TITULO: AÇÕES DE SAÚDE REALIZADAS NA UBS MARIA VIRGINIA DE LEITE FRANCO (SE) PARA MELHORAR AS CONSULTAS DE PUERICULTURA.
ESPECIALIZANDA: YULIET DIAZ MARTINEZ.
ORIENTADORA: MARIA HELENA PIRES ARAUJO BARBOSA
A Estratégia da Saúde da Família (ESF) resgata a atenção primária como modo de ação tendo como centro de sua atuação a família, percebida a partir de seu ambiente físico e social, possibilita às equipes de saúde a compreensão ampliada do processo saúde- doença e da necessidade de intervenções que vão além da prática curativa.
Um dos principais objetivos da ESF é o cuidado com a saúde das crianças. Nesse sentido, várias ações ou estratégias foram incorporadas à política de saúde pelo Ministério da Saúde (MS) como a Atenção Integrada às Doenças Prevalentes da Infância (AIDPI), em 1996, e a Agenda de Compromissos com a Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil, em 2004. São ações de promoção do crescimento e desenvolvimento infantil saudáveis, enfocando a vigilância de saúde das crianças e o cuidado as doenças prevalentes (NOVACZYK et al., 2008)
A garantia de uma boa qualidade no atendimento à criança está no comprometimento em realizar puericultura seguindo o calendário mínimo proposto pelo MS. Torna-se imprescindível o esforço conjunto da equipe de saúde da família e da própria família da criança. A organização da assistência deve contemplar uma série de atividades programadas, incluindo o atendimento individual e coletivo de forma que o acesso ao serviço de saúde possa ser realidade nas unidades básicas de saúde. Todas as atividades devem estar centradas no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento que é o eixo da assistência à criança (MINAS GERAIS, 2004)
Na Unidade Básica de Saúde (UBS) em que eu trabalho, uns dos maiores desafios que hoje tem a nossa equipe é a realização das consultas de puericultura. O MS recomenda o seguinte esquema mínimo para as consultas de rotina: na 1a semana, no 1° mês, 2° mês, 4° mês, 6° mês, 9° mês, 12° mês, 18° mês e no 24° mês. A partir dos 2 anos de idade, as consultas de rotina podem ser anuais, próximas ao mês de aniversário. A programação das consultas da puericultura também vai depender da classificação de risco da criança.
O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento faz parte da avaliação integral à saúde da criança, propiciando o desenvolvimento de ações de promoção da saúde, de hábitos de vida saudáveis, vacinação, prevenção de problemas e agravos à saúde e cuidados em tempo oportuno. A puericultura é uma ferramenta fundamental para manter a saúde das crianças, tendo a equipe do programa de saúde da família um papel relevante já que dentro de suas rotinas de trabalho tem inserido a puericultura, ou seja, o acompanhamento da criança saudável.
Quando eu comecei a trabalhar na UBS há um mês e meio, uma das maiores dificuldades que percebi foi a pouca quantidade de crianças que compareciam a consulta de puericultura. Havia crianças que foram para a primeira consulta com 2 e até 3 meses de idade, sem que tenha sido avaliada enquanto era recém nascida. Para avaliar a atenção à saúde da criança na UBS em que atuo, foi realizado o preenchimento de um questionário norteado pelo Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ – AB), como pode ser observado no quadro 1.
QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
A equipe realiza consulta de puericultura nas crianças de até dois anos (crescimento/desenvolvimento)?
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X |
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A equipe utiliza protocolos voltados para atenção a crianças menores de dois anos?
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X |
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A equipe possui cadastramento atualizado de crianças até dois anos do território?
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X |
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A equipe utiliza a caderneta de saúde da criança para o seu acompanhamento?
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X |
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Há espelho das cadernetas de saúde da criança, ou outra ficha com informações equivalentes, na unidade?
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X |
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No acompanhamento das crianças do território, há registro sobre:
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
Vacinação em dia |
X |
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Crescimento e desenvolvimento |
X |
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Estado nutricional |
X |
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Teste do pezinho |
X |
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Violência familiar |
X |
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Acidentes |
X |
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A equipe acompanha casos de violência familiar conjuntamente com os profissionais de outro serviço (CRAS, Conselho Tutelar)?
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X |
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A equipe realiza busca ativa das crianças:
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
Prematuras |
X |
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Com baixo peso |
X |
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Com consulta de puericultura atrasada |
X |
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Com calendário vacinal atrasado |
X |
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A equipe desenvolve ações de promoção do aleitamento materno exclusivo para crianças até seis meses?
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X |
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A equipe desenvolve ações de estímulo à introdução de alimentos saudáveis e aleitamento materno continuado a partir dos seis meses da criança?
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X |
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Na reunião da equipe que eu participei foi exposta a minha preocupação sendo tema de controvérsias já que muitos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) falaram sobre a falta de comprometimento das mães em levar as crianças a todas as consultas, relatando que elas procuram a UBS quando a criança está doente.
Naquele momento expliquei para eles a importância do trabalho dos ACS no monitoramento das crianças faltosas às consultas e deles realizarem a busca ativa, assim como orientarem as mães sobre os cuidados básicos com o bebê e seu acompanhamento pela equipe de saúde. Além disso, sobre a captação das crianças com história de internamentos ou que necessitem ser monitoradas pela equipe.
Além disso, foi abordada a necessidade de atualizar todo mês o cadastramento das crianças, atividade que já era feita na UBS, assim como da criação dos prontuários das crianças recém-nascidas que geralmente é realizado quando elas chegam à UBS. Outro ponto é o planejamento da visita domiciliar nos primeiros sete dias após a alta hospitalar, para avaliação da mãe e do recém-nascido e identificação de riscos.
Diante disso, foi realizada uma palestra como uma ação para resgatar as consultas de puericulturas, onde participou uma boa quantidade de mães e foi explicado como é cronograma de trabalho da equipe. Na UBS há um dia para realização de consultas de puericultura, seja por médico ou enfermeiro, que são consultas programadas além de uma programação de visitas domiciliares. Além disso, foi discutido como são feitas as consultas, onde no momento primeiro há a anamnese e a história clínica da criança. Neste momento o objetivo é saber como é o comportamento da criança, coletar informações quanto ao sono, diurese e eliminações intestinais, apetite e alimentação. Faz-se o registro do cardápio e é lembrado aos familiares a importância do aleitamento materno exclusivo até seis meses de vida, e complementar até dois anos de idade. Ainda é avaliado o desenvolvimento psicomotor, as vacinas presentes na Caderneta de Saúde da Criança, o uso de medicamentos, identificação de fatores de riscos pré-natais ou neonatais e acidentes, violência familiar.
Em uma segunda etapa de exame físico são avaliados os dados antropométricos: peso, comprimento e perímetro cefálico. Se a criança é maior de dois anos, o peso e altura auxiliam a avaliação do crescimento e dever ser registrados os mesmos na Caderneta de Saúde da Criança. Desta forma, além de fazer um exame físico completo da criança, avaliando: estado geral, face, pele, crânio, olhos, orelhas e audição, nariz, boca, pescoço, tórax, respiratório, cardiovascular, abdome, genitália, anus e reto, sistema osteoarticular, coluna vertebral, avaliação neurológica.
Na terceira etapa são fornecidas orientações sobre a promoção da saúde e prevenção de doenças, desenvolvimento psicomotor, calendário vacinal, alimentação, saúde bucal a partir da primeira erupção dos dentes, assim como a importância também de ter uma avaliação pelo odontólogo, sinais de alerta do bebê e condutas médicas para o planejamento da próxima consulta.
Falamos também sobre a importância dos testes de triagem neonatal – os testes do pezinho, do olhinho, orelhinha e do coraçãozinho que permitem a identificação e intervenção precoces, prevenindo danos à saúde infantil. O teste do pezinho é realizado geralmente a partir do 3º dia de vida na UBS e ajuda a diagnosticar algumas doenças: como fenilcetonúria, hipotireodismo congênito, anemia falciforme, hiperplasia adrenal congênita, fibrose cística, deficiência de biotinidase.
Nossa atividade foi boa já que a mãe e demais familiares ficaram muito motivadas para começar a levar seus filhos para as consultas de puericultura. Depois da palestra a gente percebeu um aumento na quantidade de puericulturas realizadas, assim como maior comprometimento de toda a equipe com as ações propostas. Foi decidido que a equipe fará atividades com as grávidas a partir de 32 semanas de gestação para esclarecer dúvidas sobre os cuidados do bebê, abordar a importância do aleitamento materno exclusivo até seis meses de idade, o desenvolvimento da criança, a importância da captação precoce do recém-nascido, assim como da realização do teste do pezinho e das consultas de puericultura. O caminho para obter bons resultados é a união e a integração da equipe em todas as ações planejadas em parceria sempre com a gestão municipal de saúde e a comunidade.
Ponto(s)