3 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Controle das Doenças Crônicas Não Transmissíveis na Atenção Primária à Saúde.

Titulo: Caracterização da linha de cuidado dos usuários portadores de doenças crônicas não transmissíveis. UBS Maria Adeli dos Santos.

Especializando: Yordanis Carbo Salazar

Orientador (a): Maria Elena Pires Araujo Barbosa 

 

         Neste relato de experiência temos como objetivo fundamental, caracterizar a linha de cuidado dos usuários que vivem com Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), na Unidade Básica de Saúde (UBS) Maria Adeli dos Santos. Para isso, a equipe preencheu um questionário norteado pelas ações preconizadas pelo Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), como pode ser observado no quadro 1.

Quadro 1: Atenção às DCNT na UBS Maria Adeli dos Santos.

 

Em relação às pessoas com HIPERTENSÃO ARTERIAL

Em relação às pessoas com DIABETES MELLITUS

QUESTÕES

SIM

NÃO

SIM

NÃO

A equipe realiza consulta para pessoas com hipertensão e/ou diabetes mellitus?

 

     

 

           x

 

 

 

x

 

Normalmente, qual é o tempo de espera (em número de dias) para a primeira consulta de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes na unidade de saúde?

 

             

 

 

 

     1 a 7 dias

 

 

 

 

 

1 a 7 dias

 

A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão?

 

 

 

       sim

 

 

 

A equipe avalia a existência de comorbidades e fatores de risco cardiovascular dos usuários hipertensos?

 

 

 

        sim

 

 

 

A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

não

A equipe utiliza alguma ficha de cadastro ou acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus?

 

 

 

 

 

      sim

 

 

 

 

sim

 

A equipe realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial?

 

 

 

 

sim

 

 

 

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com hipertensão arterial sistêmica em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

 

 

 

 

 

sim

 

 

 

A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?

 

 

 

 

nao

 

 

A equipe coordena a fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção?

 

 

 

 

 

sim

 

 

 

 

 

sim

 

A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?

 

 

 

 

 

 

 

sim

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sim

 

 

 

 

 

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com diabetes mellitus em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

 

 

 

 

 

 

 

 

sim

 

A equipe realiza exame do pé diabético periodicamente nos usuários?

 

 

 

 

 

sim

 

A equipe realiza exame de fundo de olho periodicamente em pessoas com diabetes mellitus?

 

 

 

 

 

sim

 

EM RELAÇÃO À ATENÇÃO À PESSOA COM OBESIDADE

 

QUESTÕES

SIM

NÃO

A equipe realiza avaliação antropométrica (peso e altura) dos usuários atendidos?

 

 

sim

 

Após a identificação de usuário com obesidade (IMC≥ 30 kg/m2), a equipe realiza alguma ação?

 

sim

 

Se SIM no item anterior, quais ações?

QUESTÕES

SIM

NÃO

Realiza o acompanhamento deste usuário na UBS

 

sim

 

Oferta ações voltadas à  atividade física

sim

 

Oferta ações voltadas à alimentação saudável

          sim

 

Aciona equipe de Apoio Matricial (NASF e outros) para apoiar o acompanhamento deste usuário na UBS

 

 

sim

 

Encaminha para serviço especializado

sim

 

Oferta grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso

sim

 

 

        O acompanhamento aos usuários com diagnóstico de DCNT tem sido um grande desafio na nossa área de abrangência, devido à situação geográfica da UBS. Além disso, pela falta de educação nutricional e a baixa percepção de risco baseada no desconhecimento das ações de prevenção. Isto levou a nossa equipe ao desenvolvimento de grupos terapêuticos e ao estabelecimento de intervenções educativas com foco na promoção da saúde e da prevenção de doenças, especificamente para DCNT como: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabetes Mellitus (DM) e Obesidade, compreendendo a obesidade como fator de risco fundamental para o desenvolvimento das mesmas.

        A nossa linha de cuidado começa na UBS, onde é estabelecido o cronograma de trabalho do mês na reunião que é desenvolvida toda última sexta-feira de cada mês. Sendo assim, o HIPERDIA fica marcado duas vezes no mês em virtude da alta prevalência de HAS e DM. Mesmo assim existe o acolhimento a demanda espontânea, onde são acolhido todos os usuários, sejam pessoas com diagnóstico de DCNT ou não.

       No acompanhamento periódico estabelecemos a estratificação de risco destes usuários e avaliamos as comorbidades dos mesmos, o que nos permite uma abordagem integral do caso, assim como o estabelecimento de uma conduta apropriada para cada fator de risco identificado. Os fatores de riscos mais frequentes identificados foram: tabagismo, consumo excessivo de álcool e a falta de orientação nutricional (obesidade). Fatores estes que aumentam a incidência a cada dia na nossa área das DCNT.

         A obesidade como doença, e fator de risco fundamental para o desenvolvimento de outras alterações endócrino metabólicas, foi o centro da atenção. Bem sabemos que mudando o estilo e modo de vida podemos garantir uma saúde de qualidade, desde que sejam modos e estilos de vida saudáveis.

        O índice de obesos entre os indivíduos com diagóstico de HAS e DM, nos levou ao desenvolvimento de um grupo terapêutico, o qual teve como objetivo mudar a condição de risco do indivíduo, aumentar o conhecimento da prevenção de complicações e evitar futuras emergências por falta de orientações sobre o que deve ou não fazer. Este grupo terapêutico teve acompanhamento com o Núcleo de Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), onde foram acompanhados pela psicóloga, a nutricionista e a educadora física.

          Este projeto foi desenvolvido durante o ano passado e nós pudemos perceber que teve uma melhoria na qualidade de vida dos usuários, já que no início eles eram encaminhados para outros pontos de atenção por múltiplas complicações devido à falta de orientação e adesão terapêutica.

        Durante o desenvolvimento do projeto tiveram várias palestras sobre educação nutricional. Houve também o acompanhamento individual com a nutricionista e a psicóloga, assim como o acompanhamento contínuo pela equipe de saúde. A educadora física comparecia ao projeto com a frequência de duas vezes na semana. Isto permitiu que os usuários interagissem mais entre eles, compartilharam experiências e tivessem maior percepção dos riscos sobre sua situação de saúde.

        Hoje temos mais controle sobre as DCNT na nossa área e todos os usuários encontram-se cadastrados e em tratamento permanente.  Os exames complementares são realizados uma vez ao ano, caso o usuário esteja compensado. Quando há necessidade de encaminhamento para outros pontos de atenção, a equipe da UBS coordena aquelas consultas dos casos mais complicados.

          Nos encaminhamentos temos duas fragilidades: uma é que os usuários às vezes precisam de avaliação pelo especialista e as consultas são marcadas de três a quatro meses após o encaminhamento, quando os exames não tem mais validade; A segunda é que quando são avaliados não existe contrarreferência e estes não são orientados sobre o diagnóstico associado a sua doença de base, e às vezes chegam na área desmotivados.

          As potencialidades que temos são as seguintes: a equipe de trabalho e o NASF-AB trabalham juntos no acompanhameto dos usuários e os protocolos de tratamento que os usuários usam estão disponibilizados pelo SUS. Além disso, há uma boa interação entre a equipe e a comunidade.

        É de vital importância, manter os usuários orientados e educados na identificação dos sinais e sintomas que possam ser alarme de possíveis complicações. Por isso devemos sensibilizá-los com relação à necessidade da boa adesão aos medicamentos para evitar agravos decorrentes de complicações das DCNT.

       As DCNT são um grande desafio hoje nas UBS e nosso trabalho é, além de diagnosticá-las e tratá-las, garantir a qualidade de vida do usuário e diminuir a incidência. Para isso é necessário dar ênfase na prevenção dos fatores de risco que possam levar ao desenvolvimento das mesmas, principalmente a obesidade, que comporta-se como fator de risco para desenvolver múltiplas doenças cardiovasculares e endócrino – metabólicas.

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