3 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Título: Atenção à saúde mental na Unidade Básica de Saúde Paulo Amaral município Estância, estado Sergipe.

 Especializando: Yuralmis Cruz Gonzalez

 Orientadora: Maria Helena Pires Araújo Barbosa

     Este relato de microintervenção baseia-se em nossa experiência diária ao tratar usuários que usam medicamentos psicotrópicos e/ou fazem uso abusivo de drogas lícitas ou ilícitas. A microintervençãotem como objetivo aperfeiçoar a à atenção em saúde mental de uma equipe de atenção básica no estado do Sergipe.

            Nossa equipe tem o registro com os nomes, endereço e medicamentos controlados de nossos indivíduos que fazem em uso crônico dessas substâncias. Temos conhecimento e realizamos o registro dos casos mais graves e daqueles que estão em sofrimento psíquico. Também registramos os usuários com necessidades decorrentes do crack, álcool e outras drogas. Toda terça-feira no período da tarde temos consulta com os indivíduos que possuem demandas de saúde mental. Esses atendimentos são agendados semanalmente na segunda-feira tarde.

            O tempo de espera para o primeiro atendimento ocorre com rapidez. Quando a equipe identifica alguma demanda que não pode ser resolvida na atenção básica é realizado o encaminhamento para o Centro de Referência Psicossocial (CAPS), visto que não há psiquiatra na equipe desta atenção básica. Quando a demanda é passível de resolução na Unidade Básica de Saúde (UBS), a médica da equipe prescreve o tratamento.

            Destaca-se que a equipe realiza atividades de promoção à saúde e prevenção de doenças como por exemplo: palestras sobre os medicamentos psicotrópicos, riscos e a dependência associados ao uso deles. Outro ponto abordado é como pode-se diminuir a dose quando os indivíduos fazem uso de medicamentos.

            Para esta microintervenção, assim como em muitas ocasiões, nossa equipe de saúde se reuniu para discutir a atenção em saúde mental na UBS. Para isso aprofundamos no assunto e cada um explicou seus critérios, a necessidade de agir no momento certo para saber como tratar, orientar nossos usuários, evitar o aparecimento de novos casos, bem como saber como orientá-los a procurar ajuda profissional. Mostrei a ficha espelho construída para começar a registrar as informações e o plano de ação que pode ser realizado para diminuir a incidência das demandas em saúde mental. Ao final da reunião, todos concordaram que ela cumpriu o objetivo porque com ela aprendemos a lidar com os problemas de saúde mental e concordamos em que temos um desafio a cumprir.

            Para conhecer melhor a rede de saúde mental do município, assim como construir uma linha de cuidados em saúde mental, a equipe escolheu um usuário que tinha demandas para esse tipo de atenção. Trata-se de um usuário de 35 anos de idade que compareceu   à consulta já agendada desde a semana anterior. Fiz a saudação habitual e o convidei para se sentar. Notei que ele estava um pouco deprimido, aparentemente chorou. Sendo assim, verifiquei que no prontuário foram registrados os valores da pressão arterial, temperatura, glicemia, altura e tudo está normal. Ele negou alergia a medicamento e história familiar de alguma patologia.

            Após esse momento, eu o questionei sobre o motivo de ter comparecido à consulta. Ele me diz que não consegui dormir por vários dias, perdeu o apetite, chora com frequencia e isso faz que as vezes ele seja um pouco agressivo com a familia, esposa e dois filhos, também perdeu o desejo de trabalhar e sente que a vida não faz mais sentido para ele.Eu pregunto se é a primeira vez que se sente assim e ele confirma para mim, também pregunto se teve algum problema que desencadenou essa crise e me diz que está desempregado e esse era o único sustento da familia.

            Fiz o exame físico meticulosamente e tudo é normal, exceto o nervosismo que é bem visível. Nós falamos sobre seus problemas, mas eu expliquei que não precisa se estressar porque ele está nas mãos de profissionais que o ajudarão a melhorar o estado de saúde mental. Verificando a demanda, acionei o CAPS do município para que fosse agendada uma consulta com o psiquiatra. A consulta foi marcada para 30 dias depois porque naquele momento todas as consultas já estavam agendadas.

            Agendei um retorno para o usuário, assim como visitas domiciliares que seriam realizadas pela equipe. Também iniciei o tratamento medicamentoso com amitriptilina (25 mg) – 01 comprimido à noite. O usuário sentiu-se mais tranquilo porque tinha certeza de que sua saúde melhoraria e ele retornaria ao seu padrão normal de vida, e para mim foi um prazer ajudá-lo.

            Nós reconhecemos que também apresentamos dificuldades na atenção em saúde mental porque às vezes o sujeito não é cooperativo. Mas, com a nossa microintervenção aprendemos que devemos investigar mais profundamente cada caso em questão, visitar nossos usuários, conhecer como eles vivem, como é o ambiente familiar em que eles são projetados, saber se trabalham ou estudam, quais são suas redes de apoio social e se eles aderem a um estilo de vida saudável, ou não e se é o caso que elas estão levando uma vida baseada no vício das drogas.

            Com a microintervenção percebemos que ainda há muito a fazer, saber, resolver e que nossa população pode perfeitamente, com a nossa ajuda, melhorar suas condições como seres biopsicosociais e entrar numa sociedade longe do alcance das drogas que machucam tanto a humanidade. Isso é possivel se colocarmos todo o nosso esforço e, como eu sempre digo, um mundo melhor é possível

            Penso que devemos continuar trabalhando nesses aspectos diariamente, porque eles são de grande ajuda e sempre serão, diminuir o número de usuários que usam medicamentos controlados é importante. Para isso a equipe pode encorajá-los a usar medicamentos naturais e não tóxicos para o corpo. Acredito que melhoraremos neste aspecto, porque a saúde mental é uma parte inseparável da saúde física dos nossos usuários. Por fim, há muito trabalho a ser feito, temos certeza disso, mas trabalhando em equipe, poderemos aprimorar a atenção à saúde mental cada vez mais em nossa UBS.

 

 

 

 

 

 

 

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