17 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

O DESAFIO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA MINHA UNIDADE DE SAÚDE

 

ESPECIALIZANDO: NEDILSON DE OLIVEIRA LARIÚ

ORIENTADORA: DANIELE VIEIRA DANTAS

  

Na Unidade Básica de Saúde (UBS) João Inácio de Oliveira conseguimos organizar e eliminar o problema da demanda criando, formando ou aprimorando grupos de pacientes nos quais a principal função é a troca de conhecimentos e experiências com linguagem simples e corriqueira para que todos entendam o mal que os aflige.

Com essa atitude eliminamos o tempo de espera para a primeira consulta. O atendimento, seja por demanda espontânea ou por referência da urgência hospitalar é realizado de imediato. No atendimento, estabelece-se o diagnóstico, a orientação individual específica sobre a doença, são solicitados os exames e, se necessário, inicia-se a medicação.

Uma vez realizados os exames, o paciente retorna à UBS para nova avaliação médica, quando será elaborada a classificação de risco e correções na conduta que se fizerem necessárias.  A partir disto, iniciamos a participação do Núcleo Ampliado em Saúde da Família (NASF) com a equipe de nutricionista, educador físico, psicólogo e assistente social, encaminhamento para participação nos grupos específicos e o agendamento do retorno à Unidade de Saúde.

A maioria dos nossos hipertensos não apresentam riscos elevados de comprometimento cardiovascular e os que apresentam são acompanhados por nós e pelo cardiologista. Os diabéticos com complicações renais, oftálmicas ou vasculares são avaliados pelos especialistas referenciados como endocrinologista, nefrologista, oftalmologista e angiologista/cirurgião vascular. Os obesos que não aderem ao tratamento são também avaliados por especialista (endocrinologista) e os usuários com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) que apresentem complicações são encaminhados ao pneumologista.

Nas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), o conhecimento da enfermidade tem um peso importante no tratamento, uma vez que a não observância às limitações que a doença impõe ao paciente acaba levando-o ao erro no tratamento. Observamos que tendo conhecimento e consequentemente respeitando as restrições, o usuário vai necessitar de tratamento mais brando, menos agressivo de medicação; como também vai perceber uma melhora significativa na qualidade de vida.

No nosso grupo de hipertensos, raramente temos casos de crise hipertensiva mais severa ocasionados por desvio da dieta hipossódica, porém temos casos provocados por erro na medicação anti-hipertensiva quando da não participação familiar no acompanhamento da medicação, deixando a responsabilidade para o próprio paciente. Ocorre que o idoso, naturalmente esquece ou tem dúvidas se já teria tomado o medicamento. Outro motivo de crises são os distúrbios emocionais principalmente provocados por familiares.

Com relação aos diabéticos, o maior problema ainda é o controle alimentar. Dieta restritiva para o diabético é um martírio, que acaba provocando a rebeldia à restrição o que cria animosidades entre familiares, daí síndrome depressiva. Aqui também a participação familiar no controle da medicação é sofrível. Quando se envolve, a maioria das vezes, é atuando com agressividade.

Para o obeso, a complicação maior é que, por mais que se esforce, a perda de peso é extremamente lenta e desanimadora. Além disso, a participação familiar tem sido no sentido da proibição (e não do convencimento) para que o obeso não coma e nas críticas sobre a sua estrutura corpórea.

Os usuários com DPOC apresentam como maior dificuldade o abandono ao hábito de fumar. Via de regra não incorporam plenamente a orientação e a demonstração repassada pelos profissionais da saúde e sempre contestam alegando que um familiar fumou desde criança e nunca apresentou problemas, que conhece diversas pessoas que fumam e não tem o mesmo problema que ele.

De uma maneira geral, os usuários com doenças crônicas tornam-se pessoas fragilizadas, sentindo-se inferiorizadas socialmente e tendem a sofrer transtornos psíquicos. Além disso, como no caso das DCNT, o pleno conhecimento é de extrema valia no tratamento e no controle, o usuários, seus familiares e toda a equipe da UBS deve participar ativamente do cuidado.

Neste sentido, esta microintervenção iniciou com a resposta, pela equipe, do questionário abaixo.

Questionário para microintervenção

QUESTÕES

Em relação às pessoas com HIPERTENSÃO ARTERIAL

Em relação às pessoas com DIABETES MELLITUS

SIM

NÃO

SIM

NÃO

A equipe realiza consulta para pessoas com hipertensão e/ou diabetes mellitus?

X

 

X

 

Normalmente, qual é o tempo de espera (em número de dias) para a primeira consulta de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes na unidade de saúde?

Preencher em dias

ZERO

 

Preencher em dias

ZERO

 

A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão?

 

X

     

A equipe avalia a existência de comorbidades e fatores de risco cardiovascular dos usuários hipertensos?

 

 

X

     

A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?

   

X

 

Em relação ao item “A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe utiliza alguma ficha de cadastro ou acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus?

X

 

X

 

A equipe realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial?

X

     

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com hipertensão arterial sistêmica em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

X

     

A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?

X

     

Em relação ao item “A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe coordena a fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção?

X

 

X

 

A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção

X

 

X

 

Em relação ao item “A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com diabetes mellitus em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

   

X

 

A equipe realiza exame do pé diabético periodicamente nos usuários?

     

X

A equipe realiza exame de fundo de olho periodicamente em pessoas com diabetes mellitus?

     

X

EM RELAÇÃO À ATENÇÃO À PESSOA COM OBESIDADE

QUESTÕES

SIM

NÃO

A equipe realiza avaliação antropométrica (peso e altura) dos usuários atendidos?

 

X

 

Após a identificação de usuário com obesidade (IMC≥ 30 kg/m2), a equipe realiza alguma ação?

X

 

Se SIM no item anterior, quais ações?

QUESTÕES

SIM

NÃO

Realiza o acompanhamento deste usuário na UBS

X

 

Oferta ações voltadas à atividade física

X

 

Oferta ações voltadas à alimentação saudável

X

 

Aciona equipe de Apoio Matricial (NASF e outros) para apoiar o acompanhamento deste usuário na UBS

X

 

Encaminha para serviço especializado

X

 

Oferta grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso

X

 

 

  Após a discussão em equipe do questionário, a intervenção foi proposta. Na primeira abordagem ao paciente além do diagnóstico, da orientação individual, dos exames necessários, solicito a participação nos próximos atendimentos de pelo menos um familiar. A participação de familiares faz-se necessário, uma vez que à estratégia do envolvimento da família no tratamento e acompanhamento da doença tem como finalidade demonstrar afeto e carinho ao paciente através da preocupação com sua saúde.

É extremamente importante a presença de familiares nos encontros, nas palestras e nas atividades educativas alternativas. Nestas atividades coletivas, eles também tomarão conhecimento que os usuários com idade acima de cinquenta anos passam a ter falhas de memória recente não se lembrando se já teriam tomado a medicação de horário. Assim compreenderão que a participação efetiva da família reduz a possibilidade de complicações das doenças.

Nossa equipe já está se organizando para, semanalmente, termos rodas de conversas nos trinta minutos finais do nosso expediente. Os temas primordiais seriam sobre a demonstração de interesse na saúde de usuários com DCNT.                                       

                                     

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