A USF GRAMORÉ E A SUA LINHA DE CUIDADO COM ÀS CRIANÇAS
Especializanda: CAROLLYNE DANTAS DE OLIVEIRA
Orientador: Isaac Alencar Pinto
A taxa de mortalidade infantil vem se reduzindo bastante ao longo dos anos. Se comparado ao ano de 1990 quando esta taxa era de 47,1 óbitos infantis a cada mil nascidos vivos, houve uma diminuição de quase 75%, caindo para 13,82 em 2015 (IBGE, 2015). Essa melhora vem acontecendo devido principalmente às ações de ampliação da cobertura da Estratégia Saúde da Família, porém a meta de toda criança ter o direito à vida e à saúde ainda não foi alcançada no país, especialmente por causa das desigualdades sociais que continuam alarmantes (BRASIL, 2012; DAMASCENO, 2015; ARAÚJO, 2014;).
É possível destacar ainda que a maioria desses óbitos ocorrem no período neonatal, sendo a maior parte deles por causas evitáveis, e que podem ser prevenidas através das ações ofertadas pelos serviços de saúde, como atenção ao pré-natal, parto, e ao neonato (BRASIL, 2012; ARAÚJO, 2014).
Diante disso em 2015 o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), na qual estabeleceu como coordenadora do cuidado à criança a APS, que tornou-se o ponto central processo. Ela desenvolve um papel importante no acompanhamento cuidadoso desses indivíduos, abrangendo todo o processo de crescimento e desenvolvimento da criança, recebendo o apoio da equipe de saúde; uma ação que compreendendo também a mãe e toda a família que fazem parte do seu contexto de vida e de saúde (BRASIL, 2012; DAMASCENO 2015).
O PNAISC envolve diversos eixos estratégicos, dentre eles destacam-se:
Aleitamento materno e alimentação complementar saudável; promoção e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento integral; atenção à crianças com agravo s prevalentes na infância e com doenças crônicas; atenção à saúde da criança com deficiência ou em situações específicas e de vulnerabilidade; vigilância e prevenção do óbito fetal, infantil e materno. (DAMASCENO et al. 2015, p. 2962)
Com a transição epidemiológica e demográfica no Brasil, houve também uma reorganização das prioridades na esfera da saúde. A elevação da prevalência de doenças crônico-degenerativas, aliado a expansão do envelhecimento populacional, acabou por gerar várias modificações nas prioridades do setor de saúde, e com isso uma redução da dedicação ao âmbito da atenção integral à saúde da criança. Entretanto essa atitude precisa ser repensada e superada, sendo necessário que haja uma revalorização do pré-natal e acompanhamento dessas crianças abordando a saúde de uma forma geral, com melhoria da qualidade e do acesso desses indivíduos na rede de atenção básica; para que assim possamos inclusive garantir uma futura geração de adultos e idosos mais saudáveis (BRASIL, 2012; ARAÚJO, 2014).
Diante do apresentado, o objetivo deste intervenção foi mostrar como se desenvolve a linha de cuidado em saúde da criança na USF Gramoré, levantando os pontos mais relevantes sejam eles positivos ou negativos, e também as ações por nós desenvolvidas.
Na USF Gramoré a minha equipe faz o acompanhamento regular das crianças, tanto em consultas médicas como da enfermagem. O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento (CD) das crianças é feito na quarta-feira a tarde, semanalmente, e conforme o preconizado pelo Ministério da Saúde (MS):
Os atendimentos à essas crianças, principalmente lactentes seguem protocolos preconizados pelo MS, abrangendo as mais diversas partes como aleitamento materno, alimentação complementar, vacinação, suplementação de sulfato ferroso e vitamina D. Além do acompanhamento relatado anteriormente, dados como estado nutricional e teste do pezinho também são registrados e monitorados. Questões como violência familiar e acidentes são discutidos com os pais quando pertinentes. Entretanto até então nenhum caso de violência familiar foi encontrado na nossa equipe.
Além disso o acompanhamento das crianças apresentando alguma patologia aguda/crônica que necessite de tratamento ou acompanhamento também é realizada por mim na quarta-feira, sendo portanto as consultas divididas em CD e atendimento médico geral, este último independente da idade da criança.
Todo o acompanhamento é descrito tanto no PEC, como na caderneta da criança, sendo os dados devidamente anotados nos gráficos/curvas de crescimento e desenvolvimento. O cadastro das crianças é rotineiramente atualizado pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), que informam regularmente ao restante da equipe pontos que precisam de maior atenção e cuidado. Os mesmos também são responsáveis pela busca ativa de crianças que nasceram prematuras, que apresentam baixo peso, e/ou crianças com calendário vacinal atrasado, quando esses problemas não conseguem ser detectados pela médica ou enfermeira devido principalmente a ausência do acompanhamento dessas crianças, muitas vezes por negligência familiar.
Na equipe ou na unidade não existem atividades específicas para promoção do aleitamento materno exclusivo (AME) até os seis meses, ou que estimulem à introdução de alimentos saudáveis e aleitamento materno continuado após os seis meses. Entretanto as mães desde o pré-natal são informadas e estimuladas, ainda que em consultas individuais, sobre a importância do AME até os seis meses, tanto para ela, como principalmente para o bebê. Em relação à introdução da alimentação a partir dos seis meses, elas também são orientadas no decorrer das consultas de CD, recebendo inclusive um guia de orientações como manter a alimentação do seu bebê saudável por toda a vida.
Nesse mês foi desenvolvido ainda em uma sexta-feira palestras e gincanas pra todas as mamães, enfatizando naquelas que estão grávidas, ou planejam engravidar, e naquelas que estão amamentando. Na ação foi abordado temas como a importância da amamentação, a alimentação complementar após os seis meses, vacinação, e o acompanhamento regular da criança, entre outros pontos (Figura 1, 2 e 3).
Figura1: Usuárias e Agentes de Saúde aguardando para o início da ação.
Ainda durante a ação foi realizada uma peça encenada pelas agentes de saúde, mostrando a importância do aleitamento, e do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança na puericultura. Foi também demonstrada orientações sobre as dificuldades e dúvidas que as mães apresentam na hora de amamentar e alimentar com outras comidas os seus filhos. Na peça foi mostrada ainda a importância de uma alimentação saudável, evitando as famosas “besteiras” e alimentos industrializados.
Figura 2: Peça encenada pelos Agentes Comunitários de Saúde sobre a importância do aleitamento materna e da alimentação complementar saudável.
Figura 3: Entrega dos brindes às crianças e seus responsáveis.
Após a encenação houve um momento de esclarecimentos feito pelos médicos e enfermeiras, ao final das informações apresentadas aos ouvintes houve ainda espaço para discussão e retirada de dúvidas. Além de sugestões, e o compartilhamento de experiências entre os próprios usuários. Completou-se com uma lanche saudável com frutas, preparados pelos ACS da própria unidade, e com a distribuição de brindes para as crianças.
Referências:
1. BRASIL. Cadernos de Atenção Básica – Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília. n. 33. 2012.
2. Damasceno, S.S. et al. Saúde da criança no Brasil: orientação da rede básica à Atenção Primária à Saúde. João Pessoa. Ciência & Saúde Coletiva. v. 21, n. 9, p. 2961 – 2973. 2016.
3. Araújo, J.P. et al. História da saúde da criança: conquistas, políticas e perspectivas. Revista Brasileira de Enfermagem. v. 67, n. 6, p. 1000 – 1007. 2014
4. Figueiredo, G.L.A. Mello, D.F. Atenção à saúde da criança no Brasil: aspectos da vulnerabilidade programática e dos direitos humanos. Revista Latino-Americana de Enfermagem. v. 15, n. 6. 2007.
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