3 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR EM LACTENTES ATENDIDOS PELA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DRº SUELDO CÂMARA

ESPECIALIZANDO: JORGE ORGES MARTINEZ

ORIENTADOR: MARIA BETANIA MORAIS DE PAIVA

 

Após realizar a microintervenção V, foi construído esse relato de experiência para abordar o problema principal que acomete a saúde da criança em seu desenvolvimento e crescimento, em crianças da área de cobertura da Unidade Básica de Saúde (UBS) Drº. Sueldo Câmara e a implementação de uma estratégia de educação em saúde sobre alimentação complementar ao aleitamento materno como estratégia de solução deste problema.

Para chegar ao problema principal que envolve a saúde da criança no território de abrangência, foi convocada uma reunião com a equipe de saúde para saber se a equipe realiza as ações preconizadas para o PMAQ/AB. Foi utilizado um instrumento para essa ação:

 

Figura 1 – Ações do PMAQ/AB

 

 

Observa-se que a UBS realiza quase todas as ações preconizadas pelo PMAQ/AB, exceto ações de promoção ao aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade e ao estímulo a introdução de alimentos saudáveis como complementação ao aleitamento materno após os seis meses. Durante a reunião a equipe se mostrou feliz com o resultado, porém afirmou que ainda falta melhorar nesses dois quesitos, pois a educação em saúde sobre aleitamento materno e alimentação complementar é falha na unidade.

O Ministério da Saúde (2015), incentiva o aleitamento materno e também incentiva a introdução à alimentação complementar a partir do sexto mês de vida no lactente, pois:

 

Considera-se atualmente que o período ideal para a introdução de outros alimentos complementares é após o sexto mês de vida, já que antes desse período o leite materno é capaz de suprir todas as necessidades nutricionais da criança. Além disso, no sexto mês de vida a criança já tem desenvolvidos os reflexos necessários para a deglutição, como o reflexo lingual, já manifesta excitação à visão do alimento, já sustenta a cabeça, facilitando a alimentação oferecida por colher, e tem-se o início da erupção dos primeiros dentes, o que facilita na mastigação. A partir do sexto mês a criança desenvolve ainda mais o paladar e, consequentemente, começa a estabelecer preferências alimentares, processo que a acompanha até a vida adulta (BRASIL, 2015, p. 65).

           

Observa-se que como o próprio nome já diz, trata-se de uma alimentação complementar e não de um desmame, ou seja, os alimentos serão adicionados a alimentação do lactente, onde o mesmo continua sendo amamentado pelo leite materno, para que assim conheça os alimentos e adquira preferências.

            Campagnolo et al (2012), afirmam que a introdução da alimentação complementar deve ocorrer de maneira correta, pois se ocorrer antes dos seis meses aumenta a chance dos lactentes apresentarem rejeição alimentar e da mesma forma, se acrescentarem alimentos não indicados como açúcar, doce, refrigerante e petisco salgado com pouca quantidade de micronutrientes, pode ser indicador de hábitos alimentares inadequados na adolescência e na vida adulta.

            Assim, muitos alimentos não indicados são acrescentados a dieta do lactente e até mesmo antes de completar os 06 meses de vida, onde o motivo para a introdução precoce de água e suco de frutas se dá pela crença das mães de que a criança sente sede e pode desidratar-se, principalmente, em períodos de calor; quanto ao chá, atribui-se a este alimento propriedades calmantes e de melhora de episódios de cólica (MAIS et al, 2014).

            Partindo desse princípio, Barbosa (2009), acredita que a alimentação inadequada durante a primeira infância traz consequências importantes na condição de saúde a longo prazo, podendo ser um dos fatores que justifica o aparecimento das doenças crônicas na idade adulta.

            De acordo com o Ministério da Saúde (2015, p. 67), a alimentação complementar deve “prover suficientes quantidades de água, energia, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, por meio de alimentos seguros, culturalmente aceitos, economicamente acessíveis e que sejam agradáveis à criança”, que podem ser observados na figura abaixo:

 

Figura 01 – Alimentação complementar ao aleitamento materno

 

 Fonte: Ministério da Saúde (2015)

 

Caetano et al (2010), verificaram que as decisões sobre a introdução de alimentos são tomadas por mães baseadas em suas próprias experiências de vida ou de suas famílias, tendo os profissionais da saúde influências menos significativas, onde torna-se relevante o profissional atentar seu olhar para as orientações em saúde.

Os profissionais de saúde devem estar atentos a este fato e ser capazes de adequar as ações de promoção aos contextos sociodemográfico e cultural da população assistida, a fim de propiciar às mães oportunidades de adquirir conhecimentos e habilidades sobre alimentação infantil (ALVES et al, 2012).

            Diante disso, espera-se com a continuidade dessa microintervenção que um plano de ação sobre educação em saúde para o aleitamento materno exclusivo e complementar venha ser desenvolvida junto a equipe para as gestantes e puérperas da unidade através do grupo de gestantes e que possam compartilhar informações em rodas de conversa.

 

REFERÊNCIAS

 

ALVES, Cláudia Regina L. et al . Alimentação complementar em crianças no segundo ano de vida. Rev. paul. pediatr.,  São Paulo ,  v. 30, n. 4, p. 499-506,  Dec.  2012 .   

 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento deAtenção Básica. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015.

 BARBOSA, Marina Borelli et al . Fatores de risco associados ao desmame precoce e ao período de desmame em lactentes matriculados em creches. Rev. paul. pediatr.,  São Paulo ,  v. 27, n. 3, p. 272-281,  Sept.  2009 .  

 CAETANO, Michelle Cavalcante et al . Alimentação complementar: práticas inadequadas em lactentes. J. Pediatr. (Rio J.),  Porto Alegre ,  v. 86, n. 3, p. 196-201,  June  2010 .  

 CAMPAGNOLO, Paula Dal Bó et al . Práticas alimentares no primeiro ano de vida e fatores associados em amostra representativa da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Rev. Nutr.,  Campinas ,  v. 25, n. 4, p. 431-439,  Aug.  2012.

 MAIS, Laís Amaral et al . Diagnóstico das práticas de alimentação complementar para o matriciamento das ações na Atenção Básica. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro ,  v. 19, n. 1, p. 93-104,  Jan.  2014 .

 

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