23 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Microintervenção VI: Controle das Doenças Crônicas Não Transmissíveis na Atenção Básica

 As condições de saúde podem ser definidas como as circunstâncias na saúde das pessoas que se apresentam de forma mais ou menos persistentes. Tradicionalmente trabalha-se em saúde com o conceito das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que no geral possuem evolução lenta. Usualmente, apresentam múltiplas causas que variam no tempo, incluindo hereditariedade, estilos de vida, exposição a fatores ambientais e a fatores fisiológicos (MENDES EV, 2011).

As doenças crônicas quando não recebem tratamento e prevenção adequados, levam o paciente a desenvolver mais sintomas e consequentemente perda da capacidade funcional. As principais condições crônicas não transmissíveis que podemos destacar são as doenças cardiovasculares (diabetes e hipertensão arterial sistêmica primária), cânceres e as doenças respiratórias crônicas (BRASIL, 2009).

Em reunião com a equipe do PSF, discutimos as estratégias no atendimento aos pacientes vivendo com DCNT, baseado no questionário do Programa de melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) (Quadro 1). Na nossa unidade de saúde, em relação às DCNT, temos majoritariamente diabéticos e hipertensos. Semanalmente, reservamos um dia de atendimento para atender esses pacientes específicos, este dia é chamado de HIPERDIA. Neste dia, renovamos as receitas dos anti-hipertensivos e antidiabéticos dos pacientes, fazemos orientações sobre a posologia de tais medicamentos, sobre mudanças no estilo de vida através de uma alimentação saudável, realização de atividades físicas regulares, abandono do tabagismo e redução do consumo excessivo do álcool. Além disso, é feita a aferição da pressão arterial de todos os pacientes e da glicemia capilar dos pacientes diabéticos. É feito o cálculo do índice de massa corporal (IMC) e quando um paciente tem (IMC ≥ 30 kg/m2) buscamos as possíveis causas da obesidade, solicitando exames complementares e encaminhando para a referência. Existe uma parcela de pessoas que são impossibilitadas de ir ao posto de saúde devido a limitações de saúde. Para estes pacientes, realizamos a visita domiciliar, juntamente com a equipe e o agente de saúde responsável.

Alguns dos nossos pacientes apresentaram dificuldade no controle do diabetes e/ou da hipertensão arterial, apesar da otimização das medicações e da mudança no estilo de vida. Sendo assim, fazemos o encaminhamento para avaliação de especialistas (nutricionista, endocrinologia e cardiologia principalmente). Tivemos alguns casos de pacientes diabéticos e hipertensos que foram resistentes ao tratamento, e evoluíram com complicações cardiovasculares e neurológicas. Com o intuito de evitar que tais complicações pudessem acometer outros pacientes, organizamos algumas palestras que seriam ministradas por mim, pela enfermeira e por uma nutricionista. Os temas abordariam a definição de hipertensão arterial e do diabetes mellitus, todos os sinais e sintomas, diagnóstico e formas de tratamento. Realizamos o evento no posto de saúde e fizemos uso de projetor de imagem e computador para as apresentações. Além disso, organizamos um lanche que foi oferecido para todos os presentes. Este lanche era composto de frutas e alimentos saudáveis. A palestra principal foi ministrada por uma nutricionista convidada do município, onde ela focou nos hábitos alimentares saudáveis que os pacientes hipertensos e diabéticos precisavam ter e das restrições alimentares, como uma forma de auxiliar tanto na prevenção quanto no tratamento da hipertensão arterial e do diabetes mellitus. Foi dada oportunidade para a participação de todos, através de perguntas, debates e sugestões.

Enfim, um dos maiores desafios diz respeito ao caráter multidisciplinar do cuidado aos usuários com DCNT, pois é através de uma equipe completa que se pode proporcionar de maneira mais eficaz um exímio cuidado a esses pacientes. Outro ponto a se considerar, é a conscientização e a participação de toda a comunidade, no intuito de proporcionar uma boa evolução e controle das DCNT.

 

Quadro 1: Questionário

QUESTÕES

Em relação às pessoas com HIPERTENSÃO ARTERIAL

Em relação às pessoas com DIABETES MELLITUS

SIM

NÃO

SIM

NÃO

A equipe realiza consulta para pessoas com hipertensão e/ou diabetes mellitus?

X

 

X

 

Normalmente, qual é o tempo de espera (em número de dias) para a primeira consulta de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes na unidade de saúde?

1 dia

1 dia

A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão?

X

 

X

 

A equipe avalia a existência de comorbidades e fatores de risco cardiovascular dos usuários hipertensos?

X

 

X

 

A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?

X

 

X

 

Em relação ao item “A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe utiliza alguma ficha de cadastro ou acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e ou diabetes mellitus?

X

 

X

 

A equipe realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial?

X

 

X

 

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com hipertensão arterial sistêmica em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

X

 

X

 

A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?

X

 

X

 

Em relação ao item “A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe coordena a fila de espera e

acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção?

X

 

X

 

A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?

X

 

X

 

 

Em relação ao item “A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com Diabetes mellitus em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

X

 

X

 

A equipe realiza exame do pé diabético periodicamente nos usuários?

X

 

X

 

A equipe realiza exame de fundo de olho periodicamente em pessoas com diabetes mellitus?

 

X

 

X

EM RELAÇÃO À ATENÇÃO À PESSOA COM OBESIDADE

QUESTÕES

SIM

NÃO

A equipe realiza avaliação antropométrica (peso e

altura) dos usuários atendidos?

X

 

Após a identificação de usuário com obesidade

(IMC ≥ 30 kg/m2), a equipe realiza alguma ação?

X

 

Se SIM no item anterior, quais ações?

QUESTÕES

SIM

NÃO

Realiza o acompanhamento deste usuário na UBS

X

 

Oferta ações voltadas à atividade física

X

 

Oferta ações voltadas à alimentação saudável

X

 

Aciona equipe de Apoio Matricial (NASF e outros) para apoiar o acompanhamento deste usuário na UBS

X

 

Encaminha para serviço especializado

X

 

Oferta grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso

X

 

           

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.MENDES EV. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2011.

2. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico, Vigitel 2007. Brasília: SVS/Ministério da Saúde; 2009.

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