24 de novembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Orientanda: Thais Seixas Coutinho

Orientadora: DHYANINE MORAIS DE LIM

Controle das Doenças Crônicas Não Transmissíveis na Atenção Primária à Saúde

 

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) representam uma ameaça para a saúde e desenvolvimento a todas as nações. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima em cerca de 36 milhões as mortes anuais por esse grupo de doenças, afeta principalmente as pessoas com menor renda e escolaridade, por serem exatamente as mais expostas aos fatores de risco e com menor acesso às informações e aos serviços de saúde (Malta & Silva Jr., 2013).

O Ministério da Saúde coordenou o processo de elaboração do ‘Plano de Ações Estratégias para o Enfrentamento das DCNT no Brasil, 2011-2022’, esse plano brasileiro está alinhado às diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e aborda os quatro principais fatores de risco modificáveis: tabagismo; alimentação inadequada; inatividade física; e consumo abusivo de bebidas alcoólicas. Tais fatores são responsáveis por grande parte da carga de DCNT, advinda de quatro grupos de agravos: cardiovasculares; cânceres; diabetes e doenças respiratórias crônicas. O Plano fundamenta-se em três principais diretrizes, ou eixos: I. Vigilância, informação, avaliação e monitoramento II. Promoção da saúde III. Cuidado integral, eixos esses que norteiam a atenção primária na qual estamos inseridos (Malta & Silva Jr., 2014).

Pelo fato de a Unidade Básica de Saúde (UBS) fazer parte da atenção primária e ser a porta de entrada para a condução clínica dos pacientes com DCNT, é de extrema importância o conhecimento, pelos profissionais de saúde que dela fazem parte ,  das principais diretrizes do Plano de Ações do Ministério da Saúde, no intuito de modificar indicadores sobre mobimortalidade consequentes dessas doenças.

O primeiro passo para realizar a microintervenção foi a reunião da equipe e resposta ao questionário solicitado, segue abaixo as respostas a cada ítem:

 

 

Em relação às pessoas com HIPERTENSÃO ARTERIAL

Em relação às pessoas com DIABETES MELLITUS

QUESTÕES

SIM

NÃO

SIM

NÃO

A equipe realiza consulta para pessoas com hipertensão e/ou diabetes mellitus?

x

 

x

 

Normalmente, qual é o tempo de espera (em número de dias) para a primeira consulta de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes na unidade de saúde?

7 dias

 

7 dias

 

A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão?

 

x

 

x

A equipe avalia a existência de comorbidades e fatores de risco cardiovascular dos usuários hipertensos?

x

 

x

 

A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?

 

x

 

x

Em relação ao item “A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe utiliza alguma ficha de cadastro ou acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus?

x

 

x

 

A equipe realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial?

x

 

x

 

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com hipertensão arterial sistêmica em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

x

 

x

 

A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?

 

x

 

x

Em relação ao item “A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe coordena a fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção?

 

x

 

x

A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?

x

 

x

 

Em relação ao item “A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com diabetes mellitus em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

x

 

x

 

A equipe realiza exame do pé diabético periodicamente nos usuários?

x

 

x

 

A equipe realiza exame de fundo de olho periodicamente em pessoas com diabetes mellitus?

 

 

x

 

x

EM RELAÇÃO À ATENÇÃO À PESSOA COM OBESIDADE

 

QUESTÕES

SIM

NÃO

A equipe realiza avaliação antropométrica (peso e altura) dos usuários atendidos?

x

 

Após a identificação de usuário com obesidade (IMC≥ 30 kg/m2), a equipe realiza alguma ação?

x

 

Se SIM no item anterior, quais ações?

QUESTÕES

SIM

NÃO

Realiza o acompanhamento deste usuário na UBS

x

 

Oferta ações voltadas à  atividade física

 

x

Oferta ações voltadas à alimentação saudável

 

x

Aciona equipe de Apoio Matricial (NASF e outros) para apoiar o acompanhamento deste usuário na UBS

x

 

Encaminha para serviço especializado

x

 

Oferta grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso

 

x

 

Conforme observado na tabela, ainda há necessidade de incrementar protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão, realizar o registro de usuários com diabetes e hipertensão com maior risco/gravidade, coordenar a fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção, fazer exame de fundo de olho periodicamente em pessoas com diabetes mellitus, ofertar ações voltadas à  atividade física,   à alimentação saudável e de educação em saúde para pessoas que querem perder peso.

Com a análise realizada pela equipe, utilizaremos protocolos para estratificação de risco que será realizada na primeira consulta do paciente já com diagnóstico de  diabetes e/ou hipertensão,  para isso serão utilizados o escore de Framingham que estima risco de  ocorrência de evento cardiovascular nos próximos 10 anos (Tabela 2) e os critérios definidores de síndrome metabólica (Tabela 3).

Tabela 2- Escore de risco para evento coronário conforme proposto pela American Heart Association e American College of Cardiology de acordo com os resultados do Framingham Heart Study (Lotufo, 2008).

 

 

Tabela 2- Escore de risco para evento coronário conforme proposto pela American Heart Association e American College of Cardiology de acordo com os resultados do Framingham Heart Study (Lotufo, 2008).

 

Tabela 3- Critérios definidores de síndrome metabólica baseados na ATP III - Critério diagnóstico do Adult Treatment Panel III; ATP III Rev – Critério diagnóstico do Adult Treatment Panel III revisado pela American Heart Association e pelo National Heart, Lung, and Blood Institute (Rigo et al., 2008). 

 

Tabela 3- Critérios definidores de síndrome metabólica baseados na ATP III – Critério diagnóstico do Adult Treatment Panel III; ATP III Rev – Critério diagnóstico do Adult Treatment Panel III revisado pela American Heart Association e pelo National Heart, Lung, and Blood Institute (Rigo et al., 2008).

 

 

No que diz respeito a coordenação da fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção, temos dificuldade em realizar porque não existe uma central que controle referencia e contra-referência no nosso estados. Esse é um ponto que a secretaria municipal de saúde está tentando solucionar o mais brevemente conforme informado em reunião.

Nas consultas ambulatoriais na UBS dos paciente diabéticos  não é realizado o exame de fundo de olho periodicamente pois não está disponível a todos os médicos da Atenção básica o otoscópio. Por esse motivo, encaminhamos esses pacientes para consulta especializada e infelizmente não temos retorno do médico assistente informando o que foi avaliado  durante a consulta.

Para ofertar ações voltadas à  atividade física, houve reunião do NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) afim de resgatar o grupo de idosos que existia há, aproximadamente, dois anos. No entanto, o novo grupo terá abrangência maior, pois será voltado inicialmente para, além dos idosos, diabéticos, hipertensos, obesos e tabagistas. O grupo terá atividades três vezes por semana e objetiva incluir todos aqueles que desejam participar até final de 2019, momento que este estará mais estruturado.

Para atender aos quesitos: à alimentação saudável e educação em saúde, realizaremos palestras junto a nutricionista e psicóloga do NASF para conscientizar os moradores da importância de se manter alimentação adequada, atividade física regular, uso correto das medicações e consultas médicas frequentes, especialmente àqueles que já poussem diagnóstico de DCNT.

Durante a última semana em que estávamos realizando a microintervenção participamos de um curso sobre o tabagismo oferecido pala Secretaria Municipal de Saúde do Estado do Amapá e ministrado pelo médico Anderson Walter (Foto 1).  Ao final, cada Equipe Saúde da Família (ESF) teve que montar um grupo de tabagistas, com quinze a vinte pessoas, da sua área de atuação que desejam cessar o uso do cigarro. O tratamento é baseado em  palestras e uso de  medicamentos que serão disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, importante salientar que também contaremos com o apoio da psicóloga e da nutricionista do NASF.

Foto 1- Curso de tabagismo, capacitando médicos e enfermeiros para realizar o tratamento dos pacientes em UBS.

 

Foto 1- Curso de tabagismo, capacitando médicos e enfermeiros para realizar o tratamento dos pacientes em UBS.

Com essa microintervenção há grande potencialidade de reduzir os eventos cardiovasculares decorrentes de diabetes e hipertensão, como o infarto e o acidente vascular encefálico, prevenir certos tipos de cânceres pela promoção de atividade física regular, instrução sobre alimentação saudável e tratamento para cessação do tabagismo, sendo este último também de grande importância para diminuição de agravos respiratórios crônicos, como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica.

            Planejamentos foram feitos e a ESF em acordo com o NASF estão engajados para executar cada proposta, uma vez que o principal objetivo é prevenção primária e secundária, reabilitação e, consequentemente, melhor qualidade de vida aos pacientes. No entanto, há necessidade de melhora no sistema de referência e contra-referência dos pacientes encaminhados ao serviço especializado, para que o seguimento destes seja feito adequadamente, e a realização do teste do fundo de olho deveria ser ofertada em toda UBS, para isso devem ser distribuídos otoscópios e realizado treinamento com os profissionais.

 

Referências:

Malta, D C ; da Silva Jr, J B. O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil e a definição das metas globais para o enfrentamento dessas doenças até 2025: uma revisão. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 22(1):151-164, jan-mar 2013.

Malta, D C ; da Silva Jr, J B. Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil após três anos de implantação, 2011-2013. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 23(3):389-395, jul-set 2014.

Lotufo, P A. O escore de risco de Framingham para doenças cardiovasculares. Rev Med (São Paulo). 2008 out.-dez.;87(4):232-7

Rigo, C J; Vieira, J L; Dalacorte, R R; Reichert, C L. Prevalência de Síndrome Metabólica em Idosos de uma Comunidade: Comparação entre Três Métodos Diagnósticos. Arq Bras Cardiol 2009; 93(2) : 85-91

 

 

 

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