Título: Controle das Doenças Crônicas Não Transmissíveis e a importância da mudança do estilo de vida
Especializando: Ana Lúcia Lins Pinto
Orientadora: Maria Helena Pires Araújo
Nossa sexta microintervenção trata-se das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT´s) na Atenção Primária e foi dividida em etapas. A primeira etapa consiste na resolução de um questionário norteado pelas prioridades exigidas pelo PMAQ/AB e foi disponibilizado pela plataforma do Ambiente Virtual de Aprendizagem do Sistema Único de Saúde (AVASUS), na biblioteca do módulo em questão. A segunda etapa baseia-se na descrição de como é realizada a atenção à saúde das pessoas vivendo com doenças crônicas em nossa UBS, incluindo a exposição de atividades as quais consideramos exitosas. E a terceira etapa consiste em um relato de experiência envolvendo todos os pontos acima.
À princípio foi recomendado pelo curso de especialização que a análise do questionário fosse feita por meio de reunião de equipe. Porém, como já mencionei anteriormente, a equipe em geral tem sido relutante em relação às microintervenções e não concordou em reservar turno ou horário para reunião alegando prejudicar o andamento dos atendimentos na UBS. Sendo assim, realizei a análise e respondi o questionário (individualmente) em um momento após os atendimentos de rotina do dia. Segue abaixo:
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Em relação às pessoas com HIPERTENSÃO ARTERIAL |
Em relação às pessoas com DIABETES MELLITUS |
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
SIM |
NÃO |
A equipe realiza consulta para pessoas com hipertensão e/ou diabetes mellitus?
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X
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X |
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Normalmente, qual é o tempo de espera (em número de dias) para a primeira consulta de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes na unidade de saúde?
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7 |
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7 |
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A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão?
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X |
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A equipe avalia a existência de comorbidades e fatores de risco cardiovascular dos usuários hipertensos?
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X |
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A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?
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X |
Em relação ao item “A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso. |
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A equipe utiliza alguma ficha de cadastro ou acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus?
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X |
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X |
A equipe realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial?
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X |
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A equipe programa as consultas e exames de pessoas com hipertensão arterial sistêmica em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?
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X |
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A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?
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X |
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Em relação ao item “A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso. |
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A equipe coordena a fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção?
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X |
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X |
A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?
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X |
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X |
Em relação ao item “A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso. |
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A equipe programa as consultas e exames de pessoas com diabetes mellitus em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?
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X |
A equipe realiza exame do pé diabético periodicamente nos usuários?
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X |
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A equipe realiza exame de fundo de olho periodicamente em pessoas com diabetes mellitus?
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X |
EM RELAÇÃO À ATENÇÃO À PESSOA COM OBESIDADE
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
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A equipe realiza avaliação antropométrica (peso e altura) dos usuários atendidos? |
X |
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Após a identificação de usuário com obesidade (IMC≥ 30 kg/m2), a equipe realiza alguma ação? |
X |
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Se SIM no item anterior, quais ações? |
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
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Realiza o acompanhamento deste usuário na UBS |
X |
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Oferta ações voltadas à atividade física |
X |
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Oferta ações voltadas à alimentação saudável |
X |
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Aciona equipe de Apoio Matricial (NASF e outros) para apoiar o acompanhamento deste usuário na UBS |
X |
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Encaminha para serviço especializado |
X |
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Oferta grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso |
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X
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Em nossa Unidade Básica de Saúde dispomos de um dia (manhã e tarde) por semana para atender essa demanda específica, o qual denominamos “hiperdia” (hipertensos e/ou diabéticos). Os agentes comunitários de saúde (ACS) se encarregam de agendar os pacientes de sua respectiva área e as demais vagas são preenchidas de acordo com a procura à UBS (por exemplo, nos atendimentos de demanda de livre quando a médica, enfermeira ou técnica de enfermagem nota a necessidade dessa consulta, já agenda para esse dia específico, ou durante uma renovação de receita, etc). Com a chegada do paciente à UBS é realizada uma “triagem” pela técnica de enfermagem (aferição de pressão arterial (PA), peso e altura para o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), já o HGT, apenas se solicitado pela médica devido material em constante falta) e o mesmo aguarda a consulta médica.
Durante a consulta é realizada a anamnese, exame físico completo (incluindo exame do pé diabético, que é feito de forma “improvisada” pois não dispomos de material ideal) e solicitado exames de rotina de acordo com a comorbidade e o retorno é agendado da mesma forma da primeira consulta e, dependendo do caso, combinado com o paciente o prazo para retornar para o acompanhamento. Normalmente o tempo de espera para a primeira consulta é de 7 dias, caso não seja urgência. É importante lembrar que devido à grande quantidade de portadores de DCNT, um dia por semana, muitas vezes, não é suficiente para atender à demanda, sendo os mesmos encaixados na demanda livre, o que resulta em diminuição da qualidade desse cuidado.
A equipe não dispõe de ficha de cadastro e acompanhamento dos pacientes portadores de HAS e DM, assim como não possui registro dos usuários com maior gravidade, de forma que todo acompanhamento é feito pelo prontuário individual. Caso haja a necessidade de encaminhamento para outro ponto de atenção (como exame periódico de fundo de olho para diabéticos, hipertensão de difícil controle e/ou associada a cardiopatia) é preenchida uma ficha de referência para o respectivo especialista e o paciente se encarrega de levar à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para agendamento. Vale salientar que raramente recebemos a contrarreferência, o que dificulta bastante o acompanhamento desses pacientes.
Dessa forma, ao analisar a dinâmica da nossa UBS e ao responder o questionário proposto, ficou claro que a equipe ainda precisa aprimorar vários aspectos em relação à atenção a esses pacientes, dentre os quais destaco as fichas de cadastro dos portadores de DCNT incluindo o registro de gravidade dos mesmos. No entanto, devido à resistência demonstrada pela equipe para realizar melhoria desses quesitos no momento, optei por detalhar sobre as atividades desenvolvidas em nossa UBS, as quais considero exitosas.
Em relação às ações desenvolvidas pela nossa Unidade Básica de Saúde CAIC, em Apodi-RN podemos destacar os encontros com os indivíduos com diagnóstico de DCNT que são realizados duas vezes ao ano e conta com a participação de toda a equipe (médica, enfermeira, dentista, agentes comunitários de sáude, etc), apoio do educador físico e nutricionista.
Esses eventos acontecem, geralmente, em uma igreja próxima à UBS (visto que não temos local que comporte a quantidade de pessoas na unidade) onde desenvolvemos palestras para uma melhor compreensão das doenças, abordando principalmente sobre a mudança de estilo de vida, tendo em vista que as DCNT são causadas, geralmente, por fatores modificáveis (alimentação inadequada, sedentarismo, consumo de tabaco e álcool, etc).
Seguem fotos de um desses eventos:
O educador físico também realiza atividades dinâmicas com objetivo de atrair a atenção do público, estimulando a participação da comunidade e focando nos benefícios da atividade física para a saúde e bem-estar. A dentista aproveita o momento para alertar sobre a saúde bucal e a importância do estilo de vida saudável.
Ao final de cada palestra os profissionais dedicam-se a orientar e esclarecer dúvidas geradas ao longo das apresentações. São realizadas também medições da PA, agendamentos para nutricionista, lanches e sorteios de brindes com o objetivo de estimular o comparecimento dos usuários aos eventos. A comunidade tem demonstrado muita satisfação e colabora bastante deixando suas opiniões sobre os temas para os próximos encontros.
É importante ressaltar que essas ações promovem uma grande aproximação do usuário com a equipe, contribuindo bastante para a manutenção do vínculo e melhoria na qualidade do cuidado.
Para concluir, em relação as dificuldades enfrentadas para execução dessa tarefa, destaco a falta de colaboração da equipe. Como eu já havia mencionado anteriormente, tem sido um desafio tentar mudar a rotina de trabalho daqueles com convicções adquiridas ao longo de décadas de trabalho. No entanto, acredito que aos poucos, observando as mudanças positivas na população, a equipe possa colaborar para um melhor desenvolvimento das ações e consequente avanço na qualidade da atenção para com a comunidade.
Ponto(s)