3 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

CONTROLE DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DR. JOSÉ FERNANDES ARAÚJO, MUNICÍPIO ROSÁRIO DO CATETE.

ESPECIALIZANDO: MANUEL EDEL SALINA FERNÁNDEZ

ORIENTADORA: ROMANNINY HEVILLYN SILVA COSTA ALMINO

 

Como sabemos, as doenças crônicas não transmissíveis são as principais causas de morte no mundo, sendo que a maioria dos óbitos relacionados a elas estão atribuídos às doenças cardiovasculares, à diabetes e às doenças respiratórias crônicas.

Desta forma, na unidade em que atuo, para que possamos ter o controle e vigilância das doenças crônicas não transmissíveis em nossa comunidade focamos na promoção da saúde e prevenção de doenças através de ações à saúde que envolva a comunidade como um todo facilitando à busca ativa do público alvo e através da criação de grupos, com o objetivo de promover mudanças em seus comportamentos e estilos de vida, incentivando desta forma a busca por uma vida mais saudável.

No município Rosário do Catete, na unidade básica de saúde Dr. Jose Fernandes Araújo fazemos consultas para todos os pacientes com diabetes e hipertensão de forma continua.  Eles têm um dia fixo na semana onde são oferecidos os serviços para eles, no nosso caso sempre são nas quartas feiras.

Além disso, aquele paciente que, eventualmente, vai fazer medição da pressão arterial ou da glicemia e estiverem elevadas são avaliadas pelo médico nesse mesmo dia, fazendo as ações necessárias.

Os pacientes são classificados como risco baixo ou intermediário se apresentam fatores como tabagismo, obesidade, sedentarismo, história familiar de morte cardíaca prematura, idade maior de 49 anos em homens e 56 anos em mulheres, hipertensão arterial sistêmica e por último, o sexo masculino.  Alto risco são aqueles com acidente vascular cerebral prévio, retinopatia, diabetes mellitus, aneurisma da aorta, infarto agudo do miocárdio antigo, hipertrofia de ventrículo esquerdo, nefropatia estenose de carótida sintomática (BRASIL,2013).

Indicamos exames complementares para os hipertensos e diabéticos: colesterol total, colesterol-LDL, colesterol-HDL, triglicerídeos, glicemia de jejum, hemoglobina glicada, exame de urina tipo I, eletrocardiograma, dosagem de potássio, creatinina que são os principais para a classificação do risco cardiovascular.

Também usamos uma calculadora de risco cardiovascular baseada no escore de risco de Framingham fornecida pela telessaúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a qual é muito pratica e fácil de usar (TELESSAÚDERS-UFRGS, 2015). Quando há a classificação de baixo risco é quando existe menos de 10% de chance de evento cardiovascular em 10 anos; risco intermediário entre 10-20% e alto risco, mais de 20% de sofrer um evento cardiovascular em 10 anos (BRASIL,2013).

Em toda consulta o paciente é avaliado, integralmente, incluindo os exames dos pés e, portanto, sempre são pesquisados novos fatores de risco e se os antigos foram resolvidos.

Entre os fatores de risco mais frequentes estão o etilismo, o sobrepeso, sedentarismo e tabagismo os quais podem ser modificados ou eliminados.

 Para aqueles pacientes com dependência ao tabaco temos um grupo para que eles deixem de fumar. Eles têm encontros semanais e até agora temos tido resultados favoráveis com uma diminuição importante do número de tabagistas na nossa área.

Dentro das comorbidades que mais encontramos em nossos pacientes estão a insuficiência renal, depressão, ansiedade, doença pulmonar obstrutiva crônica, angina de peito, dislipidemias, artroses e gastrites.  

Contamos com um registro dos pacientes que tem complicações devido a diabetes e hipertensão. Isso permite, ter uma maior organização e controle dos mesmos. No quadro 1, podemos observar que são registrados dados como infarto do miocárdio (IM) prévio, hipertrofia ventricular esquerda (HVE), retinopatia, nefropatia, neuropatias, fatores de risco presentes, comorbidades e outras complicações como acidente vascular cerebral, claudicação intermitente, aterosclerose, insuficiência cardíaca congestiva, dentre outras.

 Nesse modelo, colocamos os tratamentos dos pacientes. Trabalhamos com esse modelo há mais de um ano e é válido para pacientes com hipertensão arterial ou diabetes mellitus ou ambos; a intenção foi ter um cadastro centralizado e organizado para aqueles doentes com complicações.

Os pacientes com lesões a órgãos-alvos são priorizados para a realização dos exames complementares de controle ou acompanhamentos de 3 em 3 meses, ou aqueles que são referenciados; os tratamentos sempre são bem controlados.  

A avaliação antropométrica (altura e peso) tem um valor fundamental nos pacientes com doenças crônicas não transmissíveis pois através dela podemos determinar o índice de massa corporal e são classificados em baixo peso, peso normal, excesso de peso, obesidade classe 1, obesidade classe 2 e obesidade classe 3. Também é avaliada a circunferência abdominal por ter valor para o risco cardiovascular, hipertensão arterial, além de síndrome metabólica, resistência à insulina, dentre outros.

A educação contínua faz-se imprescindível para que os pacientes possam entender a importância de que perdendo peso diminuem as chances de ter doenças cardiovasculares.

Aqueles pacientes que não atinjam a meta de ficar na faixa de peso normal depois das mudanças no estilo de vida são encaminhados para os serviços de nutrição onde são oferecidas orientações e dietas específicas. Além disso, aqueles casos refratários são acompanhados pelo endocrinologista. 

Contamos no município com vários projetos criados pelo município que são voltados para a promoção da saúde e prevenção destas doenças, são eles: Grupo Hiperdia, Grupo de Zumba, Saúde na Feira. Fazemos ênfase na prática regular de exercícios físicos.

No meu município, temos um grupo que fazem exercícios, três vezes na semana, supervisionado por um professor de educação física, onde ele diz quais são os exercícios físicos a serem realizados dependendo da idade e comorbidades.      

Através da inclusão dos usuários a estes projetos visamos a melhoria da qualidade de vida da nossa população em geral, através da inclusão social, da promoção de atividades físicas e educativas com base na prevenção dos agravos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis e promoção a saúde. a Acreditamos assim que, desta forma, estamos no caminho certo para que no futuro possamos visualizar uma mudança na realidade das doenças crônicas não transmissíveis em nosso munícipio.

 

Apêndice:

Quadro 1: Registro de pacientes com hipertensão arterial e diabetes com complicações e tratamento 

Fonte: próprio autor 

 

Referencias:

BRASIL. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_37.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2018.

TELESSAÚDERS-UFRGS. Calculadora de Risco Cardiovascular. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/telessauders/desenvolvimento/aplicativos/calculadora-de-risco-cardiovascular/>. Acesso em: 22 jul. 2017.

 

 

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