CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA
Autora: Isabela Marques de Farias
Orientador: Cleyton Cezar Souto Silva
Criança também requer atenção
Considerando o contexto biológico, o termo crescimento refere-se ao aumento da estatura ao decorrer da infância e adolescência. Este é cessado ao termino do aumento da altura. Já o termo desenvolvimento é mais amplo englobando o próprio crescimento além de outros conceitos. Desenvolver-se significa avançar patamares, não apenas estruturais, mas também intelectuais, ganho de habilidades, resistência biológica e emocional, dentre outros.(BRASIL,2002)
O crescimento e o desenvolvimento são os principais indicadores das condições de saúde na infância. Nas últimas décadas estando-se ciente dos reflexos da economia, educação, saúde, meio ambiente sob o desenvolvimento e crescimento infantil, buscou-se utilizar-se destes parâmetros para avaliar não apenas a saúde destes indivíduos como também o desenvolvimento do país. Foi estabelecido que o melhor método de acompanhamento destes seria o registro, durante as consultas de puericultura, de forma rigorosa e continua até os dez anos de idade da estatura, peso, índice de massa corporal (IMC) e de marcos do desenvolvimento pré-estabelecidos. (MJ; HOCKENBERRY, WONG; WILSON,2011)
Para registro dos parâmetros citados utiliza-se desde 1984 a Caderneta da Criança (CC). Inicialmente essa servia de instrumento apenas de registro, de 1984 a 2003 a CC sofreu modificações e passou a servir também como meio de instrução dos pais a respeito dos direitos infantis e de alguns marcos do desenvolvimento. Em 2015 a CC passou a ser denominada Caderneta de Saúde da Criança (CSC) e se transformou em um livreto mais completo e instrutivo para pais e profissionais da saúde. A CSC é distribuída nacionalmente em hospitais e maternidades de forma gratuita pelo Ministério da Saúde aos pais de recém-nascidos e trata-se de um documento que deve ser apresentado em todas as consultas, internações, vacinações da criança. Durante todos os principais atendimentos que a criança for recepcionada em estabelecimentos de saúde a caderneta deverá ser entregue e o profissional de saúde deverá registrar o ocorrido. É de extrema importância que os pais sejam orientados a levarem sempre a caderneta aos atendimentos, a lerem as informações contidas nela e a guardarem com todo cuidado evitando perdas.(BRASIL,2004)
Após o estudo do modulo corrente conclui juntamente a toda equipe, com muito orgulho, que em nossa área de atuação a atenção a criança está sendo realizada de forma invejável. Ao responder o questionário desta micro intervenção (abaixo) notamos que quase todos os parâmetros estão sendo seguidos com rigor. Felizmente não tivemos dificuldades ao responde-lo justamente porque em nossa equipe o programa de Crescimento e Desenvolvimento é um dos que apresenta maior sucesso e a maioria das agentes de saúde esta há muitos anos atuando na equipe e assim possuem grande intimidade com as famílias. Acompanhamos de perto as crianças da área, registramos em ficha espelho os dados da CSC, fazemos buscas ativas na área avaliando se as crianças estão em dia com suas consultas e vacinas, realizamos visitas domiciliares aos recém-nascidos e realizamos ações buscando atingir o público infantil dentre outras medidas.
As consultas de puericultura em nossa equipe são intercaladas entre médico e enfermeiro. Durante minhas consultas médicas enfatizo sempre a importância da caderneta e de sua leitura, a importância da assiduidade nas consultas, de uma boa alimentação, do aleitamento materno no mínimo até os dois anos de idade, da atualização das vacinas e do relacionamento familiar e frequência na escola.
No último dia dezoito, foi um dos dias em que trabalhamos empenhados em prol do público infantil. Utilizamos neste dia uma das escolas de nossa área para realizar uma Ação Social objetivando vacinar o maior número possível de crianças contra o sarampo e poliomielite (respeitando a atual recomendação do Ministério da Saúde).Para atrair as famílias contamos com a apresentação de uma equipe de palhaços, distribuição de lanches e dinâmicas infantis. Também foram realizadas neste dia consultas aos que desejassem, aferição de glicemia e pressão arterial, orientações alimentares e de prevenção de doenças. Nos últimos trinta dias esta foi a segunda ação que realizamos atendendo crianças e familiares e continuamente estamos elaborando atividades assim.
Durante a ação social que realizamos buscando vacinar o maior número de crianças possíveis, pude entrar em contato com diferentes realidades enquanto consultava as crianças e seus pais. A maioria dos pais estava nitidamente preocupada com a adequação do calendário das crianças já que, devido ao surto de sarampo as orientações vacinais sofreram algumas mudanças. Independente de nível de instrução ou classe social, um problema era nítido, a maioria dos pais estava confusa e insegura quanto a necessidade ou não de seu filho receber a vacina e mesmo após minhas orientações notei que muitos ainda não se davam por satisfeitos, principalmente quando seu filho não se encaixava dentre as crianças que iriam ser vacinadas. A falha não estava apenas entre os pais, os técnicos da equipe e a própria enfermeira também se “enrolavam” ao tentar orientar quem procurasse por ajuda e isto acabou aumentando bastante minha demanda já que muitos entravam na fila para se consultar, apenas para retirar dúvidas básicas sobre a vacina.
A ação foi um sucesso porém, ficaram aprendizados. Em um próximo evento desse porte será essencial reunir toda equipe ao menos um dia antes, para que juntos possamos solucionar qualquer dúvida dos integrantes e preparar todos para solucionarem qualquer questionamento que surgir por parte dos pacientes. Também acredito que será extremamente útil colocar cartazes com orientações e dúvidas comuns além de fazer uma breve apresentação no intervalo das dinâmicas explicando sobre o tema abordado no evento. Acredito que a insegurança por parte dos pacientes e funcionários ocorreu devido a um desencontro de informações na mídia sobre o tema e uma falta de posicionamento claro a respeito do tema pelo Ministério da Saúde. Eu mesma ao procurar um documento oficial no site do Ministério tive dificuldades em achar algo esclarecedor sobre o tema. Como ponto positivo, nossa ação conseguiu atingir muito mais do que o quantitativo esperado e isso se deve ao excelente trabalho de divulgação que fizemos. Para uma próxima, esperamos preencher as lacunas que ficaram neste último evento e sermos cada dia mais efetivos em nossos objetivos.
QUESTIONÁRIO PARA MICROINTERVENÇÃO
QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
A equipe realiza consulta de puericultura nas crianças de até dois anos (crescimento/desenvolvimento)?
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X |
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A equipe utiliza protocolos voltados para atenção a crianças menores de dois anos?
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X |
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A equipe possui cadastramento atualizado de crianças até dois anos do território?
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X |
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A equipe utiliza a caderneta de saúde da criança para o seu acompanhamento?
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X |
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Há espelho das cadernetas de saúde da criança, ou outra ficha com informações equivalentes, na unidade?
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X |
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No acompanhamento das crianças do território, há registro sobre:
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
Vacinação em dia |
X |
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Crescimento e desenvolvimento |
X |
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Estado nutricional |
X |
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Teste do pezinho |
X |
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Violência familiar |
X |
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Acidentes |
X |
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A equipe acompanha casos de violência familiar conjuntamente com os profissionais de outro serviço (CRAS, Conselho Tutelar)?
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X |
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A equipe realiza busca ativa das crianças:
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
Prematuras |
X |
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Com baixo peso |
X |
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Com consulta de puericultura atrasada |
X |
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Com calendário vacinal atrasado |
X |
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A equipe desenvolve ações de promoção do aleitamento materno exclusivo para crianças até seis meses?
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X |
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A equipe desenvolve ações de estímulo à introdução de alimentos saudáveis e aleitamento materno continuado a partir dos seis meses da criança?
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X |
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REFERÊNCIAS:
Almeida ACD, Mendes LDC, Sad IR, Ramos EG, Fonseca VM, Peixoto MVM. Uso de instrumento de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança no Brasil — Revisão sistemática de literatura. Revista Paulista de Pediatria. 2016; 34(1):122-131.
Souza, J., & Veríssimo, M. (2015). Desenvolvimento infantil: análise de um novo conceito . Revista Latino-Americana De Enfermagem, 23(6), 1097-1104. https://doi.org/10.1590/0104-1169.0462.2654
Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Saúde da criança. Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasilia, DF: O Ministério; 2002.
Hockenberry MJ, Wilson D. Wong: fundamentos de enfermagem pediátrica. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2011.
Brasil – Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde – Departamento de ações Programáticas Estratégicas. Agenda de compromissos para a saúde integral da criança e redução da mortalidade infantil. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/agenda compro crianca.pdf
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