18 de setembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

     

                          TITULO: Intervenção educativa para modificar fatores de risco da hipertensão arterial em pacientes idosos . UBS Castanheira,Laranjal do Jari /AP .

 

                                           ESPECIALIZANDO :EDITH DOLORES DE ARMAS MUÑOZ 

                                           ORIENTADOR  :    CLEYTON CEZAR SOUTO SILVA 

 

As Doenças Crônicas não transmissíveis (DCNT) são as principais causas de mortes no mundo, e tem gerado elevado número de mortes prematuras, perda de qualidade de vida com alto grau de limitação nas atividades de trabalho e de lazer, além dos impactos econômicos para as famílias, comunidades e a sociedade em geral, agravando as iniquidades e aumentando a pobreza (BRASIL, 2011).

     As Equipes de Saúde da Família apresentam-se com papel fundamental no que se refere a atenção integral aos portadores de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) ,com vistas ao fortalecimento da relação de vínculo entre usuários e equipe , conscientizando o usuário do seu  protagonismo no seu processo de saúde , devendo atuar perante o princípio da  equidade na busca  da qualidade de vida dos usuários ( BRASIL,2007).

      A Estratégia de Saúde da Família de minha UBS,  realizou  uma reunião para  refletir como está sendo desenvolvida a atenção à saúde das pessoas vivendo com doenças crônicas não transmissíveis do território ,utilizando o Programa de melhoria do Acesso e da Qualidades da Atenção Básica -PMAQ como ferramenta que reforça essa necessidade  na Dimensão Educação Permanente, processo de trabalho e Atenção integral à Saúde na Subdimensão Atenção integral à  Saúde .

     Esta atividade com os membros da equipe, foi para nortear pelas prioridades do PMAQ como está sendo feito as ações no  acesso e qualidade  da atenção e organização do processo de trabalho à saúde das pessoas com  Doenças Crônicas  não transmissíveis na unidade de saúde na perspectiva da integralidade, responsabilidades sanitárias e continuidade de atenção, para uma melhor organização dos serviços da UBS, contribuindo para a consolidação de uma unidade de saúde de qualidade .

     A Estratégia de Saúde da Família de minha unidade reconhece, identifica e mantém registro atualizado das pessoas com doenças crônicas não transmissíveis mais prevalentes, como por exemplo: hipertensão, diabetes, obesidade, DPOC. Analisando periodicamente a população cadastrada, considerando as prevalências estimadas para o território e seus fatores de risco. Além contempla em sua rotina de trabalho a identificação dessas condições por meio de rastreamento, avaliação de sinais e sintomas e avaliação antropométrica.

     Neste cuidado  de atenção à saúde ás pessoas com hipertensão, diabetes e obesidade com base na estratificação de risco,  a equipe de saúde desenvolve ações e para isso, considera o  risco cardiovascular , o controle dos níveis pressóricos e/ou glicêmicos , a motivação da pessoa, adesão e resposta ao tratamento, presença de fatores de risco, outras doenças associadas, o suporte familiar e social e o grau de autonomia para o autocuidado .

      A equipe de saúde programa o cuidado continuado para o controle das doenças crônicas não transmissíveis (frequência de consultas, grupos e exames) baseando-se na estratificação de risco, nas necessidades individuais e nos determinantes sociais da saúde e não limita dias específicos na agenda para cuidado das pessoas com doenças crônicas.

      Além oferece opções de grupos terapêuticos e de atividades educativas sobre alimentação saudável e incentivo à prática de atividade físicas em outros espaços do território e pactua metas factíveis do plano de cuidado, considerando grau de confiança e recursos individuais para mudanças de comportamento.

     Depois dessas reflexões sobre às ações de atenção à saúde às pessoas com hipertensão, diabetes e obesidade com base na estratificação de risco desenvolvidas por minha equipe de saúde na organização do cuidado especialmente direcionado às condições crônicas não transmissíveis podemos dizer que entre as Atividades Exitosas que a equipe desenvolve estão as estratégias de ação e promoção da saúde para o enfrentamento dos principais fatores de risco para a descompensação de hipertensão arterial nos idosos  .

     Durante o trabalho da equipe na comunidade Castanheira, que se localiza no município de Laranjal do Jari, tem sido verificado a presença de muitos pacientes idosos com hipertensão arterial descompensada, devido a existência de fatores de risco identificados nas consultas e nas visitas domiciliares. A maioria dos pacientes realiza tratamento diariamente, no entanto, seus estilos de vida não são adequados para a manutenção da boa saúde, a exemplo de uma alimentação inadequada, falta de atividade física, o tabagismo, o etilismo dentre outros. Estes pacientes, depois de manterem níveis pressóricos normais, abandonam o tratamento, o que pode conduzir a uma descompensação da hipertensão arterial. Todos estes fatores de risco ocasionam descompensação da hipertensão arterial e estão relacionados, também, às condições de baixa renda, a baixa escolaridade e ao desconhecimento das complicações da referida doença.

     Neste contexto, emergiu o interesse em desenvolver a atividade que tem como finalidade promover intervenções educativas para minimizar o efeito dos fatores de risco na hipertensão arterial em idosos assistidos na referida unidade de saúde da família.

     Esta ação é desenvolvida, por meio de atividades educativas de promoção e prevenção de saúde, com participação dos pacientes em conversas de grupos, palestras na sala de espera, rodas de conversa interativas e incorporação dos pacientes a grupos de práticas de exercícios físicos, obtendo estilos de vida mais saudável na comunidade para um melhor controle desta doença. Para a realização da atividade, são feitas visitas domiciliares, como também exame físico e consultas programadas. Participam das atividades de intervenção, todos os pacientes maiores de 60 anos hipertensos com níveis elevadas de pressão arterial, de ambos os sexos, cadastrados na ESF. A ação aborda questões como a dieta, estilo de vida, atividade física, peso corporal, uso de medicamentos e stress emocional.

     Promover estilos de vida ativos é uma estratégia para desenvolver melhoria nos padrões de saúde e na qualidade de vida das pessoas. Estudos recentes demostram que trabalhar sobre os fatores de risco em conjunto com o tratamento medicamentoso da resultados importantes no controle da pressão arterial. A redução do peso e a menor ingestão de sódio e álcool, associados às práticas corporais, podem reduzir em até 10 mmHg a pressão arterial sistólica (PAS). Indivíduos que não praticam atividade física ou indivíduos sedentários têm um risco 30% a 50% maior de desenvolver (RAYMUNDO,2014).

     Assim, é necessário trabalhar sobre a hipertensão arterial sistêmica no grupo de idosos, por meio de estratégias educativas que apoiam o trabalho de atenção à saúde e garantam um acesso a mesma. Para alcançá-lo deve-se trabalhar em equipe, de maneira interdisciplinar e combinar os métodos de controle clínico com ações educativas de prevenção.

     Para a execução da Estratégia de intervenção, a equipe da saúde trabalha com uma agenda frequente de palestras e círculos de cultura, com o objetivo de modificar o estilo de vida das pessoas e atenuar os fatores de risco relacionados com a descompensação da hipertensão arterial.

     As principais ações desenvolvidas na Estratégia de intervenção são:

– Identificação entre os pacientes cadastrados assistidos na unidade de saúde, os indivíduos maiores de 60 anos com hipertensão arterial descompensada e encaminhá-los para consulta do médico e da enfermeira, incluindo verificação de pressão arterial, peso, medicamentos utilizados, informações a respeito da rotina do tratamento, da prática de exercício físico e tipo de dieta;

– Após a coleta de dados dos idosos com níveis de pressão arterial elevada, realiza-se o recrutamento destes pacientes, por meio da colaboração dos agentes de saúde. Em seguida, programa-se uma reunião com o grupo cadastrado e são definidos os temas de interesse para a realização das atividades de promoção de saúde, como também para conhecer os principais fatores de risco para a descompensação da hipertensão arterial nos pacientes maior de 60 anos.

Também são considerados os relatos dos pacientes em relação ao tempo da doença, uso diário de medicação, tipo de dieta, prática de exercício físico, ambiente familiar e descanso adequado.

– Após a identificação dos fatores de risco, que são a causa da descompensação da hipertensão arterial, são desenvolvidas ações de promoção de saúde (palestras, debates, oficinas, círculos de cultura) entre os pacientes de forma a modificar seus hábitos de vida e melhorar sua saúde.

– E a avaliação das ações desenvolvidas: sendo assim que todas as informações obtidas nas conversas são recopiladas e analisadas pela equipe de saúde. Desta forma identificamos quais são os idosos com mais riscos de saúde para desenvolver a Hipertensão Arterial e por tanto nosso trabalho será feito dirigido a aqueles pacientes que mais precisam mudar seu estilo de vida e assim diminuir os fatores de risco para essa doença.

            A equipe aprendeu nesta microintervenção que a abordagem integral dessa patologia (Hipertensão Arterial Sistêmica dos pacientes idosos) inclui não só a atenção integral aos doentes, mas a identificação precoce e modificação dos fatores de risco que poderão desencadear o processo patológico muito anos depois.

     As principais dificuldades percebidas pela equipe nesta atividade é que existem lacunas no que concerne às ações de saúde que estimulem a adoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis para modificar fatores de risco que contribuem para o aumento da pressão arterial em pacientes maior de 60 anos.

     Como potencialidade pudemos nos dar conta que esta atividade contribuiu de forma valiosa para nossa aprendizagem enquanto profissionais de saúde, pois permitiu o desenvolvimento de olhares mais sensíveis às peculiaridades de cada ser, trazendo a compreensão da relevância e singularidade de um indivíduo, diante da sua realidade de vida.

     Espera-se desta atividade reduzir o número de fatores de risco na Hipertensão Arterial Sistêmica dos pacientes idosos da UBS Castanheira, através da implantação de estratégias de saúde e gerando mudanças no estilo de vida. Isso será benéfico para a qualidade de vida e bem-estar dos envolvidos, suas famílias e sistema de saúde como um todo. Também  espera-se contribuir com a autorreflexão sobre o tema da atividade e  com a identificação da sensibilidade das informações adquiridas por meio de mudanças das  dietas alimentares na quantidade e qualidade corretas, estímulo a um ambiente familiar saudável, aprendizado de convivência com a doença e da importância do acompanhamento médico mensal, como também manutenção de uma autoconsciência de que melhorando a saúde, evita-se complicações da hipertensão arterial descompensada, e dessa forma, oferecer uma melhor qualidade de vida aos pacientes.

     REFERÊNCIAS

___BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022.Brasilia :Ministério da Saúde ,2011.

 

___BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Á Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica .4. ed. Brasília :Ministério da Saúde ,2007.

 

___RAYMUNDO, A. C. N.; PIERIN A. M. G. Adesão ao tratamento de hipertensos em um programa de gestão de doenças crônicas: estudo longitudinal retrospectivo. Rev. Esc. Enferm. USP, 48(5): 811-9, 2014.

 

 

 

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