26 de setembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO: CRIANÇA COM SAÚDE, ADULTO SAUDÁVEL

NOME DO ESPECIALIZANDO: RODOLFO LINS DA SILVEIRA MACEDO

ORIENTADOR: MARIA BETÂNIA MORAIS DE PAIVA

Para um desenvolvimento saudável de qualquer ser vivo temos que avaliar vários fatores que tem influência direta na contribuição de seu desenvolvimento, alguns de maneira indispensáveis e outras de maneira secundária. No que diz respeito ao ser humano, devem ser considerados as condições da concepção, do parto e das fases subsequentes do ciclo da vida, levando em consideração o meio familiar e social o qual está inserido.

 Fatores como uma boa alimentação, práticas de exercícios e nível educacional são indispensáveis para que a criança possa passar por todas as etapas da vida até chegar à fase adulta de maneira saudável. Os profissionais de saúde desempenham importante papel no alcance dessa meta, realizando um excelente trabalho de orientação e prevenção destinadas a cada ciclo vital e ajudando-os a diagnosticar e a tentar corrigir ou minimizar os efeitos causados pela alteração de algumas delas, seja por qual for o motivo.

Como profissional atuante na Atenção Primaria de Saúde (APS), exercendo meu trabalho como médico através de Unidade Básica de Saúde (UBS) ocupamos uma posição estratégica de grande importância, pois nos aproximarmos mais dos pacientes, facilitando o acesso aos cuidados de saúde, conhecendo o meio onde estão inseridos e a realidade social daquela região, permitindo assim, elaborar trabalhos que tenham maior impacto positivo em relação a saúde de cada cidadão da nossa área.

Sendo assim, procuramos prestar um serviço de acompanhamento desses indivíduos, iniciando o nosso trabalho ajudando-os desde o processo de planejamento familiar, período de pré-natal, os primeiros cuidados com a criança, seu crescimento e desenvolvimento até a fase adulta e chegando a velhice.

Nessa nova microintervenção, vamos tentar elaborar, aperfeiçoar ou dar continuidade aos trabalhos voltados para os primeiros cuidados para com as crianças recém-nascidos e focado nos primeiros anos de vida, voltados para as medidas relacionadas ao Crescimento e Desenvolvimento (CD). Como todo trabalho que visa um aperfeiçoamento, requer passar por um processo avaliativo, seja ele de maneira interna ou externa, dando ênfase para as estruturas já criadas e desenvolvidas, buscando o seu melhoramento e na elaboração de novas estruturas e trabalhos caso se faça necessário. Então, para dar início a nossa intervenção recorremos a algumas perguntas que tendem a nos nortear nesse processo, disponibilizadas através do questionário elaborado para microintervenção.

Questionário para Microintervenção

 

QUESTÕES

SIM

NÃO

A equipe realiza consulta de puericultura nas crianças de até dois anos (crescimento/desenvolvimento)?

 

 

     X

 

A equipe utiliza protocolos voltados para atenção a crianças menores de dois anos?

 

 

     X

 

A equipe possui cadastramento atualizado de crianças até dois anos do território?

 

 

     X

 

          

A equipe utiliza a caderneta de saúde da criança para o seu acompanhamento?

 

 

     X

 

Há espelho das cadernetas de saúde da criança, ou outra ficha com informações equivalentes, na unidade?

 

 

     X

 

No acompanhamento das crianças do território, há registro sobre:

 

QUESTÕES

SIM

NÃO

Vacinação em dia

     X

 

Crescimento e desenvolvimento

     X

 

Estado nutricional

     X

 

Teste do pezinho

     X

 

Violência familiar

     X

        

Acidentes

     X

 

A equipe acompanha casos de violência familiar conjuntamente com os profissionais de outro serviço (CRAS, Conselho Tutelar)?

 

 

 

           X

A equipe realiza busca ativa das crianças:

 

QUESTÕES

SIM

NÃO

Prematuras

     X

 

Com baixo peso

     X

 

Com consulta de puericultura atrasada

     X

 

Com calendário vacinal atrasado

     X

 

A equipe desenvolve ações de promoção do aleitamento materno exclusivo para crianças até seis meses?

 

 

     X

 

A equipe desenvolve ações de estímulo à introdução de alimentos saudáveis e aleitamento materno continuado a partir dos seis meses da criança?

 

 

     X

 

Fonte: AVASUS.UFRN.BR, 2018, Modulo – Atenção à saúde da criança: Crescimento e Desenvolvimento.

O nosso trabalho é realizado principalmente, através da cooperação de todos os membros da equipe que tentam realizar suas tarefas de maneira mais eficiente possível. Os Agentes Comunitário de Saúde (ACS) tem um papel de grande importância realizando o trabalho no território, buscando e coletando informações acerca das crianças da nossa área, informações como: cadastro das crianças menores de 2 anos, 1 ano, 6 meses e 4 meses; registro de crianças menores de 6 meses e 4 meses que estão em aleitamento materno exclusivo; registro de vacinação em dia, fazendo um controle mais rigoroso das crianças menores de um ano de vida com vacina em dia; registro do peso e da altura das crianças que deve ser avaliado e colocado nas curvas da Organização Mundial de Saúde (OMS) presentes  na caderneta de saúde da criança e tendo um registro próprio, nos repassando informações das crianças com baixo desenvolvimento e baixo peso; fazendo a investigação de denúncias de violência familiar e de acidentes registrados  e notificando a equipe para que se possa averiguar, para que uma vez constatada seja contactado o Centro de  Referência  de Assistência Social (CRAS) e o Conselho Tutelar  e  ainda nesse contexto, realizam  a busca ativa de crianças abaixo de peso, prematuras e com o calendário de vacina atrasado.

Grande destaque é dado também para a enfermeira, que fica responsável pelo correto funcionamento da unidade fiscalizando o trabalho das ACS, assim como, no controle desses registros e armazenamento dos mesmos.

A enfermeira realiza um trabalho de revezamento nas consultas de pré-natal com o médico, cadastrando as gestantes, tendo um registro próprio de atendimentos de pré-natal realizados por ela no mês, como também, ajudando a ter o registro junto com o médico das gestantes e da Data Provável do Parto (DPP) de cada uma para se planejar as consultas de puerpério, procurando assim, garanti-las uma visita ainda na primeira semana de vida da criança, repassando junto com o médico, as orientações sobre os cuidados à mãe e ao Recém-Nascido (RN).

Como médico da unidade, faço um trabalho de acompanhamento assim como, os demais membros da equipe, percebo um grau de confiança maior por parte dos pais, por verem no médico o profissional a quem irão recorrer para ajudá-los com seus problemas.

A consulta puerperal realizada no domicílio nos fornece mais informações, pois temos a oportunidade de fazer uma vistoria da casa, identificando dessa maneira fatores de risco para recuperação da puérpera e do RN. Procurando também observar as relações familiares e procurar fortalecer o vínculo das famílias com a equipe de saúde. Um encontro com o pai e mãe no domicílio possibilita um maior suporte emocional nessa etapa de crise vital da família, em função dos ajustes decorrentes do nascimento de uma criança.

Durante a consulta de puerpério a mãe e o RN recebem orientações que são repassadas para toda família. Na oportunidade são avaliados os estado geral de saúde da mãe e da criança e através de um exame físico meticuloso. Durante a consulta são coletadas informações relativas ao parto avaliando: os fatores de risco; as condições do nascimento da criança; assim como, são resgatas informações inerentes aos antecedentes familiares e alterações físicas apresentadas.

Durante a consulta é distribuído à caderneta de saúde da criança de acordo com o sexo da criança, procurando avaliar os relatos e fazendo o registro de informações importantes sobre o parto, as condições de alta do bebê, as vacinas, exames e teste realizados, como os testes de triagem neonatal, procurando anotar também no prontuário. Na ocasião são também realizadas orientações e explicações sobre o uso da caderneta e sobre o número de consultas mínimas necessárias para um bom acompanhamento para o crescimento e desenvolvimento da criança. São informados sobre as ações coletivas relativas à saúde da criança planejadas na UBS pela equipe multiprofissional. São destacadas a importância da amamentação exclusiva até os 6 meses de idade da criança, o calendário de vacinas, etc. No caso de RN de risco, como os prematuros, de baixo peso se faz o registro e são tomadas as medidas necessárias para seu acompanhamento.

É feito um acompanhamento sistemático de cada criança a respeito do seu crescimento e desenvolvimento, os dados coletados são registrados no prontuário e na caderneta levando em conta questões que vão além do crescimento, como as relacionadas à sua maturação e sua aprendizagem, como também, características psíquicas e sociais, tendo dessa forma um posicionamento a respeito das 3 esferas do seu desenvolvimento, sendo eles físico, cognitivo e psicossocial.

Buscamos também desenvolver um trabalho em grupo com as crianças e seus pais, realizando uma avaliação sutil a respeito do vínculo familiar, procurando identificar sinais de alerta que possam sugerir indícios de maus tratos e abuso sexual. As informações colhidas durante esse processo de interação são discutidas em equipe para realização de matriciamentos para aqueles casos que se julgam necessários.

Nas reuniões são reforçados a importância do aleitamento materno exclusivo até 6 meses de vida da criança, sendo trabalhados a questão do posicionamento correto da criança e da pega e outras questões e dúvidas sobre a amamentação, além dos benefícios da amamentação. Para aqueles casos onde é constatada a impossibilidade de realização de tal processo, se faz as orientações sobre a ordenha ou extração manual do leite, também fazendo menção a respeito dos benefícios de sua prática.

Questões sobre alimentação saudável para crianças menores de 2 anos até os 3 anos de idade também são abordada ressaltando o papel da nutricionista nas orientações, A respeito da higiene bucal contamos com a colaboração da dentista, mostrando as forma correta de se realizar uma higienização bucal, esclarecendo dúvidas a respeito dos nascimentos dos primeiros dentinhos e fazendo uma avaliação individual com algumas crianças.

Contamos com a colaboração da fonoaudióloga para nas palestras sobre alguns temas de grande importância voltados mais para os pais a respeito da comunicação das crianças nessa fase, realizando avaliação em algumas situações e colaborando com os demais profissionais como o educador físico, fisioterapeuta, psicóloga e a terapeuta ocupacional a respeito do crescimento e desenvolvimento entre 1 a 3 anos de idade.

Dessa forma, cada profissional dar sua contribuição de acordo com o seu núcleo de conhecimento desenvolvendo ações ora individuais, ora coletivas. As atividades educativas são estabelecidas em agendas programadas de modo que todos os profissionais atuantes na ESF possam contribuir para qualificação do processo de trabalho e fortalecimento do vínculo entre equipe e comunidade.

Durante a realização desse trabalho, tivemos a campanha de vacinação contra o sarampo e a poliomielite, onde foram realizadas algumas ações com foco na campanha. Nessa direção, foi elaborada pela enfermeira uma planilha para esse momento especial de prevenção e de saúde que será apresentada nesse relato junto com as outras fichas utilizadas para realização dos trabalhos.

A FIGURA 1, se trata da ficha de dados territorial da equipe e dos dados de produção do médico a respeito das consultas, repassado pelo Programa do Mais Médico (PMM), para alimentar os dados da atenção básica no sistema, através da página dadsistemas.saude.gov.br/sistemas/maismedicos/. Essa prática já não é cobrada por parte do PMM, mas continua sendo seguido para se ter o controle do território e as informações servirem de base para realizar o trabalho relatado nessa microintevenção.

FIGURA 1 – Ficha de dados da equipe e da produção do médico.

FIGURA 2 – Ficha de Atendimento Individual, adotado para ser ter controle sobre a produção realizada pelo profissional no cotidiano do trabalho. A estratégia ESUS AB busca reestruturar e integrar as informações da Atenção Básica em nível nacional. 

A imagem ilustrativa da FIGURA 2 mostra o instrumento utilizado coletar os dados do território e da produção do médico para ter um controle sobre número de gestante no território, o número de atendimentos de puérperas, número de consultas de puericultura e se as mesmas condizem com o número estipulado pelas visitas realizadas ainda na primeira semana de vida da criança para aquele mês. Uma vez que essas consultas são sequenciais sendo sete consultas de rotina no primeiro ano de vida (1ª semana, 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 12º mês), além de duas consultas no 2º ano de vida (18º e 24º mês).

FIGURA 3 – Caderneta de Saúde da Criança

Em seguida segue a imagem da caderneta de saúde da criança, instrumento disponibilizado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A caderneta de saúde da criança é considerada como ação eixo e nossa aliada nos trabalhos realizados na unidade, sendo utilizada nas consultas e nas atividades em grupo.

  Com relação ao período de campanha de vacinação contra sarampo e poliomielite, segue a imagem da planilha utilizada para controle das crianças do território com 1 ano de idade até os 5 anos incompletos, que tomaram a vacina, para se fazer a busca ativa de crianças ainda não vacinadas. FIGURA 4.

FIGURA 4 – Planilha de Vacinação elaborada pela nossa Enfermeira.

Como já mencionado nos relatos anteriores, trabalho como médico volante, realizando atendimento em 4 UBS diferentes. Segue algumas imagens da realização da campanha de vacinação contra o sarampo e poliomielite realizada nas unidades onde prestamos serviços no município do Alto do Rodrigues/RN, FIGURA 5, 6, 7 e 8.

FIGURA 5- Equipe de uma da unidade de São Jose: ACS, Técnica de Saúde, Vacinadora da unidade, Motorista da equipe e nossa Coordenadora de Saúde.

FIGURA 6 – Equipe da Unidade de Tabatinga: ACS, Técnica de Saúde, Vacinadora da unidade e Zeladora.

FIGURA 7 – Decoração da unidade de São Jose, que é uma das unidades onde atendo, para o dia D.

FIGURA 8 – Decoração da unidade de Tabatinga, que é uma das unidades onde atendo, para o dia D.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Imunizações 30 anos. Brasília: Ministério da Saúde, 2003.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de normas técnicas e rotinas operacionais do Programa Nacional de Triagem Neonatal. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2004. 

BRASIL. Ministério da Saúde. Agenda de compromissos para a saúde integral da criança e redução da mortalidade infantil. Brasília (DF): Ministério da Saúde/Secretaria de Políticas de Saúde, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção

Básica. Saúde da Criança: Crescimento e Desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Cadernos de Atenção Básica – 33).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Temática de Saúde da Criança e Aleitamento Materno. Caderneta de Saúde da Criança: passaporte para a cidadania. Brasília, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de dois anos: um guia para o profissional da saúde na atenção básica. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Primária em Saúde. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. (Cadernos de Atenção Primária em Saúde; n. 23)

BRASIL. Programa de Educação Permanente em Saúde da Família, PEPSUS, Rio Grande do Norte – RN 2018. Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. AVASUS.UFRN.BR, 2018, Modulo – Atenção à saúde da criança: Crescimento e Desenvolvimento, microinterveção, lista de questões para reflexão, Pág. 2 e 3.

FERRAZ, L.; AERTS, D. O cotidiano de trabalho do agente comunitário de saúde no PSF em Porto Alegre. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, p. 347-355, abr./jun. 2005

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