9 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

CAPÍTULO V: Caracterização da assistência à Saúde da Criança na UBS Centro: desafios e potencialidades

 

Especializando: André Martins Ornelas

Orientador: Maria Helena Pires Araújo Barbosa

 

A assistência à saúde da criança provida na UBS Centro vem se modificando desde o início do meu trabalho na equipe. Inicialmente, trabalhava-se com agendamento livre, destinando as vagas de atendimento médico para usuários que procurassem a unidade com queixas agudas ou para acompanhamento de comorbidade crônica. Como discutido no capítulo I, a equipe se organizava de forma tradicionalista, destinando a atenção do médico somente para aqueles que consideravam “doentes”. As ações de promoção e prevenção à saúde, até eram desenvolvidas de forma efetiva, porém sem a participação do médico.

Da mesma forma, as crianças eram levadas ao médico somente se apresentassem algum problema agudo ou demanda dos pais por exames laboratoriais e estimulantes de apetite, por exemplo. Não havia espaço para consultas de puericultura na agenda do médico. Estas eram realizadas apenas pela enfermeira, numa tentativa de ampliar o número de vagas para consulta médica.

Diante da necessidade de expandir as ações do médico para a além do adoecimento infantil, reorganizamos a agenda de forma a reservar vagas de atendimento semanal ou quinzenal para consultas regulares de puericultura, as quais ocorrem de forma intercalada com a enfermeira.  

Nossas consultas de puericultura são destinadas apenas às crianças de até 2 anos, contrariando às recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria que orienta o acompanhamento regular até a adolescência. O atendimento visa basicamente avaliar as condições de saúde do lactente quanto ao crescimento e desenvolvimento, promover o aleitamento materno e orientar os pais em relação aos cuidados com a criança.

O registro do crescimento e desenvolvimento é realizado em cada consulta, tanto na caderneta de saúde da criança quanto no prontuário. A caderneta é nossa aliada na avaliação dos bebês, pois permite averiguar o ganho pondero-estatural e as habilidades motoras e comportamentais da criança ao longo do acompanhamento, permitindo identificar facilmente desvios da normalidade que requeiram uma avaliação especializada.

   Nosso atendimento de puericultura segue as orientações do Caderno de Atenção Básica número 33: SAÚDE DA CRIANÇA: CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO.

A participação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) também é fundamental para melhoria da assistência à saúde infantil. Eles foram orientados a identificar (e registrar), em suas respectivas áreas, todas as crianças com até 2 anos, bem como a data da última consulta e sua situação vacinal. Bebês com consultas atrasadas e em situações de vulnerabilidade social têm prioridade no agendamento.

A equipe também mantém registros regulares de crianças com vacinação atualizada. Porém as informações sobre estado nutricional, teste do pezinho e outros testes de triagem neonatal são feitos apenas em prontuário e na caderneta de saúde da criança, não havendo um registro único que permita mapear facilmente esses dados.

Durante as consultas de pré-natal, conforme discutido no capítulo III, as futuras mamães são orientadas a trazer seus bebês para um acompanhamento regular na UBS. O vínculo construído nesse momento é fundamental para o sucesso das consultas regulares de puericultura.

A preocupação em fortalecer o aleitamento materno motiva a equipe a trabalhar o assunto com as mamães desde o pré-natal, principalmente através dos encontros do “Bebê a Bordo”, nosso grupo de gestante. O apoio à amamentação também é oferecido em cada consulta de puericultura, a fim de diminuir a incidência de desmame precoce e a introdução de leite de vaca no primeiro ano de vida.

 Apesar das inúmeras limitações operacionais, representada principalmente por uma demanda excessiva, a equipe vem consolidando estratégias de promoção e prevenção no âmbito da saúde da criança. A incorporação da puericultura na agenda do médico e a integração da equipe na busca e no registro das informações de saúde das crianças são avanços importantes conquistados ao longo de nossa caminhada. Ainda há muito que melhorar, como por exemplo, estender a puericultura além dos 2 anos, garantindo acompanhamento regular de pré-escolares e escolares e construir uma maior integração com o Programa Saúde na Escola. Porém, acredito que estamos trilhando por um bom caminho…        

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