103-110420151070386.
PINTO JUNIOR, Elzo Pereira et al. Análise da produção científica sobre avaliação, no contexto da saúde da família, em periódicos brasileiros. Saúde em Debate, [s.l.], v. 39, n. 104, p.268-278, mar. 2015. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0103-110420151040226. Disponível em: <https://www.scielosp.org/article/ssm/content/raw/?resource_ssm_path=/media/assets/sdeb/v39n104/0103-1104-sdeb-39-104-00268.pdf>. Acesso em: 20 maio 2018.
Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Instrutivo PSE. Brasília: Ministério da Saúde; 2011.
Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de atenção básica. Cadernos de Atenção Básica. Saúde na escola. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.
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