27 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos
TÍTULO: Controle das Doenças Crônicas Não Transmissíveis na Atenção Primária à Saúde 
ESPECIALIZANDO: SENEJAD ARIADNE MORAIS PEREIRA
ORIENTADOR: TÚLIO FELIPE VIEIRA DE MELO
 

Conhecer o processo saúde-doença de uma determinada enfermidade faz toda a diferença no decorrer da vida do paciente. Com essa premissa começo meu relato sobre doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma das DCNT mais prevalente e é considerada uma situação clínica caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial. Assim bem como a Diabetes Mellitus, outra DCNT muito prevalente, é causada pela grande ingestão de alimentos ricos em açucares, ou por um defeito na absorção de insulina do próprio corpo (Silveira, 2013).

Existem fatores diversos que contribuem tanto para HAS como para a DM e em sua grande maioria são praticamente os mesmos. Vale salientar que a obesidade destaca-se de longe como um fator primordial para o desenvolvimento de tais doenças crônicas, mas não apenas a obesidade colabora com ambas as doenças, a inatividade física e a ingesta constante e diária de bebidas alcoólicas, assim bem como o cigarro, são fatores que aumentam a gravidade das doenças em questão.

Em nossa unidade de saúde é destinado um dia para realizar o programa hiperdia “Hipertensão e Diabetes” (assim nomeado pelo ministério da saúde). Nossas consultas são realizadas em uma frequência de 3meses, sendo tais consultas intercaladas entre médica e enfermeira. O programa não consiste apenas em renovação de receita, mas na conscientização do paciente para poder entender sua enfermidade para que assim possa tratá-la corretamente.

Para tanto em nossas consultas rotineiras de hiperdia, sempre pergunto aos meus pacientes, como é sua rotina alimentar? Pois quando os mesmos respondem que não sabem ao certo o que devem evitar, automaticamente dou as orientações iniciais e logo em seguida os encaminho para a nutricionista do NASF que se encontra em nossa unidade a cada 15 dias. Neste momento os pacientes tomaram ciência das mudanças alimentares a serem feitas, saliento ainda que a nutricionista sempre os orienta a fazer a ingesta constante de água para que o metabolismo possa trabalhar de forma melhor, pois muitos relatam que se esquecem de beber água, causando casos de sobrecarga renal e desidratação principalmente nos idosos. Os efeitos benéficos de uma dieta equilibrada e da prática de exercícios físicos na prevenção de doenças crônicas são amplamente divulgados e reconhecidos na literatura(Silveira, 2013)

Devemos reconhecer que muitas vezes o baixo nível socioeconômico, influencia diretamente nesse processo de cura. Pois na sua grande maioria das vezes os pacientes de uma forma geral relatam que não conseguem realizar a dieta por que “mau mau tem o feijão de comer” . Outro fator super influenciador é a ingestão correta dos medicamentos e em seus horários corretos. O medico deve ouvir o paciente de forma cautelosa para que ele possa, dizer que não sabe ler, sendo assim deveu sinalizar nas receitas ou na caixa dos medicamentos com desenhos e suas quantidades.

            Ambos as enfermidades apresentam difícil motivação por parte dos pacientes para adesão ao tratamento. Na sua grande medida por referirem desconfortos ao tomarem as medicações principalmente por parte dos diabéticos, que em sua maioria aos que fazem uso de metformina relatam diarreia e tontura e associam que “a medicação esta fazendo mal a elas” Ambas as doenças dependem, para seu controle, de mudanças no estilo de vida sem duvidas e o uso contínuo de medicamentos, não para sua cura; mais para seu controle e evitar o aparecimento de complicações.

Valem salientar que a ESF fornece as medicações de base para ambas às doenças medicação fornecida na USF é padronizada, para tanto devemos realizar também uma escuta qualificada para saber o grau de instrução dos pacientes, pois de nada adiantaria passar varias medicações e entrega-las ao mesmo e eles realizarem a toma de forma inadequada por não saber “qual remédio é para isso, ou para aquilo”. Muitos relatam que, para resolver esse problema pedem ajuda da família e/ou dos próprios profissionais de saúde, que muitas vezes desenham nas caixas das medicações para que eles possam se orientar quanto a toma da medicação e seus horários corretos. 

Dessa forma eu e minha equipe fazemos o nosso “HIPERDIA” (programa de hipertensão e diabetes do ministério da saúde). Os pacientes que iniciam seu tratamento com a medica, logo em três meses tem seu retorno com a enfermeira, e logo se necessário agendado para os profissionais do NASF. Tendo assim um acompanhamento regular, saliento ainda que trocamos as agendas (medica- enfermeira) para que o paciente já saia da sua sala de atendimento com sua data de retorno marcada em seu cartão de acompanhamento.

Uma de nossas fragilidades infelizmente, em sua grande maioria das vezes os próprios pacientes descontinuam sua linha de cuidado. Eles assumem que já estão satisfeitos de apenas ingerir o medicamento em seu horário correto e não se preocupam com os demais aconselhamentos que damos na unidade de saúde. Outros nos questionam que realmente não tem o que comer e que tomar o remedio dado pela “saúde” já esta de bom tamanho. Outros ainda mesmo que com condições preferem pegar seus medicamentos na farmácia popular, já que a receita lá tem sua validade por 6 meses, deixando o paciente mais cômodo. Fazendo assim com que haja uma quebra da linha de cuidado do mesmo  pois ele acredita que por não esta faltando o medicamento não necessita ir a sua consulta a cada três meses.

Finalizo então meu relato com pontos positivos que foram o de entender o processo saúde-doença por parte dos pacientes e com fragilidades e dificuldades que é a adesão de forma contínua e integral do paciente a sua linha de cuidado oferecido por nós membros da unidade de saúde.

 

REFERÊNCIAS

 

Silveira, Janaína da et al. Fatores associados à hipertensão arterial sistêmica e ao estado nutricional de hipertensos inscritos no programa HiperdiaCad. saúde colet., Jun 2013, vol.21, no.2, p.129-134. ISSN 1414-462X. Disponivel em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-462X2013000200005&lng=pt&nrm=iso . Acesso em 01.10.2018.

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