28 de setembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

A LINHA DE CUIDADO EM SAÚDE DA CRIANÇA NA UNIDADE DE SAÚDE ILDONE CAVALCANTE DE FREITAS

 

ESPECIALIZANDO: DARINA RODRIGUEZ BRINGA

ORIENTADOR: ISAAC ALENCAR PINTO

 

Nesse capítulo irei relatar como ocorre a linha de cuidado em saúde da criança na Unidade de Saúde Ildone Cavalcante de Freitas e se as ações realizadas atendem aos requisitos mínimos da PMAQ/AB, junto a avaliação da equipe de saúde.

            Foi convocada uma reunião com a equipe da ESF para avaliarmos se a unidade dispõe dos critérios da linha de cuidado de saúde da criança do PMAQ/AB. Chegamos a conclusão que dentre os critérios atendidos pela equipe da ESF Ildone Cavalcante de Freitas, todos listados abaixo são atendidos.

 

  • A equipe realiza consulta de puericultura nas crianças de até dois anos (crescimento/desenvolvimento);
  • A equipe utiliza protocolos voltados para atenção a crianças menores de dois anos;
  • possui cadastramento atualizado de crianças até dois anos do território;
  • utiliza a caderneta de saúde da criança para o seu acompanhamento;
  • Há espelho das cadernetas de saúde da criança, ou outra ficha com informações equivalentes, na unidade;
  • Vacinação em dia; acompanhamento do estado nutricional;
  • Teste do pezinho;
  • Violência familiar;
  • Acidentes;
  • A equipe acompanha casos de violência familiar conjuntamente com os profissionais de outro serviço (CRAS, Conselho Tutelar);
  • Realiza busca ativa de crianças prematuras, com baixo peso, com consulta de puericultura atrasada, com calendário vacinal atrasado;
  • desenvolve ações de promoção do aleitamento materno exclusivo para crianças até seis meses e estímulo à introdução de alimentos saudáveis e aleitamento materno continuado.

Assim, o atendimento em saúde da criança ocorre através de consultas do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, que envolve todos os critérios acima, bem como a busca ativa de puérperas e crianças que não comparecem à unidade. Trabalhamos com base na Política Nacional de Saúde da Criança atendendo aos protocolos do Ministério da Saúde.

Considero uma atividade muito exitosa o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Diante do exposto, através da atuação como médica na Unidade de Saúde da Família Ildone, e devido a todo o trabalho realizado pela equipe e busca ativa, foi constatado no início do ano de 2018 que 80% das crianças estavam abaixo da linha de percentil, sendo classificados como baixo peso (percentil 2) e que há grande incidência de anemia ferropriva em crianças menores de dois anos atendidas pela ESF, especialmente em regiões em que a situação socioeconômica é menos favorável.

A desnutrição infantil é um problema de saúde pública que afeta cerca de 165 milhões de crianças em todo o mundo, levando à morte todos os anos mais de 5 milhões de crianças, a maioria nos países em desenvolvimento, onde uma em cada seis crianças com menos de dois anos recebe alimentos em quantidade e diversidade necessária (TVSUL, 2016; UNICEF, 2016).

O relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância, segundo a UNICEF (2016), afirma que dentre os países que sofrem de subnutrição, o Brasil está em 27º lugar da lista, com 9% da população sofrendo de subnutrição. O pior resultado (1º da lista) é a Eritréia (país africano), que apresenta 35% da população infantil subnutrida.

Alguns fatores podem influenciar na ocorrência da desnutrição infantil, onde no Brasil, são elencados fatores como a falta de condições básicas, como água limpa, saúde, condições sanitárias, moradia, educação e informação que afetam direta e indiretamente no desenvolvimento da criança (UNICEF, 2016).

Evidencia-se que a desnutrição causada por uma má alimentação devido à falta de alimentos energéticos e proteínas, pode aumentar a taxa de mortalidade infantil e também causar dados ao seu desenvolvimento, como a perda da capacidade de combater as infecções, atraso no crescimento e dificuldade no aprendizado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).

De acordo com Modesto et al (2007), a criança deve receber a alimentação necessária para seu desenvolvimento durante os dois primeiros anos de vida e quando há uma má alimentação, pode ocorrer desnutrição e outros problemas associados como a anemia ferropriva, devido a prevalência de carências nutricionais.

A deficiência de informações dos pais ou responsáveis sobre a nutrição adequada das crianças e as baixas condições socioeconômicas são fatores que influenciam na desnutrição infantil e na ocorrência da anemia ferropriva de crianças atendidas pela ESF.

Assim, a solução para superar a desnutrição é dar especial atenção ao período da gravidez e nos primeiros dois anos de vida de uma criança, através da promoção em saúde com a estratégia de educação em saúde, abordada por toda a equipe multidisciplinar.

Foi realizada uma segunda reunião com a equipe, para apontar os ótimos resultados com a busca ativa das crianças com desnutrição, e foi proposto uma educação em saúde mais rigorosa nos próximos meses. A equipe recebeu bem essa ideia e isso foi visto como uma potencialidade da abordagem do tema.

Essa educação em saúde mais rigorosa consiste em realizar uma educação em saúde com as gestantes da unidade e puérperas, através de algumas etapas, tais como: Levantamento do problema; Planejamento do projeto de intervenção; Conscientização e treinamento da equipe de saúde para melhor atender os pais e responsáveis; Planejamento dos recursos materiais e humanos envolvidos para desenvolver as ações de educação em saúde; Educação em saúde com círculo de cultura, onde forneça orientações a respeito de uma alimentação complementar correta e eficaz; e por fim uma avaliação da ação.

Como dificuldades, encontraremos no caminho o grande número de crianças atendidas pela ESF, cerca de 524, e precisaremos contar com poucos funcionários da equipe, pois os agentes comunitários de saúde estão em menor número, mas mesmo que leve algum tempo, conseguiremos realizar esta ação.

Com a continuidade dessa microintervenção, eu espero trabalhar com a educação em saúde para informar os pais e combater à desnutrição infantil como problema levantado de acordo com toda a equipe.

 

REFERENCIAS

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual instrutivo para implementação da Agenda para Intensificação da Atenção Nutricional à Desnutrição Infantil: portaria nº 2.387, de 18 de outubro de 2012, Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

 

MODESTO, S. P. et al. Práticas alimentares e estado nutricional de crianças no segundo semestre de vida atendidas na rede pública de saúde. Rev. Nutr. Campinas, v. 20, n. 4, jul- ago, 2007.

TVSUL. Reportagem: Pesquisa do Unicef aponta que 140 milhões de crianças têm anemia no mundo. 2016. Disponível em:< http://www.tvsul.tv.br/?p=36727>. Acesso em 13 de agosto de 2018.

 

UNICEF. Reportagem: 165 milhões de crianças estão desnutridas em todo o mundo, 80% em apenas 14 países. 2016. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/165-milhoes-de-criancas-estao-desnutridas-em-todo-o-mundo-80-em-apenas-14-paises/>. Acesso em 13 de agosto de 2018.

 

UNICEF. Desnutrição ameaça à saúde. Situação da infância Brasileira. 2016. Disponível em: < http://www.unicef.org/brazil/pt/Pags_040_051_Desnutricao.pdf>. Acesso em 13 de agosto de 2018.

 

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