TÍTULO: PARA UMA INFANÇA FELIZ: PLANEJAMENTO DA PUERICULTURA NA UBS SEDE I. INDIAROBA (SE)
ESPECIALIZANDO: SONIA EGLIS PINEIRO RODRIGUEZ
ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO
O acompanhamento da criança na UBS dá-se por meio da Consulta de Puericultura, com ações que priorizam a saúde, em vez da doença, a fim de manter a criança saudável e contribuir para seu pleno desenvolvimento (DEL CIAMPO et al, 2006).
A experiência a relatar trata-se da micro intervenção feita pela equipe da UBS SEDE I de Indiaroba no Estado Sergipe, no mês de abril quando foi proposta a realização de uma micro intervenção que leva como um ponto de partida a avaliação do Programa de Melhoria de Acesso e da Qualidade da Atenção Básica-PMAQ/AB. Nossa equipe avaliou todas as dimensões e subdimensões, atuando de imediato nos indicadores que atingiram baixa pontuação, elaborando estratégias para desenvolver ações que mudariam a situação.
Ao analisar a dimensão referente a atenção integral a saúde, a equipe apontou falhas no acompanhamento ao crescimento e desenvolvimento de crianças menores de dois anos da área de abrangência da UBS, preparou-se uma matriz de intervenção tendo como objetivo desenvolver ações assistenciais e educativas para que esta população tão vulnerável fosse acompanhada conforme estabelecido nos protocolos da atenção básica.
Para realizar a intervenção a primeira coisa que fizemos foi treinar a equipe. Foi necessário dotar a gente dos conhecimentos sobre o estabelecido no Protocolo de Atenção a Saúde da Criança, pois a equipe deve realizar no primeiro ano de vida da criança, pelo menos sete consultas de acompanhamento. Essas consultas acontecem na primeira semana e em no 1º, 2º, 4º, 6º, 9º e 12º mês, além de duas consultas no 2º ano da vida (BRASIL, 2012).
Nossa equipe tinha estabelecido no cronograma de trabalho só duas manhãs ao mês para realizar essas consultas sendo insuficiente para avaliar as crianças desta faixa etária pressentes na área de abrangência. A equipe decidiu fixar um dia a cada semana para a realização desta importante atividade, estabelecendo-se o dia de quinta feira alternando o local da ocorrência entre a UBS e os domicílios.
A assistência á saúde das crianças ocorreu da seguinte maneira: primeiro foi realizado ação educativa ao estilo palestra, na sala de espera, tendo como publico alvo as mães das crianças a serem atendidas no dia. Foram abordados temas relacionados aos cuidados da saúde das crianças e acompanhamento ao crescimento e desenvolvimento dos menores de dois anos. Posteriormente ocorreram as consultas de puericultura de forma individualizada.
Na primeira consulta ao recém-nascido se faz uma avaliação integral a seu estado de saúde, coletamos informação detalhada do histórico pré-natal, nascimento e historia da saúde familiar. Continuamos com o exame físico completo o qual e descrito e compartilhado com pais e familiares presentes. Além disso, é avaliada a presença de situações de risco e vulnerabilidade à saúde do recém-nascido, orientando aos pais sobre os sinais de perigo para as crianças menores de dois meses e sobre a necessidade de procurar atendimento de urgência.
Neste contexto, utilizamos a caderneta da criança e prontuário com espelho do cartão, registrando as principais informações acerca da saúde da criança, incorporando avaliação do peso, altura, perímetro cefálico, braquial, torácico e abdominal, intercorrências e estado nutricional, atualização do calendário de vacina, suplementação profilática e controle de carências nutricionais, também e feito o encaminhamento para realização do teste de triagem neonatal.
A equipe de atenção básica incentiva a pratica do aleitamento materno de forma individual e coletiva. Desde a primeira consulta que é feita às gravidas, oferecemos orientações sobre as vantagens dessa pratica. O aleitamento materno deve ser exclusivo nos primeiros seis meses das crianças, devendo continuar amamentando a partir dos seis meses ao mesmo tempo do oferecimento ao bebe de outros alimentos complementares até o mínimo de dois anos.
Nas ações educativas desenvolvidas falamos da prevenção de acidentes e violência domestica. Geralmente essas incidências são desconhecidas pelos profissionais da saúde, pois somente nos casos mais graves é que procuram o atendimento, mas quando acontecerem serão acompanhados pela equipe conjuntamente com profissionais do Conselho Tutelar.
Ocorre a participação direta dos ACS durante o acompanhamento as crianças. Eles mantém a busca de crianças com baixo peso, descumpridores do calendário vacinal e faltosos às consultas. Além de fazerem a busca ativa das crianças que não comparecem á consulta previamente agendada, eles são também acionados para realizar uma visita domiciliar e esclarecer os motivos da falta e reagendar nova consulta.
A realização da micro intervenção contribuiu em grande medida para a organização do trabalho de toda a equipe, permitindo que as mães sensibilizarem-se acerca da atenção a saúde das crianças e assim aumentou a adesão delas às consultas, favorecendo maior empoderamento do cuidado à criança, promovendo a transmissão de informações acerca de temáticas e esclarecendo duvidas das mesmas. Os cuidadores foram estimulados a atuar ativamente no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de seus filhos.
Na execução da micro intervenção se destaca como dificuldade a ausência de alguns pais nas ações de saúde desenvolvidas. A participação paterna em todas as fases de desenvolvimento da criança é um elemento importante para o seu crescimento saudável, pois representa um relevante fator protetivo para a saúde de todos os envolvidos. Geralmente, nos serviços de saúde da Rede SUS, observa-se ainda um baixo engajamento dos pais nas decisões e ações relacionados com a saúde infantil (BRASIL, 2012).
As potencialidades foram o incremento da qualidade no atendimento as crianças, a maior adesão das mães às consultas de puericultura, a formação de pessoal melhor capacitado em saúde da criança e a construção de vínculos mais fortes entre toda a equipe e a comunidade.
A partir desta sistematização a equipe entendeu de fato a importância do acompanhamento a crianças. Com esta organização a equipe percebeu que ficou mais fácil traçar um perfil fidedigno desta criança e principalmente falar nas orientações prestadas nas visitas domiciliarias. Segue abaixo o questionário solicitado para realização da micro intervenção.
REFERÊNCIAS
DEL CIAMPO, L. A. et al. O Programa de Saúde da Família e a Puericultura. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v.11, n.3, p.739-743, 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Cadernos de Atenção Básica, n. 33).
Quadro 1: Questionário da Micro intervenção, 2018.
QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
A equipe realiza consulta de puericultura nas crianças de até dois anos (crescimento/desenvolvimento)? |
X |
|
A equipe utiliza protocolos voltados para atenção a crianças menores de dois anos? |
X |
|
A equipe possui cadastramento atualizado de crianças até dois anos do território? |
X |
|
A equipe utiliza a caderneta de saúde da criança para o seu acompanhamento? |
X |
|
Há espelho das cadernetas de saúde da criança, ou outra ficha com informações equivalentes, na unidade? |
X |
|
No acompanhamento das crianças do território, há registro sobre: |
||
QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
Vacinação em dia |
X |
|
Crescimento e desenvolvimento |
X |
|
Estado nutricional |
X |
|
Teste do pezinho |
X |
|
Violência familiar |
|
X |
Acidentes |
|
X |
A equipe acompanha casos de violência familiar conjuntamente com os profissionais de outro serviço (CRAS, Conselho Tutelar)? |
|
X |
A equipe realiza busca ativa das crianças: |
||
QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
Prematuras |
X |
|
Com baixo peso |
X |
|
Com consulta de puericultura atrasada |
X |
|
Com calendário vacinal atrasado |
X |
|
A equipe desenvolve ações de promoção do aleitamento materno exclusivo para crianças até seis meses? |
X |
|
A equipe desenvolve ações de estímulo à introdução de alimentos saudáveis e aleitamento materno continuado a partir dos seis meses da criança? |
X |
|
Fonte: elaboração própria, 2018.
Ponto(s)