4 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO:  Seguimento das doenças crônicas não transmissíveis em Rosário Do Catete, Estado de Sergipe.

ESPECIALIZANDO: Yadisleydi Fonseca Guerrero.

ORIENTADORA: Maria Helena Pires Araújo Barbosa.

 As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são a principal causa de morte no mundo. A prevenção e o cuidado delas são importantes para melhorar a qualidade de vida de nossa população.  São doenças de longa evolução, tais como, doenças cardiovasculares, cerebrovasculares, renais, respiratórias crônicas, Diabetes Mellitus (DM), obesidade e câncer. Como essas doenças são as principais que afetam nosso território, o objetivo desta microintervenção é diminuir a incidência e a prevalência dessas doenças, assim como os principais fatores de riscos e a morbimortalidade DCNT na população em geral do território adscrito.

Nossa equipe realiza as consultas para os usuários com diagnóstico de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e DM toda terça feira. Essas consultas são do HIPERDIA e a equipe avalia se o usuário está aderindo aos tratamentos farmacológico e não farmacológico, assim como pode propor estratégias terapêutica para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos com esses diagnósticos e evitar as complicações.

Toda quarta-feira fazemos visita domiciliar a pessoas com dificuldades de locomoção ou que precisem de cuidados regulares, como acamados, idosos, portadores de sequelas de acidente vascular cerebral (AVC), entre outros. Programamos as consultas e exames de pessoas com Diabetes Mellitus, em função da estratificação de risco dos casos e de elementos considerados na gestão do cuidado. Também encaminhamos para oftalmologista periodicamente as pessoas que vivem com DM para que seja realizado o exame de fundo de olho. 

 Quando indivíduo chega a nossa unidade básica de saúde (UBS), procurando atendimento médico ele dirige-se ao acolhimento, onde alguns membros da equipe verifica o nível da tensão arterial. Quando o indivíduo apresenta pressão alta, a equipe orienta como ocorrerá o seguimento da pressão. Desta forma, é entregue uma ficha para o controle da pressão arterial durante 7 dias e depois é agendada uma consulta para avaliar o resultado do controle da pressão arterial. Posteriormente, determinamos o diagnóstico e/ou orientamos as modificações no estilo de vida e solicitamos exames ao realizar diagnóstico com hipertensão arterial sistêmica (HAS). Quando uma pessoa é diagnosticada com hipertensão a equipe utiliza os protocolos para estratificar o risco das complicações. 

A equipe da ESF possui o registro dos usuários com diagnóstico de HAS. Tal registro é realizado por meio de um quadro onde são destacados todos os indivíduos com diagnóstico de hipertensão com maior risco/gravidade para propiciar um acompanhamento integral, como pode ser verificado no quadro 1. Depois de diagnosticar hipertensão, avaliamos o risco cardiovascular, utilizando o Escore de Framingham que é uma ferramenta útil e de fácil aplicação no cotidiano. Ele classifica os indivíduos por meio da pontuação nos seguintes graus de risco cardiovascular e auxilia na definição de condutas (BRASIL, 2013b). No item observações podemos anotar com lápis a data da próxima consulta e/o visita domiciliar.

Outros que requerem de atenção especial com fatores de alto risco como Doença cerebrovascular (Acidente Vascular Cerebral – AVC), Doença Arterial Coronariana Obstrutiva (DAC); Insuficiência Cardíaca Crônica (ICC);Nefropatia crônica com Clearance de Creatinina (ClCr) menor que 60 ml/min2; Doença arterial periférica (DAP); e Retinopatia avançada, são encaminhados para as diferentes especialidades e as consultas são marcadas pelo sistema de regulação do Sistema Único de Saúde (SUS).

Para dar um atendimento integral individual aos usuários com diagnóstico de DM com maior risco de gravidade e melhorar controle desses usuários, foi construído o quadro 2. Esse quadro dispõe de informações para que a equipe possa realizar um acompanhamento prioritário e mais frequentes. Quando é necessário, encaminhamos os usuários para o cardiologista, quando há alto risco de doenças cardiovasculares ou são indivíduos com diagnóstico de HAS com difícil controle da pressão. Finalmente, anotamos nas observações o agente comunitário de saúde da área dele para a equipe ter um melhor controle e favorecer continuidade ao tratamento.

Em cada consulta e visita domiciliaria damos orientações para prevenir complicações do pé diabético para evitar amputações que podem ser preventivas com orientações ao indivíduo e à família, assim como com um bom exame físico dos pés indivíduo que vive com DM. Também temos o registro dos usuários em tratamento com insulina. Para eles a equipe explica sobre a importância do tratamento e as medidas específicas, além dos cuidados dessa terapia.

Em relação a pessoa dependente do cigarro, é importante destacar que, felizmente, nas últimas décadas, o Brasil apresenta-se com tendência de queda do tabagismo. A prevalência de fumantes com 18 anos ou mais no Brasil, em 1989, era de 31,7%. Em 2013, duas pesquisas nacionais – a vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (Vigitel) e a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) –, com diferentes metodologias, encontraram a prevalência de fumantes na população com 18 anos ou mais de, respectivamente, 11,3% (14,4% do sexo masculino e 8,6% do sexo feminino) e 14,7% (18,9% do sexo masculino e 11,0% do sexo feminino) (BRASIL, 2015).

 Por isso em nossa ESF há um programa preventivo para o controle do tabagismo. A equipe desse programa é formada por quatro profissionais: médica, enfermeira, assistente social e a coordenadora do programa. Para esse programa, a equipe inicialmente realiza o cadastro dos indivíduos fumantes de cada área da ESF e forma um grupo. O grupo é composto por 12 pessoas e é realizada uma entrevista individual para registrar os fatores de riscos associados e presença de DCNT. Além disso, fazemos o teste Fagerstrom, que mostra o grau de dependência do cigarro, e eu, como médica do programa, avalio qual é o tratamento para cada um dos indivíduos. Depois é marcada a próxima consulta, que é em grupo. O programa tem duração de 4 semanas consecutivas de tratamento em grupo e cada semana tem uma atividade educativa com diferentes especialistas como nutricionista, psicólogo e educador físico. Além do tratamento para controle do tabagismo, são realizadas ações preventivas para outras doenças com foco naquelas que tem o cigarro como principal fator de risco.

O tratamento para o controle do tabagismo é com adesivos que contém a nicotina, e são entregues aos usuários de forma individual, depois da terapia em grupo e da interação com outros especialistas. Alguns usuários são avaliados com relação à necessidade de tratamento medicamentoso para diminuir os sintomas de abstinência.

Depois das 4 semanas de tratamento em grupos, finalizamos o tratamento de forma individual. Nas 4 semanas posteriores, até completar o segundo mês do tratamento, muitos de nossos usuários conseguem parar de fumar, inclusive nas primeiras 4 semanas. Esta é uma experiencia muito interessante e bonita, pois existe a troca de experiências entre usuários e profissionais. O resultado esperado é que esses usuários possam cessar com o uso do cigarro.

Acerca dos demais fatores de riscos para DCNT como alimentação não saudável e o consumo abusivo de álcool são abordados toda teça feira em palestras na USB, assim como por meio de orientações individuais nas consultas.

Em relação a atenção às pessoas com diagnóstico de obesidade, a equipe realiza avaliação antropométrica (peso e altura) dos usuários atendidos. Após a identificação de usuários com obesidade, com índice de massa corporal (IMC ≥30kg/m2), nossa equipe os orienta a buscar o peso corporal ideal, fazendo mudanças na dieta, oferecendo ações voltadas a alimentação saudável, realizando o acompanhamento desses usuários em consultas agendadas. A equipe ainda não tem apoio matricial do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF – AB) para apoiar o acompanhamento desses usuários na UBS. Temos um grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso e atividade em grupo para prevenir sedentarismo. Esse grupo é formado por um educador físico e são realizadas atividades físicas no Club de Rosário Do Catete, três vezes por semana, segunda, quarta e sexta-feira, onde participam pessoas de todas as idades.

Com este relato de experiencia, em relação as doenças crônicas não transmissíveis, nossa equipe ampliou os conhecimentos para que cada dia possamos atender aos nossos usuários e contribuir para que eles tenham uma ótima qualidade e esperança de vida.

 


 

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