TÍTULO: Impacto do controle das Doenças Crônicas Não Transmissíveis na equipe de saúde 024 da policlínica Alberto lima.
ESPECIALIZANDO: ARIESEL REYES ACEDO.
ORIENTADOR: CLEYTON CÉZAR SOUTO SILVA.
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (cardiovasculares, respiratórias crônicas e diabetes) são responsáveis por cerca de 70% de todas as mortes no mundo, estimando-se 38 milhões de mortes anuais. Desses óbitos, 16 milhões ocorrem prematuramente (menores de 70 anos de idade) e quase 28 milhões, em países de baixa e média renda. Evidências indicam aumento das DCNT em função do crescimento dos quatro principais fatores de risco (tabaco, inatividade física, uso prejudicial do álcool e dietas não saudáveis). Assim, a intervenção nos fatores de risco, resultaria em redução do número de mortes em todo o mundo. (Geneva 2012)
A epidemia de DCNT resulta em consequências devastadoras para os indivíduos, famílias e comunidades, além de sobrecarregar os sistemas de saúde. Estudos apontam que as DCNT afetam mais populações de baixa renda, por estarem mais vulneráveis, mais expostas aos riscos e terem menor acesso aos serviços de saúde e às práticas de promoção à saúde e prevenção das doenças.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) avalia que as pessoas com DCNT têm sua situação de pobreza agravada, pelos maiores gastos familiares com a doença pela procura de serviços, dentre outros. Os custos socioeconômicos associados com DCNT têm repercussão na economia dos países, sendo estimados em US$ 7 trilhões, durante 2011-2025, em países de baixa e média renda.
Assim, a redução global das DCNT é uma condição necessária para o desenvolvimento do século. (Geneva 2012)
A principal causa de atendimento tanto nas consultas como nas visitas domiciliares na policlínica Alberto Lima de Santana é constituída pelas Doenças Crônicas Não Transmissíveis dentro delas tem papel fundamental a Hipertensão Arterial, Diabetes melitus, Crônicas respiratórias, Obesidade entre outras.
Estudos têm revelado que o aumento da incidência das doenças crônicas não-transmissíveis – DCNT (doenças cardiovasculares, cérebro-vasculares, cânceres, hipertensão arterial, Diabetes Mellitus, cárie dental, osteoporose entre outras) representam cerca de metade de todos os óbitos ocorridos. As doenças cardiovasculares e o Diabetes Mellitus (DM) têm destacada posição nesses coeficientes de morbimortalidade. A educação em saúde para grupos de portadores de doenças específicas aumenta a conscientização sobre a doença, o número de indivíduos diagnosticados e em tratamento. Consequentemente, possibilita melhor controle da doença e até diminuição das complicações. (Brasil 1997)
As DCNT compartilham diversos fatores de risco, como hereditariedade, raça, sexo, tabagismo, consumo excessivo de álcool, dislipidemias, consumo insuficiente de frutas, legumes e verduras e sedentarismo. A inatividade física e o excesso de peso são responsáveis, respectivamente, por 3,2 e 2,8 milhões de mortes/ano. Ao tabagismo e ao consumo abusivo de álcool são atribuídas 2,3 e 6 milhões de mortes ao ano. O monitoramento das DCNT e de seus fatores de risco é prioridade no Brasil, e acompanha os esforços globais que estão sendo desenvolvidos. (Carvalho 2018)
A microintervenção deste módulo tem como objetivo fundamental melhorar a qualidade do atendimento na assistência de pacientes portadores de Doenças Crônicas Não Transmissíveis mediante a diminuição dos fatores de risco, para assim contribuir na melhora da qualidade de vida destes pacientes.
Primeiramente foi convocada uma reunião da equipe onde participaram todas as ACS, técnica de enfermagem, enfermeira e eu como médico onde se discutiram o papel de cada membro no atendimento integral das DCNT principalmente na participação das ações para combater os fatores de risco que aumentam a incidência e mortalidade deste tipo de doenças na comunidade e população em geral, daí que foi necessário traçar um plano de ação onde cada ACS tem um papel fundamental. Foi preciso fazer uma capacitação sobre os principais fatores de risco de cada doença tomando medidas de educação, prevenção e promoção de saúde.
Nossa equipe realiza diariamente a pesquisa, controle e tratamento de todos os pacientes com diagnóstico de Hipertensão Arterial e Diabetes Melitus tanto em consultas agendadas, demanda espontânea e visitas domiciliares e o tempo de espera para ser consultados depende do momento que ele chega para ser agendado ou visitado, mas não ultrapassa os 7 dias.
Todos os pacientes com hipertensão e diabetes são registrados para controle e seguimento tendo um controle especial em pacientes diabéticos e hipertensos que possui um risco aumentado.
A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão sendo também avaliados a existência de comorbidades e fatores de risco cardiovascular dos usuários hipertensos para definir um tratamento individualizado a cada paciente.
Uma das dificuldades encontradas durante a realização desta microintervenção foi que a equipe não utiliza alguma ficha de cadastro ou acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e ou diabetes mellitus definidas para esse fins. Foi convocada uma reunião de equipe novamente para entre todos construir uma ficha de cadastro e acompanhamento deste tipo de pacientes.
Uma das complicações mais frequentes da hipertensão arterial são as doenças cardiovasculares é por isso que fazemos acompanhamento e busca ativa em cada consulta programando as consultas e exames em função da estratificação de risco individual.
Os pacientes hipertensos e diabéticos que são avaliados em nossas consultas e precisam de ser encaminhados para outras especialidades além de ficar registrados tem um acompanhamento por parte da equipe de saúde já que nossa policlínica tem outros especialistas como nutricionistas, psicólogos, ortopedista, cirurgião geral que prestam seus serviços para toda a população.
O Diabetes Mellitus (DM) tem sido considerado um dos principais problemas de saúde pública, visto que se encontra em ascendência no que diz respeito a índices alarmantes de pessoas afetadas pelas incapacitações e por mortalidade prematura, como também aos custos envolvidos no seu controle e no tratamento de suas complicações. Trata-se de uma das condições crônicas não transmissíveis mais comuns em todo o mundo. O DM tem se constituído na atualidade como uma gravíssima patologia do ponto de vista da prevalência, incidência e morte prematura. Nota-se que as complicações do DM crescem com o passar dos anos, assim, inteirar-se desta realidade pode ser uma estratégia para elaborar ações que reduzam seu surgimento precocemente. As particularidades sociodemográficas e clínicas, junto com o planejamento de ações prévias, podem direcionar o gerenciamento do cuidado e programas educativos pela equipe de saúde. (BRASIL 2006)
É por isso que nossa equipe programa as consultas e exames de pessoas com Diabetes mellitus em função da estratificação dos casos e realiza exame do pé diabético e fundo de olho periodicamente para detectar as complicações que tão frequentemente acontecem em eles.
Em cada uma das consultas médicas os usuários são avaliados antopométricamente (peso e altura) calculando o índice de massa corporal (IMC) de cada um, no caso que seja identificado um paciente com (IMC≥ 30 kg/m2) é acompanhado e encaminhado para outros serviços como nutricionista, endocrinologistas, psicólogos no caso que seja necessário.
Outra das dificuldades encontradas foi que a equipe não oferta grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso, porem foi constituída um grupo de educação chamado “Exercita Santana” com a participação de um professor de educação física que funciona todas segundas férias no horário de 5 a 7 da tarde, tendo uma ampla participação de todas as pessoas da comunidade que desejam perder peso e realizar atividade física.
A partir da realização desta microintervenção e devido à alta incidência das DCNT em nosso território a equipe realiza estratégias diferenciadas de busca ativa, todas terças feiras tem uma palestra sobre temas relacionados com a promoção de estilos de vida saudáveis profundando nos fatores de risco, com a participação de outros profissionais como nutricionistas psicólogos, os principais temas estão relacionados com:
Importância de levar uma alimentação saudável
Benefícios da prática de atividade física para prevenção de doenças
Evitar o consumo excessivo de álcool
Como combater o tabagismo na comunidade
Entre outras, todas encaminhadas a diminuir a presença de fatores de risco que contribuíram a aparição de DCNT.
Com a realização desta microintervenção a equipe levou uma experiência muito boa já que ajudou a desenvolver estratégias que permitiram melhorar a qualidade no atendimento dos pacientes com DCNT de nosso território tendo uma atenção diferenciada aos fatores de risco pela importância que eles tem na produção deste tipo de doenças.
BIBLIOGRAFÍA
1. Geneva. World Health Organization. Health statistics and information systems: estimates for 2000-2012. Geneva: WHO; s.d. [citado 2014 nov 3].
2. Brasil. Ministério da Saúde. Programa Saúde da Família. Brasília (DF): Secretaria de Assistência a Saúde; 1997.
3. Carvalho, SPS, Cesse, EDP, Lira, Pedro Israel Cabral, Rissin, A., Cruz, RSBLC, Batista Filho, M.. Doenças crônicas não transmissíveis e fatores associados em adultos numa área urbana de pobreza do Nordeste Brasileiro.. Cien Saude Colet (2018/Fev).
4. BRASIL. Ministério da Saúde. Diabetes mellitus. Brasília: Ministério da Saúde. (Cadernos de Atenção Básica, n. 16) (Série A. Normas e Manuais Técnicos). 2006.
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