RELATO DE EXPERIÊNCIA
TÍTULO: ESTRATEGIAS DA EQUIPE DE SAÚDE PARA O CONTROLE DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA ATENÇÃO PRIMARIA Á SAÚDE.
ESPECIALIZANDO: OSCAR MACÍAS GUTIÉRREZ
ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO
Um dos trabalhos mais complexos e que se torna difícil na atenção primaria à saúde, é o controle e acompanhamento dos pacientes que apresentam doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). São múltiplos os fatores que influenciam num acompanhamento não muito certo de esses pacientes. Por isso a equipe de saúde deve identificar o total de pacientes que sofrem DCNT por cada micro área de saúde, seus riscos pessoais e familiais, assim como os riscos físicos, ambientais, psicológicos, sociais, e biológicos, que nos permita realizar uma avaliação completa e integral de todos eles.
É importante que cada um dos membros da equipe da saúde conheça qual é seu papel, como deve se desenvolver e como atuar para garantir um acompanhamento adequado desses usuários. Para garantir essa atenção esmerada que esperam os pacientes, nós devemos conhecer que são as DCNT:
“As doenças crônicas compõem o conjunto de condições crônicas. Em geral, estão relacionadas a causas múltiplas, são caracterizadas por início gradual, de prognóstico usualmente incerto, com longa ou indefinida duração. Apresentam curso clínico que muda ao longo do tempo, com possíveis períodos de agudização, podendo gerar incapacidades” (BRASIL, 2013, p.5).
As DCNT são muito frequentes em todo o mundo. Tais agravos representam um grande desafio para a equipe de saúde na atenção básica. Estas condições são multifatoriais com existência de determinantes biológicas e socioculturais, e sua abordagem, para ser efetiva, necessariamente envolve as diversas categorias profissionais das equipes de saúde e exige o protagonismo dos indivíduos, sua família e comunidade.
Requerem intervenções com o uso de tecnologias leves, leve-duras e duras, associadas a mudanças de estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo que nem sempre leva à cura. É por isso que nossa equipe tem mais um reto para mudar o estilo e modo de vida dos pacientes e evitar que chegarem a complicações (BRASIL, 2013).
Um medidor bom para avaliar nosso trabalho na atenção básica é o seguinte, vai nos permitir conhecer nossas debilidades e quais estratégias de trabalho faríamos para um acompanhamento ótimo dos pacientes que sofrem doenças crônicas.
A organização da atenção e da gestão do SUS ainda hoje se caracteriza por intensa fragmentação de serviços, de programas, de ações e de práticas clínicas, existindo incoerência entre a oferta de serviços e as necessidades de atenção. O modelo de atenção não tem acompanhado a mudança no perfil epidemiológico da população. O cuidado de usuários com doenças crônicas deve se dar de forma integral. Com compromissos de uma gestão democrática, participativa e ético-politicamente comprometida, sem deixar correr em paralelo todo o processo de produção do cuidado que define a qualidade e o modelo de atenção ao usuário (MENDES, 2011; BRASIL, 2013).
Como ponto de partida de uma análise feita pela equipe, chegamos à conclusão que ainda está faltando muito por realizar. Então foi elaborado uma matriz de intervenção com ações que vão nos ajudar a dirigir nosso trabalho de intervenção:
MATRIZ DE INTERVENÇÃO |
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Padrão: A equipe não acompanha em sua totalidade os pacientes com DCNT. |
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Descrição da situação-problema para o alcance do padrão: Ainda falta muito para alcançar os resultados esperados no atendimento dos pacientes com DCNT, mudar o estilo e modo de vida. Se deve trabalhar mais sobre os fatores de riscos ambientais, e comprometer as gestões do município como as principais autoridades políticas do território. Negociar formas de gestão para dar prioridades a pacientes que precisam a realização de exames de laboratório ou avaliação especializada para evitar complicações. Realizar maior números de atividades educativas com apoio do núcleo de apoio à saúde da família. |
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Objetivo/meta: Aperfeiçoar o atendimento de pacientes com DCNT, partindo de um bom acolhimento e mudar seu modo e estilo de vida, evitando complicações. |
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Estratégias para alcançar os objetivos /metas |
Atividades a serem desenvolvidas (detalhamento da execução) |
Recursos necessários para o desenvolvimento das atividades |
Resultados esperados |
Responsáveis |
Prazos |
Mecanismos e indicadores para avaliar o alcance dos resultados |
Fazer a pesquisa ativa na área de saúde para cadastrar o 100 % dos pacientes com DCNT
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Realizar visitas domiciliares para identificar os pacientes com DCNT e seus riscos. |
Recurso Humano Lápis, Canetas, Ficha de cadastro individual. Cronograma de visita domiciliar das ACS. Corretivo, Borracha, |
Que o 100 % dos pacientes com DCNT fiquem cadastrados. |
ACS. |
Todos os dias. |
Cadastro atualizado dos pacientes com DCNT. |
Fazer um registro geral para pacientes com DCNT. |
Utilização do programa Excel no notebook |
Recurso Humano, Notebook |
Cadastrar a totalidade dos pacientes com DCNT, e identificar os riscos. |
Médico. Enfermeira. ACS. |
Sep/ 30. |
Registro atualizado dos pacientes com DCNT. |
Realizar e cumprir cronograma de consultas. |
Agendamento oportuno para as consultas. Cronograma de consulta visualizado na recepção com identificação da equipe. |
Recurso Humano |
Aumento do número de consultas dos pacientes com DCNT. |
Medico. Enfermagem. ACS. TE
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Todas as quintas férias.
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Prontuários e registro geral. Cronograma de consultas aos pacientes com DCNT. |
Realizar um exame físico de todos os aparelhos. Medições antropométricas e avaliação dos exames solicitados |
Consultas programadas e continuas aos pacientes com DCNT. |
Recurso Humano, Balança, Fita métrica, estigmou manômetro, estetoscópio. Registro geral de DCNT. Caneta, Prontuário. |
Detectar todos os riscos, melhor controle metabólico, e evitar complicações segundarias. |
Médico. Enfermeira. TE. |
Todas as quintas férias.
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Prontuários. Registro geral das DCNT. |
Avaliar a história psicossocial. |
Consultas programadas e continuas. Visitas domicilias.
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Recurso Humano |
História psicossocial. Diminuir todos os riscos ambientais que possam existir na casa. Diminuir os riscos de acidentes na casa. |
Médico. Enfermeira. ACS. TE. |
Sep/ 30. |
Prontuários. Registro geral dos pacientes com DCNT. |
Educação de situações de risco e avaliação contínua dos riscos. |
Palestras de educação e atividades de apoio. Informar a gestão. |
Recurso Humano, Datashow, panfletos sobre modo e estilo de vida saudável. |
Aumento das consultas, redução de urgências, diminuição do habito de fumar, redução de morte e complicações. |
Médico. Enfermeira. ACS. TE. |
Sep/ 15, 30 |
Registro geral dos pacientes com DCNT. Prontuário. Cronograma de consultas. Ata da reunião com a secretaria.
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Com essa estratégia de intervenção foram identificadas todas as fragilidades e potencialidades que temos, e que faríamos a partir da avaliação, para melhorar o estilo e modo de vida de todos os pacientes com DCNT. Evitar complicações segundarias, mudar os hábitos ruins que constituem riscos muitos frequentes como: má alimentação, tabagismo, álcool, drogadição, sedentarismo e obesidade.
Em relação às potencialidades, a equipe conta com um pessoal capacitado profissionalmente, humano, solidário e sensível. Temos todas as micros áreas cobertas pelos ACS, que têm domínio e conhecimento de cada uma de suas áreas, assim como, têm identificados os pacientes com maiores riscos e que apresentam DCNT que precisam de um acompanhamento diferenciado. Existe uma boa comunicação entre nós, o que permite a retroalimentação de informações sobre os pacientes da área de saúde.
As salas de atendimento da enfermagem e o médico da equipe tem bom conforto, privacidade, mais todo o instrumental e aparelhos para ofertar o serviço que a população espera receber. Também existe uma pessoa fixa para o agendamento das consultas programadas e continuas dos pacientes com DCNT, que conhece o funcionamento da equipe e sabe orientar os usuários.
Realiza-se a triagem em todos os pacientes com DCNT antes das consultas de acompanhamento. Em cada consulta se avalia as medições antropométricas, índice de massa corporal e avaliação nutricional, a partir do exame físico geral, regional e por sistemas e aparelhos. Além disso, avaliamos os riscos que apresentam os pacientes, e como nós temos que reagir e atuar ante cada caso.
Nossa clínica é privilegiada com a presença do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF), ginecologista, psiquiatra, saúde bucal (dentistas), que complementam a atenção de todos os pacientes que sofrem DCNT. Também existem outros serviços de saúde em nosso município como parte da rede de Atenção Primaria à Saúde. Todos pretendem a prolongar a vida a todas as pessoas doentes, melhorar seu estilo e modo de vida, e incorporá-los à sociedade. Ainda falta muito por fazer, o caminho não acaba aqui, só está começando. É por isso que todo apoio é pouco quando se trata da saúde da população. A gestões são fundamentais neste processo de atendimento que deve ser dinâmico, preciso e eficiente.
Sobre as fragilidades, o primeiro problema que nós temos é, que não existe um registro geral de todos os pacientes que apresentam DCNT, o que provoca uma desinformação total dos pacientes com DCNT, pouca ou nenhuma informação, identificação e avaliação dos riscos nos micros áreas de saúde. Não existe um trabalho sistemático nas áreas de saúde pelas ACS. Os prontuários apresentam dificuldades com os números das pastas das famílias, não se atualiza os endereços, nem o número do cartão do Sistema Único de Saúde (SUS), o que dificulta o preenchimento dos dados na ficha de atendimento individual. Essas debilidades nossas já foram analisadas pela equipe, e a estratégia foi conferir os prontuários que estão no arquivo, sendo responsabilidade de todas as ACS.
Existem debilidades que não dependem de nós, que as gestões do município são as máximas responsáveis para garantir a saúde à população. Em algumas ocasiões, faltam receitas, fichas de atendimento individual, e dificuldades com os carros para as visitas domiciliares. Também é uma complicação a marcação de exames na internet, onde muitos são liberados após um ano de espera, dificultando uma avaliação clínica oportuna.
A reunião planejada com a secretaria a cada mês não é feita com a devida periodicidade. Ela é quase sempre é suspensa e não conhecemos os motivos, tornando impossível avaliar e discutir os principais problemas do território. Outros dos problemas que sempre estão presentes é a liberação de consultas especializadas pelo SUS, onde os pacientes aguardam muito tempo para uma avaliação pelos especialistas.
Todas essas fragilidades muitas vezes dificultam um acompanhamento correto dos pacientes com DCNT. Por isso as gestões do município têm que se pronunciar para mudar tudo o que está dando errado na saúde. Quando se complemente melhor a atenção primaria de saúde a nível ministerial, estadual e municipal, junto as gestões e outras esferas políticas de cada território vamos unir forças para que a população tenha serviços de saúde muito mais gratificante em relação às suas demandas.
Por fim, resta a nossa equipe continuar trabalhando, monitorizando e priorizando cada uma das atividades feitas, onde nosso principal objetivo é melhorar a atenção dos pacientes com DCNT, partindo da pesquisa ativa e a identificação de cada um nas áreas de saúde.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Documento de diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização PanAmericana da Saúde, 2011.
QUESTIONÁRIO PARA MICROINTERVENÇÃO |
Em relação às pessoas com Hipertensão Arterial |
Em relação às pessoas com Diabetes Mellitus |
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
SIM |
NÃO |
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A equipe realiza consulta para pessoas com hipertensão e/ou diabetes mellitus? |
X |
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X |
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Normalmente, qual é o tempo de espera (em número de dias) para a primeira consulta de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes na unidade de saúde? |
15 dias
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15 dias |
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A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão? |
X |
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X |
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A equipe avalia a existência de comorbidades e fatores de risco cardiovascular dos usuários hipertensos? |
X
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X |
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A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade? |
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X |
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X |
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Em relação ao item “A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso. |
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A equipe utiliza alguma ficha de cadastro ou acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus? |
X |
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X |
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A equipe realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial? |
X |
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X |
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A equipe programa as consultas e exames de pessoas com hipertensão arterial sistêmica em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado? |
X |
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X |
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A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade? |
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X |
X |
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Em relação ao item “A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso. |
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A equipe coordena a fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção? |
X |
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X |
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A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção? |
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X |
|
X |
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Em relação ao item “A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso. |
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A equipe programa as consultas e exames de pessoas com diabetes mellitus em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado? |
X |
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X |
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A equipe realiza exame do pé diabético periodicamente nos usuários? |
X |
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X |
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A equipe realiza exame de fundo de olho periodicamente em pessoas com diabetes mellitus? |
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X |
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X |
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EM RELAÇÃO À ATENÇÃO À PESSOA COM OBESIDADE |
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
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A equipe realiza avaliação antropométrica (peso e altura) dos usuários atendidos? |
X |
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Após a identificação de usuário com obesidade (IMC≥ 30 kg/m2), a equipe realiza alguma ação? |
X |
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Se SIM no item anterior, quais ações? |
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
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Realiza o acompanhamento deste usuário na UBS |
X |
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Oferta ações voltadas à atividade física |
X |
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Oferta ações voltadas à alimentação saudável |
X |
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Aciona equipe de Apoio Matricial (NASF e outros) para apoiar o acompanhamento deste usuário na UBS |
X |
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Encaminha para serviço especializado |
X |
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Oferta grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso |
X |
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Ponto(s)