TITULO: AÇÕES DE SAÚDE PARA DIMINUIR A INCIDÊNCIA DE DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS E MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DOS USUARIOS.
ESPECIALIZANDA: YULIET DIAZ MARTINEZ.
ORIENTADORA: MARIA HELENA PIRES ARAUJO BARBOSA.
As transições demográficas, nutricionais e epidemiológicas, ocorridas no século XX, resultaram em significativa diminuição das taxas de fecundidade e natalidade e no aumento progressivo da expectativa de vida e da proporção de idosos em relação aos demais grupos etários. Como consequência, tem-se observado uma maior participação das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) no perfil de morbimortalidade da população e a diminuição da morbimortalidade por doenças infecciosas e parasitárias, apesar destas últimas ainda representarem um importante problema de saúde pública em diversos países (MALTA et al., 2006).
Na concepção de Mendes (2010) as doenças crônicas, em particular a hipertensão e o diabetes, requerem monitoramento e ações que possam contribuir com o manejo adequado dessas patologias. Para o autor, essas doenças constituem, portanto, o grande desafio do século XXI, pois representam uma grande sobrecarga no sistema de saúde que terá que se organizar para atender a esta demanda crescente.
O controle e prevenção das DCNT e suas complicações são uns dos maiores desafios do processo de trabalho de nossa equipe, pois pressupõe a criação de vínculos com a comunidade e com os usuários que possuem o diagnóstico de alguma dessas doenças, considerando a diversidade racial, cultural, religiosa e os fatores sociais envolvidos. O trabalho da equipe deve ser voltado para conseguir modificações no estilo de vida, sobretudo quanto ao consumo de sal e ao controle do peso, a prática de atividade física, o abandono do tabagismo e a redução do uso excessivo de álcool, que são fatores de risco que precisam ser adequadamente abordados e controlados.
Considerando que este é um tema de muita importância foi realizada uma reunião com a equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) para responder a um questionário (quadro 2 que indica as prioridades do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ – AB) com relação às DCNT e como elas estavam sendo executadas na UBS.
Quadro 2: Prioridades do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica com relação às DCNT
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Em relação às pessoas com HIPERTENSÃO ARTERIAL |
Em relação às pessoas com DIABETES MELLITUS |
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
SIM |
NÃO |
A equipe realiza consulta para pessoas com hipertensão e/ou diabetes mellitus?
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X |
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X |
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Normalmente, qual é o tempo de espera (em número de dias) para a primeira consulta de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes na unidade de saúde?
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5 dias |
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5 dias |
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A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão?
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X |
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A equipe avalia a existência de comorbidades e fatores de risco cardiovascular dos usuários hipertensos?
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X |
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A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?
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X |
A equipe utiliza alguma ficha de cadastro ou acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus?
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X |
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X |
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A equipe realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial?
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X |
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A equipe programa as consultas e exames de pessoas com hipertensão arterial sistêmica em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?
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X |
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A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?
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X |
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A equipe coordena a fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção?
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X |
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A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção? |
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X |
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X |
A equipe programa as consultas e exames de pessoas com diabetes mellitus em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?
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X |
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A equipe realiza exame do pé diabético periodicamente nos usuários?
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X |
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A equipe realiza exame de fundo de olho periodicamente em pessoas com diabetes mellitus?
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X |
EM RELAÇÃO À ATENÇÃO À PESSOA COM OBESIDADE
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
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A equipe realiza avaliação antropométrica (peso e altura) dos usuários atendidos? |
X |
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Após a identificação de usuário com obesidade (IMC≥ 30 kg/m2), a equipe realiza alguma ação? |
X |
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Se SIM no item anterior, quais ações? |
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
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Realiza o acompanhamento deste usuário na UBS |
X |
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Oferta ações voltadas à atividade física |
X |
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Oferta ações voltadas à alimentação saudável |
X |
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Aciona equipe de Apoio Matricial (NASF e outros) para apoiar o acompanhamento deste usuário na UBS |
X |
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Encaminha para serviço especializado |
X |
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Oferta grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso |
X |
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A reunião proporcionou a reflexão sobre o trabalho da equipe e de nosso cronograma para melhorar o atendimento aos usuários com DCNT. No cronograma de trabalho a gente tem um dia de Hiperdia onde são acompanhados os usuários hipertensos e/ou diabéticos, com a função de vincular o usuário à UBS. Esse programa permite realizar a assistência contínua e de qualidade, fornece medicamentos de maneira regular, proporciona a atualização das fichas cadastrais e a avaliação de estratificação de risco, evita os agravos e complicações, assim como é um momento destinado a atividades de promoção da saúde.
O Hiperdia é feito no dia de sexta-feira e é uma ferramenta importante já que permite conhecer o perfil epidemiológico da Hipertensão Arterial Sistêmica e da Diabetes Mellitus na população. O controle pressórico e da taxa de glicemia, a avaliação nutricional, o incentivo às mudanças de hábitos, como no caso da alimentação correta, redução do sedentarismo, controle do tabagismo, importância da atividade física são estimulados visando uma melhor qualidade de vida desses usuários.
A equipe, além dos dias de Hiperdia, planeja visitas domiciliares a indivíduos com DCNT, e as visitas que são realizadas juntamente com o Agente Comunitário de Saúde (ACS). Em todas as quartas-feiras, durante as visitas, a equipe oferece orientações necessárias e avalia a terapêutica. A família tem seu espaço para esclarecimentos sobre os cuidados com o usuário além de poder tirar alguma dúvida que persista sobre a doença. As visitas fazem diferença na evolução natural da doença, mas principalmente, na forma como o indivíduo lida com sua condição. O apoio familiar é importante, pois todos trabalham em harmonia com a equipe de saúde para melhor assistir ao usuário com diagnóstico de alguma DCNT.
Umas das ações sugeridas na reunião foi a realização de palestras todos os dias de Hiperdia, com os grupos de usuários para falar sobre as experiências deles e avaliar o conhecimento sobre as DCNT. Também houve a reflexão sobre a necessidade de organizar ações, a cada trimestre, como a realização de mutirão para incluir uma maior quantidade dos usuários acompanhados no Hiperdia na UBS, como era anteriormente realizado. Entretanto essas ações ocorriam geralmente uma ou duas vezes no ano, sempre em parceria com o Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF – AB) com a participação da nutricionista. A equipe optou agora por convidar também os educadores físicos incorporando as caminhadas pela comunidade para estimular a realização de atividade física.
Uns dos maiores desafios da equipe é que todos entendam o caráter multidisciplinar do cuidado aos usuários com DCNT, permitindo um cuidado não somente da doença, mas, sobretudo o olhar do indivíduo como um ser biopsicossocial, inserido em um contexto familiar. Outro desafio é conseguir a participação da família nas ações realizadas pela equipe e de vivência na comunidade, fatores estes que influenciam para ter uma boa evolução e controle das DCNT.
Nossa equipe ficou comprometida com as propostas refletidas as quais vão a fortalecer a relação profissional-equipe de saúde-usuário, com uma comunicação mais ativa entre todos. Nossa unidade busca sempre solucionar da melhor forma as questões apresentadas pelos sujeitos e auxiliar para que os usuários possam viver com as DCNT, evitando os agravos resultantes do acompanhamento irregular ou da não adesão ao tratamento.
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