22 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

OS DESAFIOS DO CONTROLE DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA TEPEQUEM, AMAJARÍ, RR.

 

ESPECIALIZANDO: ZURAMY RODRIGUEZ CERVANTES

ORIENTADOR: ROMANNINY HEVILLYN SILVA COSTA 

 

Esse relato de experiência irá mostrar como é feito o controle das doenças crônicas não transmissíveis na Unidade Básica de Saúde (UBS) Tepequem, junto a avaliação dos indicadores do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica-PMAQ/AB e como ocorre esse atendimento aos pacientes que possuem essas doenças.

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) – doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas, diabetes, câncer e outras – constituem um dos mais desafiadores problemas da Saúde Pública global. Em 2012, as DCNT foram as principais causas de morte no mundo, correspondendo a 68% dos óbitos. Aproximadamente 75% das mortes por DCNT ocorrem em países de baixa e média renda, e 40% são consideradas mortes prematuras (antes dos 70 anos de idade) (GOULART, 2011). No Brasil, em 2007, aproximadamente 72% das mortes foram atribuídas às DCNT (DUNCAN, et al, 2012).

As DCNT caracterizam-se por ter uma etiologia múltipla, muitos fatores de risco, longos períodos de latência, curso prolongado, origem não infecciosa e também por associarem-se a deficiências e incapacidades funcionais. Sua ocorrência é muito influenciada pelas condições de vida, pelas desigualdades sociais, não sendo resultado apenas dos estilos de vida. As DCNT requerem ainda uma abordagem sistemática para o tratamento, exigindo novas estratégias dos serviços de saúde (MALTA; MERHY, 2010).

Estas doenças têm capacidade de serem prevenidas e provocam sérios graus de incapacidade que afetam tanto os hábitos de vida e o bem-estar do indivíduo quanto à economia do país. São doenças mais prevalentes em idosos e que, evidenciando o crescimento do número da população idosa brasileira, evidencia-se a necessidade de investigação e análise das ações de prevenção e promoção à saúde(SILVA, et al, 2015).

Na ESF Tepequem, o atendimento para as doenças crônicas segue os protocolos do Ministério da Saúde, onde temos:

 

-Hipertensão arterial: Rastreamento e diagnóstico: Consultas e diagnósticos pelos profissionais da Atenção Básica-AB; Tratamento e acompanhamento: Tratamento medicamentoso e não-medicamentoso, abordagem segundo os ciclos da vida, crise hipertensiva; Recomendações nutricionais; Recomendações de Atividade física.

– Diabetes: Rastreamento e diagnóstico: classificação do diabetes e consultas e diagnósticos pelos profissionais da AB; Tratamento e acompanhamento com controle glicêmico, tratamento medicamentoso e não-medicamentoso e abordagem segundo os ciclos da vida (gravidez); Prevenção e manejo das complicações agudas e crônicas do Diabetes Mellitus; Cuidados com os pés; Recomendações nutricionais e Atividade física.

Dessa forma, para entender como está o andamento do atendimento às doenças crônicas na Unidade Tepequem, foi convocada uma reunião com a equipe de saúde da unidade para responder o questionário abaixo, para saber se a unidade atende aos requisitos do PMAQ/AB sobre as doenças crônicas.

 

Quadro 01- Questionário sobre as atividades desenvolvidas relacionadas ao controle das DCNT.

 

Em relação às pessoas com HIPERTENSÃO ARTERIAL

Em relação às pessoas com DIABETES MELLITUS

QUESTÕES

SIM

NÃO

SIM

NÃO

A equipe realiza consulta para pessoas com hipertensão e/ou diabetes mellitus?

 

X

 

X

 

Normalmente, qual é o tempo de espera (em número de dias) para a primeira consulta de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes na unidade de saúde?

 

02 dias

 

02 dias

 

A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão?

 

X

 

 

 

A equipe avalia a existência de comorbidades e fatores de risco cardiovascular dos usuários hipertensos?

 

X

 

 

 

A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?

 

 

 

 

 

 

X

Em relação ao item “A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe utiliza alguma ficha de cadastro ou acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus?

 

 

X

 

X

 

A equipe realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial?

 

X

 

 

 

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com hipertensão arterial sistêmica em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

 

X

 

 

 

A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?

 

 

X

 

 

Em relação ao item “A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe coordena a fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção?

 

X

 

X

 

A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?

 

 

 

X

 

X

 

Em relação ao item “A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com diabetes mellitus em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

 

 

 

X

 

A equipe realiza exame do pé diabético periodicamente nos usuários?

 

 

 

X

 

A equipe realiza exame de fundo de olho periodicamente em pessoas com diabetes mellitus?

 

 

 

X

 

EM RELAÇÃO À ATENÇÃO À PESSOA COM OBESIDADE

 

QUESTÕES

SIM

NÃO

A equipe realiza avaliação antropométrica (peso e altura) dos usuários atendidos?

X

 

Após a identificação de usuário com obesidade (IMC≥ 30 kg/m2), a equipe realiza alguma ação?

X

 

Se SIM no item anterior, quais ações?

QUESTÕES

SIM

NÃO

Realiza o acompanhamento deste usuário na UBS

X

 

Oferta ações voltadas à  atividade física

X

 

Oferta ações voltadas à alimentação saudável

X

 

Aciona equipe de Apoio Matricial (NASF e outros) para apoiar o acompanhamento deste usuário na UBS

X

 

Encaminha para serviço especializado

X

 

Oferta grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso

X

 

 

Durante esta reunião, a equipe se mostrou prestativa e envolvida com o tema, sendo essa uma grande potencialidade para resolver os problemas que iriam surgir.

A grande dificuldade apresentada foi em relação aos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), que estavam em minoria e apresentam dificuldade em cobrir todo o território, mas mesmo assim, não mediram esforços em ajudar a responder este questionário.

Ao final, concluiu-se que a ESF Tepequem apresenta dois problemas relacionados ao atendimento das doenças crônicas não transmissíveis: falta do registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade e registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade.

Para solucionar este problema, foi realizada uma microintervenção que consiste na programação de um dia diferenciado para pacientes com hipertensão e diabetes, chamado “HiperDia”, onde foi ministrada palestras com orientações nutricionais e sobre atividades físicas como forma de tratamento não medicamentoso, além do preenchimento de fichas de avaliação de peso, altura, idade e possíveis riscos ou gravidades determinados pela doença.

Assim, com a realização dessa microintervenção foi possível começar o preenchimento dessas fichas, que ficarão no prontuário do paciente, para o controle dos possíveis riscos/gravidades relacionados à doença crônica, para que sejam devidamente acompanhados pela equipe de saúde e assim promover uma maior qualidade de vida a estas pessoas.

Gostei muito de ter realizado essa microintervenção, pois posso perceber no dia-a-dia no trabalho na Estratégia de Saúde da Família-ESF Tepequem, que esses pacientes crônicos necessitam de cuidados e clamam por isso e cabe a nós, enquanto profissionais de saúde, oferecer esse acolhimento que tanto necessitam.

           

 

REFERÊNCIAS

 

DUNCAN BB, CHOR D, AQUINO EML, BENSENOR IM, MILL JG, et al. Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: prioridade para enfrentamento e investigação. RevSaude Publica.  dez;46 supl 1:126-34.2012.

 

GOULART FAA. Doenças crônicas não transmissíveis: estratégias de controle e desafios para o sistema de saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2011.

 

MALTA DC, MERHY EE. O caminho da linha de cuidado na perspectiva das doenças crônicas não transmissíveis. Interface – Comunic Saúde Educ; 14(34): 593-605, 2010.

 

SILVA, João. Et al. A relação entre o envelhecimento populacional e as doenças crônicas não transmissíveis: sério desafio de saúde pública. Ciências Biológicas e da Saúde | Maceió | v. 2 | n.3 | p. 91-100 | Maio 2015

 

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