Aperfeiçoando o trabalho da equipe para uma ótima atenção da saúde da criança
Especializando: Dalila Guerra Gonzalez.
Orientador: Cleyton Cezar Souto Silva.
No Brasil, os direitos das crianças já estão consolidados juridicamente por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) desde 1990, com a publicação da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (BRASIL, 1990).
Neste contexto, o Sistema Único de Saúde (SUS) recebeu do ECA a atribuição específica de promover à criança e ao adolescente o direito à vida e à saúde, mediante a atenção integral. Esses direitos incluem o acesso aos bens e serviços nos diferentes níveis de atenção, com ações que envolvem promoção da saúde, prevenção, diagnóstico precoce e recuperação de doenças e agravos de forma humanizada (BRASIL, 2010).
Seguindo esta lógica, o Ministério da Saúde recomenda que a atenção integral à saúde da criança deve iniciar o mais precocemente possível, contemplando atividades programadas individuais e coletivas, ações educativas e de promoção à saúde, assim como o acesso ao diagnóstico, cura e reabilitação daquelas crianças com problemas de saúde já instalados. O atendimento à criança doente, em qualquer circunstância, deve ser priorizado no serviço de saúde e precisa fazer parte do planejamento da equipe em todos os níveis de atenção, inclusive da atenção básica. (BRASIL, 2013)
O acompanhamento ao crescimento e desenvolvimento das crianças constitui um dos pilares fundamentais na atenção primaria de saúde estabelecidas pelo ministério de saúde. Daí a importância de fazer esta microintervenção para traçar ações que garantam um adequado atendimento e assim uma ótima saúde das crianças e familiares.
Para o desenvolvimento desta microintervenção foi feita a reunião da equipe onde primeiramente fizemos um análise e respondemos cada uma das questões do questionário (ANEXO VI). Ao analisar os aspectos ficamos felizes ao apreciar que uma parte do trabalho já foi iniciada quando fizemos a microintervenção I durante a discussão de um dos indicadores do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e Qualidade (PMAQ), naquele momento nossa equipe identificou que como problema que não fez o adequado acompanhamento as crianças menores de dois anos e construímos uma matriz de intervenção para traçar ações que permitirem para melhorar isso.
A primeira coisa a fazer foi capacitar ao membros da equipe sobre o acompanhamento das crianças menores de dois anos e sobre os cuidados com a criança (alimentação, higiene, imunizações, estimulação e aspectos psico afetivos)
Atualizamos o cadastro das crianças menores de dois anos com ajuda dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e criamos um registro das crianças menores de dois anos para assim ter um controle destas e das consultas de puericultura para garantir um adequado seguimento. Além disso, desde esse momento a equipe faz pesquisa ativa das crianças com baixo peso e prematuridade e temos um registro destas crianças que permite identificá-las para brindar um seguimento diferenciado.
A puericultura tem como objetivo acolher a todas as crianças, dando assistência de forma integrada, realizando a vigilância do crescimento e desenvolvimento e monitorando os fatores de risco ao nascer e evolutivos; estimulando o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida e complementado com alimentação da família, até os dois anos de vida; garantindo a aplicação das vacinas do esquema básico de imunização e, garantindo assim um atendimento de qualidade. (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO, 2015)
Hoje podemos dizer que a equipe realiza as consultas de puericultura das crianças menores de dois anos utilizando os protocolos voltados para atenção destas. Aliás, contamos com um cadastro atualizado de todas as crianças menores de dois anos pertencentes a nossa área de abrangência. Porém, no trajeto desta microintervenção identificamos como dificuldade que além de ter um registro das crianças e um controle das consultas feitas e as datas das próximas consultas, ainda temos crianças faltosas, pelo que decidimos incrementar as palestras na comunidade sobre a importância das consultas de puericultura e os riscos que as crianças prematuras e baixo peso podem apresentar. Criamos também um grupo de gestantes para abordar estes temáticas desde a etapa pré-natal pra conscientizar as futuras mães sobre estes aspectos e assim diminuir o número de crianças faltosas as consultas. Além disso, uma vez identificadas esses casos, damos os dados para o ACS responsável dessa micro área para que faça a visita domiciliar deles e as familiares e detecte quais são as raçoes pela ausência as consultas e no caso que fora preciso o resto da equipe vai visitar essa família, dependendo de cada situação.
Nas consultas de puericultura se preenchem os dados mais importantes nas cadernetas de saúde das crianças. Como espelho desta caderneta estão os prontuários dos pacientes onde são colocados todos os dados que depois são preenchidos na caderneta, permitindo ter essas informações mais importantes das crianças de nossa área de abrangência na UBS.
Durante o acompanhamento das crianças nas consultas de puericultura são avaliados aspectos acerca do crescimento e desenvolvimento, estado nutricional, teste de pezinho e vacinação atualizada. Além disso orientamos as mães e familiares sobre a prevenção de acidentes que são muito frequentes nos primeiros anos de vida e que a maioria podem ser evitados com a vigilância dos adultos responsáveis das crianças.
A violência contra crianças e adolescentes pode se expressar como violência física, psicológica, negligência, abandono e abuso sexual; pode ocorrer em suas residências, nas escolas, em instituições públicas ou privadas ou mesmo nas ruas. O enfrentamento desse fenômeno é complexo, pois além de suas causas serem múltiplas, a invisibilidade das situações é um fato inegável e o índice de subnotificação é muito elevado. Por isto, um dos principais desafios consiste no estímulo para que as situações de violações e de violência sejam denunciadas. (BRASIL, 2010)
Nossa equipe não tem casos de violência contra crianças mas não estamos isentos de apresentá-los. Então pedimos a colaboração da psicóloga para fazer ações de promoção de saúde na comunidade conjuntamente com a equipe. Aliás criamos um registro para ter um controle dos casos de violência que pudessem aparecer no futuro, mas o principal objetivo é prevenir que estes casos aconteçam em nossa comunidade, daí a importância de fazer as atividades de promoção anteriormente mencionadas.
O leite materno é fundamental para a saúde das crianças nos seis primeiros meses de vida, por ser um alimento completo, fornecendo inclusive água, com fatores de proteção contra infecções comuns da infância, isento de contaminação e perfeitamente adaptado ao metabolismo da criança. Além do mais, o ato de amamentar é importante para as relações afetivas entre mãe e filho. (BRASIL, 2005)
Recomenda-se iniciar a alimentação complementar aos seis meses, em crianças que mamam exclusivamente no peito. Casos especiais poderão requerer a introdução de alimentos complementares antes do sexto mês devendo cada caso ser analisado avaliado individualmente pelo profissional de saúde. (BRASIL, 2005)
Estima-se que as ações de promoção do aleitamento materno e as ações de promoção da alimentação complementar, respectivamente, sejam capazes de reduzirem até 13% e 6% a ocorrência de mortes em crianças menores de 5 anos em todo o mundo. (BRASIL, 2013)
Nossa equipe faz atividades de promoção sobre aleitamento exclusivo durante os primeiros 6 meses de idade das crianças mas não sempre lembramos de falar sobre a alimentação complementar a partir dos 6 meses de vida estimulando a introdução de alimentos saudáveis. Então falamos com a Nutricionista do NASF para que nos apoia-se nas palestras sobre estes temáticas com as mães mas também começar a falar disso desde a etapa pré-natal no grupo das gestantes, além de lembra-las nas consultas de seguimento e dar orientações durante o puerpério e também no primeiro ano de vida das crianças.
Foi muito bom fazer esta microintervenção já que avaliamos, melhoramos e demos continuidade a algumas das ações traçadas e iniciadas na microintervenção I. Nosso trabalho ficou mais organizado mediante a criação do novo registro e aperfeiçoamento dos existentes; permitindo brindar um ótimo atendimento as crianças e seus familiares. A equipe incrementou as ações de promoção em saúde e intercambiou conhecimentos e experiências com a população fortalecendo o vínculo com os pacientes.
Consideramos como uma potencialidade a realização anterior da microintervenção I pois nos aportou experiência mas também ferramentas que até agora são muito uteis para o desenvolvimento das atividades da equipe.
Sem dúvidas aperfeiçoando e dando continuidade a nosso trabalho as crianças e familiares serão melhor atendidas permitindo elevar a qualidade de vida e satisfação da população.
REFERENCIAS:
ANEXO VI
Questionário para Microintervenção
QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
A equipe realiza consulta de puericultura nas crianças de até dois anos (crescimento/desenvolvimento)?
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X |
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A equipe utiliza protocolos voltados para atenção a crianças menores de dois anos?
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X |
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A equipe possui cadastramento atualizado de crianças até dois anos do território?
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X |
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A equipe utiliza a caderneta de saúde da criança para o seu acompanhamento?
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X |
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Há espelho das cadernetas de saúde da criança, ou outra ficha com informações equivalentes, na unidade?
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X |
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No acompanhamento das crianças do território, há registro sobre:
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
Vacinação em dia |
X |
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Crescimento e desenvolvimento |
X |
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Estado nutricional |
X |
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Teste do pezinho |
X |
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Violência familiar |
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X |
Acidentes |
X |
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A equipe acompanha casos de violência familiar conjuntamente com os profissionais de outro serviço (CRAS, Conselho Tutelar)?
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X |
A equipe realiza busca ativa das crianças:
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QUESTÕES |
SIM |
NÃO |
Prematuras |
X |
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Com baixo peso |
X |
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Com consulta de puericultura atrasada |
X |
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Com calendário vacinal atrasado |
X |
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A equipe desenvolve ações de promoção do aleitamento materno exclusivo para crianças até seis meses?
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X |
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A equipe desenvolve ações de estímulo à introdução de alimentos saudáveis e aleitamento materno continuado a partir dos seis meses da criança?
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X |
Ponto(s)