24 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Título: Doenças crônicas não transmissíveis na UBS “Nazaré Mineiro”, Município Laranjal do Jari/ AP.

Estudante: Mineylis Dominguez Brizuela.

Orientador: Cleyton Cesar Souto Silva.

Do total de óbitos ocorridos no mundo em 2008, 63% foram relacionados às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), (Lacet 2010). Quatro grupos de doenças – cardiovasculares, câncer, doença respiratória crônica e diabetes – responderam pela grande maioria desses óbitos. Sua preponderância nas causas de mortalidade globalmente e o compartilhamento de seus fatores de risco com os de outras doenças crônicas nortearam a formulação de estratégias preventivas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2005 para o enfrentamento das DCNT (Lacet 2010).

No Brasil as DCNT são também a principal causa de mortalidade. Em 2009, após correções para causas mal definidas e sub-registro, responderam por 72,4% do total de óbitos. As quatro doenças – doenças cardiovasculares, neoplasias, doenças respiratórias crônicas e diabetes – responderam por 80,7% dos óbitos por doenças crônicas (Schmidt MI 2011).

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis representam a maior carga de morbimortalidade no Brasil. Em 2011, o Ministério da Saúde lançou seu Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis, enfatizando ações populacionais para controlar as doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e doença respiratória crônica, predominantemente pelo controle do fumo, inatividade física, alimentação inadequada e uso prejudicial de álcool. (Duncan BB 2012)

Ao propor que o enfrentamento das DNCT enfocasse prioritariamente as quatro doenças, a OMS elegeu também como alvo seus quatro principais fatores de risco – fumo, inatividade física, alimentação inadequada e uso prejudicial de álcool (Schmidt 2011).

O fumo é responsável por 71% dos casos de câncer de pulmão, 42% dos casos de doença respiratória crônica e quase 10% dos casos de doenças cardiovasculares. Inatividade física aumenta em 20% a 30% o risco de mortalidade. Os padrões de alimentação adotados nas últimas décadas podem ser prejudiciais de várias maneiras. Por exemplo, o consumo excessivo de sal aumenta o risco de hipertensão e eventos cardiovasculares, e o alto consumo de carne vermelha, de carne altamente processada e de ácidos graxos trans. está relacionado às doenças cardiovasculares e ao diabetes. Por outro lado, o consumo regular de frutas e legumes diminui o risco de doenças cardiovasculares e de câncer gástrico e colorretal. Estima-se que, entre os óbitos causados por álcool, mais de 50% sejam devido às DCNT, incluindo diversos tipos de câncer e cirrose hepática (Duncan BB 2012).

O uso prejudicial de álcool pode ser avaliado também pelos problemas associados a esse hábito. Dados de inquéritos nacionais estimam que 25% dos adultos relatam pelo menos um problema de natureza social, ocupacional, familiar, legal ou física relacionado a seu uso (Carlini EA 2001), e que entre 9% e 12% de toda a população adulta do País apresenta dependência de álcool (Laranjeira R 2010).

A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e sua continuada e crescente estruturação viabilizaram maior acesso e forte controle social, o que permitiu a formulação de múltiplas políticas públicas para o enfrentamento das DCNT. O SUS dispõe hoje de capacidade técnica para analisar a situação das DCNT, interpretar suas tendências, planejar e implantar ações para seu enfrentamento. Seus gestores, embora muitas vezes com orientação ainda incipiente em relação às DCNT, vêm prontamente empreendendo ações contempladas em políticas públicas (Laranjeira R 2010) e a rede de cuidados de saúde já vem realizando ações prioritárias em nível individual.

Duas políticas públicas implementadas nas últimas décadas merecem destaque por sua provável contribuição para as tendências favoráveis na mortalidade por DCNT (padronizada por idade): o combate ao fumo e a ampliação do acesso aos cuidados qualificados de atenção primária à saúde (APS) (Schmidt 2010).

A organização da atenção às pessoas com hipertensão, diabetes e obesidade com base na estratificação do risco é um dos indicadores importantes no Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ – AB) como é apontado no Padrão 4.29 da Autoavaliação para a Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (AMAQ). Tendo em consideração essas recomendações implementadas no programa, nossa equipe de saúde da UBS Nazaré Mineiro, do município Laranjal do Jari, Edo. Amapá, fixo uma reunião, para avaliação dos indicadores, e onde respondemos a um questionário que pauto se nas ações preconizadas pelo programa (anexo 1) para a partir dessas questões realizar um plano de atividades encaminhadas às soluções de nossas principais dificuldades.

Concluindo-se nesta reunião que nossa equipe realiza consultas para pacientes com hipertensão arterial e diabetes mellitus. As consultas estão no prontuário individual dos pacientes, colocando sempre a data da próxima consulta para agendamento prévio, por parte do professional. Mais foi detectada como nossa maior fragilidade que não contávamos com um livro de registro dos pacientes cadastrados nestas doenças, porém não se encontrava registrado a data do retorno a consulta. A principal dificuldade produto a que o agendamento era feito em nossa unidade nas sextas férias, e as consultas dos pacientes hipertensos e diabéticos são feitas nas quartas férias, sendo que o paciente tinha que voltar para o agendamento, provocando ausência da maioria dos pacientes. Nossa UBS não tinha um registro dos usuários com maior risco ou gravidade para hipertensão e diabetes, nem dos encaminhamentos para outro ponto de atenção. A equipe não tinha oferta de ações voltadas a atividade física, para os pacientes obesos com doenças crônicas não transmissíveis ou não; e a falta de grupo de educação em saúde para pessoas com vontade de perder peso.

Com esses resultados dos analise, a equipe considerou realizar um plano de atividades encaminhadas a solução dessas dificuldades, garantindo uma melhor organização no trabalho e com isso uma melhor qualidade dos atendimentos desse grupo de pacientes prioritários. A equipe determinou que seria realizado um registro dos pacientes hipertensos e diabéticos a onde fora agendada a data da próxima consulta, com uma programação de 03 em 03 meses, com um tempo de espera para a primeira consulta mínimo, sendo avaliado pelo enfermeiro no mesmo dia e dependendo do caso, seria encaminhado para a consulta medica ou agendados com tempo máximo de sete dias. Nas consultas se realiza o exame físico general, sendo importante o exame dos membros inferiores, dos pês em caso dos diabéticos. Para o exame do fundo de olhos temos dificuldades pôs não contamos com os instrumentos(oftalmoscópio) para avaliação ocular.

A equipe realizo um registro dos usuários com maior risco ou gravidade para hipertensão e diabetes. Se realizo a busca ativa de faltosos a consulta, com ajuda dos agentes comunitários. Realizou-se também um registro dos pacientes que eram encaminhados para outros pontos das redes de saúde o município ou estado, reafirmando na importância da contra-referência para o posterior acompanhamento do paciente.

Em caso dos pacientes obesos a equipe realiza avaliação antropométrica de todos os usuários que são atendidos no posto de saúde e após a identificação de pacientes com Índice de massa corporal (IMC) acima de 30 kg/m2 realizamos acompanhamento com atividades voltadas ne redução de peso, com a realização de atividades físicas e alimentação saudável. São encaminhadas também para nutricionista do NASF da equipe.

Se realizo também um plano de atividades educativas tanto no posto de saúde como em a comunidade toda, através de palestras, uma vez por semana, realizadas pela equipe e com a participação de medico, enfermeiro, agentes comunitários e nutricionista. Donde se trataram vários temas como a “Importância de estilos de vida saudáveis”, “A importância do exercício físico e alimentação saudável”, “São a Hipertensão e diabetes doenças curáveis ou controláveis?”, entre outros temas. Após realizadas as atividades começo a ter um impacto forte na comunidade, sendo vivenciado nas consultas com um aumento importante de pacientes com doenças crônicas não transmissíveis, que se encontravam faltosos a consultas. Se determinou por parte da equipe, manter as atividades educativas uma vez por semana na UBS as terças feiras.

A atividade exitosa da equipe foi o funcionamento do grupo de HIPERDIA por meio do trabalho compartilhado com o NASF – AB. Com a continuidade das atividades projetamos melhorar a organização da atenção às pessoas com hipertensão arterial, diabetes e obesidade como parte do aperfeiçoamento do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica. O trabalho em equipe é fundamental, a identificação precoce, acolhimento adequado, tratamento oportuno e um correto acompanhamento permite melhorar a qualidade de vida dos pacientes e diminuir as complicações.

REFERÊNCIAS

-Schmidt MI, Duncan BB, Azevedo e Silva G, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Lancet. 2011;377(9781):1949-61. DOI:10.1016/S0140-6736(11)60135-9.         

-Duncan BB, Stevens A, Schmidt MI. Mortalidade por doenças crônicas no Brasil: situação em 2010 e tendências de 1991 a 2010. In: Ministério da Saúde. Saúde Brasil 2011. Brasília, DF; 2012. p.95-103.    

-Laranjeira R, Pinsky I, Sanches M, Zaleski M, Caetano R. Alcohol use patterns among Brazilian adults. Rev Bras Psiquiatr. 2010;32(3):231-41. DOI:10.1590/S1516-44462009005000012        

-Galduróz JCF, Carlini EA. Use of alcohol among the inhabitants of the 107 largest cities in Brazil – 2001. Braz J Med Biol Res. 2007;40(3):367-75. DOI:10.1590/S0100-879X2007000300012  

 

ANEXOS

Anexos 1: Questionário sobre a atenção às DCNT na UBS Nazaré Mineiro.

 

Questões

Em relação a pacientes com

Hipertensão Arterial

Em relação a pacientes com

Diabetes Mellitus

Sim

Não

Sim

Não

A equipe realiza consulta para pessoas com hipertensão e/ou diabetes mellitus?

 

 

 

  X

 

 

 

  X

 

Normalmente, qual é o tempo de espera (em número de dias) para a primeira consulta de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes na unidade de saúde?

 

 

 

 

 

  7 DIAS

 

 

 

 

 

  7 DIAS

 

A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão?

 

 

 

  X

 

 

 

 

 

A equipe avalia a existência de comorbidades e fatores de risco cardiovascular dos usuários hipertensos?

 

 

 

  X

 

 

 

A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?

 

 

 

 

 

 

 

  X

 

A equipe utiliza alguma ficha de cadastro ou acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus?

 

 

 

 

  X

 

 

 

 

  X

 

A equipe realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial?

 

 

 

 

  X

 

 

 

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com hipertensão arterial sistêmica em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

 

 

 

 

 

 

  X

 

 

 

A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?

 

 

 

 

  X

 

 

 

A equipe coordena a fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção?

 

 

 

X

 

 

 

  X

 

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com diabetes mellitus em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

 

 

 

 

 

 

 

 

  X

 

A equipe realiza exame do pé diabético periodicamente nos usuários?

 

 

 

 

 

 

  X

A equipe realiza exame de fundo de olho periodicamente em pessoas com diabetes mellitus?

 

 

 

 

 

 

  X

 

EM RELAÇÃO A AS PESSOAS COM OBESIDADE

Questões

Sim

Não

A equipe realiza avaliação antropométrica (peso e altura) dos usuários atendidos?

 

  X

 

Após a identificação de usuário com obesidade (IMC≥ 30 kg/m2), a equipe realiza alguma ação?

 

  X

 

                     SE SIM NO ITEM ANTERIOR, QUAIS AÇÕES

Realiza o acompanhamento deste usuário na UBS

 

  X

 

Oferta ações voltadas à atividade física

 

  X

Oferta ações voltadas à alimentação saudável

 

  X

Aciona equipe de Apoio Matricial (NASF e outros) para apoiar o acompanhamento deste usuário na UBS

 

  X

 

Encaminha para serviço especializado

  X

 

Oferta grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso

 

 

X

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