2 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

  TÍTULO: Organização da atenção para o Controle das Doenças Crônicas Não     Transmissíveis na ESF VI Parque das Luzes.

  ESPECIALIZANDO: Ana Lucia Pena Paredes.

  ORIENTADORA: Maria Helena Pires Araújo Barbosa,

         A organização da atenção às pessoas com hipertensão, diabetes e obesidade com base na estratificação do risco é um dos indicadores importantes no Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ – AB) como é apontado no Padrão 4.29 da Autoavaliação pra Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (AMAQ). Sendo assim é preciso garantir o controle adequado dessas doenças crônicas não transmissíveis para alcançar melhor qualidade de vida. Refletindo que nossa unidade básica ainda tem algumas dificuldades na organização da atenção a essas doenças, desenvolvemos uma microintervenção. O objetivo é melhorar a organização da atenção das pessoas com hipertensão arterial, diabetes e obesidade.

          A equipe realiza consulta para pessoas com hipertensão arterial e diabetes. Não obstante existem alguns faltosos as consultas programadas. As consultas estão feitas no prontuário individual destes doentes. Existe o livro de registro onde estão cadastrados os mesmos e está agendado o retorno à consulta, mas não possui um registro dos usuários com maior risco ou gravidade para hipertensão arterial e diabetes.

          Normalmente o tempo de espera para a primeira consulta é mínimo; O mesmo dia é avaliado pela enfermeira e dependo das caraterísticas do caso e os fatores de riscos associados são encaminhados para a consulta médica ou agendados com tempo máximo de sete dias. São utilizados os protocolos para estratificação de risco e a existência de comorbidades de risco cardiovascular.

            A equipe utiliza ficha de cadastro e acompanhamento das pessoas com hipertensão arterial e/ou diabetes e realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial. São programadas as consultas e os exames complementares em função da estratificação dos casos. É coordenada a fila de espera dos usuários com diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outro ponto de atenção, mas temos dificuldades no acompanhamento, pois geralmente não recebemos a contrareferência.

            No caso das pessoas diabéticas, nas consultas programadas, realizamos como parte do exame físico o exame periódico dos pés ressaltando a importância do autocuidado. Não realizamos exame de fundo de olho na Unidade Básica por não existir oftalmoscópio, e por isso os usuários são encaminhados para a consulta de oftalmologia.

            Em relação à atenção às pessoas com obesidade, a equipe realiza avaliação antropométrica de todos os usuários que são atendidos na UBS e após a identificação de usuários com índice de massa corporal igual ou acima de 30 kg/m2 realizamos atividades de acompanhamento como: oferta de ação voltada à atividade física e alimentação saudável, em atividades que geralmente são realizadas com o apoio matricial; Encaminhamos os usuários que necessitam de acompanhamento de alguma especialidade e ofertamos grupos de educação em saúde para pessoas que querem perder peso. Ressalta-se que é um pouco trabalhoso o acompanhamento daqueles usuários obesos que não tem outras doenças crônicas não transmissíveis associadas.

            Na construção da microintervenção o primeiro passo foi uma reunião de equipe de saúde onde foram identificadas como fragilidades: a equipe não possuir um registro dos usuários de maior risco ou gravidade para hipertensão arterial e diabetes; Ausência de alguns usuários às consultas programadas; Pouca percepção de risco dos obesos que não tem outras doenças crônicas associadas. Como potencialidades foram identificadas a existência de programação de consultas para hipertensos e diabéticos; Tempo mínimo de espera para a primeira consulta desses indivíduos; Utilização dos protocolos para estratificação dos riscos.

          Posteriormente, elaboramos uma matriz de intervenção (quadro 11). As estratégias foram planejar ações para melhorar a atenção das pessoas com hipertensão arterial, diabetes e obesidade. Para isso foram desenvolvidas atividades como: elaboração do registro de usuários com maior risco ou gravidade de hipertensão arterial e diabetes; Busca ativa dos faltosos às consultas programadas; Incorporação dos indivíduos obesos que não tem outras doenças crônicas não transmissíveis associadas ao grupo do HIPERDIA.

            Os recursos humanos necessários para o desenvolvimento das atividades foram: Médica, enfermeira, técnica de enfermagem, cirurgião dentista, técnica de saúde bucal, ACS. Os recursos matérias foram os prontuários, fichas de atendimento, protocolos de doenças crônicas não transmissíveis, fita métrica e estadiômetro vertical. Já os recursos tecnológicos foram computador e Datashow como meios auxiliares nas palestras do grupo de HIPERDIA.

        O prazo da microintervenção foi de 30 dias do mês de setembro e os mecanismos de avaliação consideraram o registro atualizado dos usuários com maior risco ou gravidade de hipertensão arterial e diabetes; O número de consultas programadas realizadas e a quantidade de obesos que não tem outras doenças crônicas associadas que participarem nas atividades do grupo de HIPERDIA. Para isso elaboramos um instrumento para avaliar e monitorar o padrão (quadro 12) e respondemos a um questionário que pautou-se nas ações preconizadas pelo Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), conforme pode ser observado no quadro 13.

Quadro 13: Questionário sobre a atenção às DCNT na ESF VI Parque das Luzes

 

Em relação às pessoas com HIPERTENSÃO ARTERIAL

Em relação às pessoas com DIABETES MELLITUS

QUESTÕES

SIM

NÃO

SIM

NÃO

A equipe realiza consulta para pessoas com hipertensão e/ou diabetes mellitus?

 

x

 

 

 

Normalmente, qual é o tempo de espera (em número de dias) para a primeira consulta de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes na unidade de saúde?

 

7 dias

 

7dias

 

A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão?

 

x

 

x

 

A equipe avalia a existência de comorbidades e fatores de risco cardiovascular dos usuários hipertensos?

 

x

 

x

 

A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?

 

 

 

 

x

 

x

A equipe utiliza alguma ficha de cadastro ou acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus?

 

 

x

 

x

 

A equipe realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial?

 

x

 

 

 

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com hipertensão arterial sistêmica em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

 

x

 

 

 

A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?

 

 

x

 

 

A equipe coordena a fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção?

 

x

 

x

 

A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?

 

 

 

 

x

 

x

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com diabetes mellitus em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

 

 

 

x

 

A equipe realiza exame do pé diabético periodicamente nos usuários?

 

 

 

x

 

A equipe realiza exame de fundo de olho periodicamente em pessoas com diabetes mellitus?

 

 

 

 

x

EM RELAÇÃO À ATENÇÃO À PESSOA COM OBESIDADE

 

QUESTÕES

SIM

NÃO

A equipe realiza avaliação antropométrica (peso e altura) dos usuários atendidos?

x

 

Após a identificação de usuário com obesidade (IMC≥ 30 kg/m2), a equipe realiza alguma ação?

x

 

Se SIM no item anterior, quais ações?

QUESTÕES

SIM

NÃO

Realiza o acompanhamento deste usuário na UBS

x

 

Oferta ações voltadas à  atividade física

x

 

Oferta ações voltadas à alimentação saudável

x

 

Aciona equipe de Apoio Matricial (NASF e outros) para apoiar o acompanhamento deste usuário na UBS

x

 

Encaminha para serviço especializado

x

 

Oferta grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso

x

 

 

            Na execução da microintervenção a equipe elaborou o registro dos usuários com maior risco ou gravidade para hipertensão arterial e diabetes, foi feito por microárea para facilitar à busca ativa dos faltosos as consultas programadas. Os ACS trabalharam na mobilização dos obesos que não tinham outra doença crônica associada para a incorporação nas atividades do grupo de HIPERDIA, o que permitiu a troca de experiências entre os participantes. Além disso, no grupo de HIPERDIA foram reforçadas as ações educativas sobre a importância da alimentação saudável e prática de exercício físico para o melhor controle das doenças crônicas não transmissíveis.    

            Com a microintervenção aprendemos que o acompanhamento adequado das doenças crônicas não transmissíveis ajuda na mudança do estilo de vida para um estilo de vida saudável, o qual favorece o controle das doenças crônicas não transmissíveis.

            Durante a microintervenção as principais dificuldades encontradas estavam associadas à falta de registro dos usuários com hipertensão arterial e diabetes de maior risco ou gravidade; Ausência de alguns usuários as consultas agendadas; Não existências de oftalmoscópio na unidade básica, motivo pelo qual os usuários são referenciados para a consulta de oftalmologia e a maioria das vezes não têm a contrareferência; E pouca percepção do risco dos obesos que não tem outras doenças crônicas não transmissíveis sobre a necessidade de um estilo de vida saudável.

            Os impactos alcançados foram: atualização sistemática dos registros dos usuários hipertensos e diabéticos com maior risco ou gravidade. Diminuição das ausências às consultas programadas; Incorporação ao grupo de HIPERDIA de uma quantidade significativa de obesos que não tem outras doenças crônicas associadas o que permitiu melhor adesão ao estilo de vida saudável.

            A atividade exitosa da equipe foi o funcionamento do grupo de HIPERDIA por meio do trabalho compartilhado com o NASF – AB. Com a continuidade da microintervenção projetamos melhorar a organização da atenção às pessoas com hipertensão arterial, diabetes e obesidade como parte do aperfeiçoamento do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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