14 de agosto de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

Atenção à Saúde Mental na Atenção Primária à Saúde

Especializando: Viviana Karina Sanchez Albarracin

Tutor: Tulio Vieira de Melo

Colaboradores: Ariane Rose Macedo, Leandro Rodrigues, Lilisandra , Aline

 

            Para iniciar meu relato, começarei falando da organização e a criação da planilha para acompanhamento de pacientes psiquiátricos. A reunião com a equipe foi muito satisfatória já que se falaram de temas como renovação de receitas, que geralmente tem que ter um controle de qual medicação cada um de nossos pacientes toma e o tempo que eles se encontram usando essa medicação, já que se sabe que tem muitos efeitos colaterais poderiam aparecer com o tempo, e se não temos um adequado controle passar inadvertidos.

            Ali começamos a criar a planilha com os dados que se consideram mais importantes como os pacientes que devem ter avaliação psiquiátrica e neurológica, já que tem muitos desses pacientes que além de transtornos psiquiátricos tem transtornos neurológicos como epilepsia e também a doença de Alzheimer.

            A segunda parte de meu relato vou dedicar a um dos casos mais graves que tive que enfrentar em meu trabalho como médica da unidade de saúde. Trata-se de um paciente de 30 anos de idade, domiciliado, sem ter contato com ninguém. Mora com a mãe que é uma senhora de 58 anos, doente de câncer atualmente em acompanhamento na liga contra o câncer, dois irmãos que ainda moram com a mãe, um deles usuário de drogas e o outro irmão alcoólatra. Tem uma irmã que mora ao lado com o marido e os filhos, e tem outro irmão que trabalha em uma padaria e não mora no lugar.

            O relato da irmã e a mãe refere que quando ele tinha aproximadamente 11 anos teve um problema com um vizinho quando ele brincava na rua. Segundo refere a irmã, o vizinho golpeou a criança e a partir desse fato ele começou a ficar mais isolado, não saia para a rua porque referia ter medo e que com o passar do tempo ele deixou de se comunicar com todo mundo e como dentro da família tem um dos irmãos consumidor de drogas e o outro alcoólatra, referiam que houveram algumas brigas entre eles. Por determinação da mãe e os irmãos, decidiram dividir a habitação em dois, o jovem ficou de um lado e a mãe e os irmãos do outro para evitar alguma desgraça segundo a irmã.

            Continuando a entrevista eles falam que escutam o paciente conversar sozinho e que não dorme a noite. Dizem que já foram procurados pelo posto de saúde e o CAPS, mais como não se conseguem conversar com o paciente só foi indicado uma medicação que foi Risperidona em gotas, que não melhorou o estado do paciente, e por conta própria a família decidiu suspender a medicação.

            A visita domiciliar só permitiu constatar o que foi relatado pelos familiares, que o paciente não abre a porta e que ninguém tem de acesso a ele. Conversamos o CAPS e fui ate lá para falar com a psiquiatra, mas lamentavelmente no dia que eu fui não consegui falar com ela, foi ali que contatei uma psiquiatra do Hospital Joao Machado para que me ajudasse no manejo do paciente, já que a possibilidade de internamento não era aceita pelos familiares, eles se comprometiam a dar a medicação mas pediam que ele não fosse internado. Depois de falar com a psiquiatra e explicar o caso, recomendou iniciar medicação antipsicótica, já que o diagnóstico mais provável era a esquizofrenia.

            Foi ali que falei com a família para iniciar a Olanzapina na dose de 5 mg por dia,  mas nesse momento apareceram os problemas de dinheiro para poder adquirir a medicação, me comuniquei novamente com o CAPS que me deram o tratamento para um mês, e posterior a isso fiz a requisição para o paciente continuar recebendo a medicação no Hospital João Machado.

            Atualmente, após 2 meses de tratamento, observamos as primeiras melhoras, a irmã refere que ele já dorme durante a noite e que escutam ele falar muito menos a sós. Além que agora os outros irmãos podem olhar para ele.

            Na minha unidade se iniciou um programa de matriciamento em saúde mental e tivemos a visita de uma psiquiatra, com quem conversei o caso e ela me indicou aumentar a dose para 10 mg por dia, e continuar o acompanhamento.

            O pequeno progresso nesse paciente foi muito importante para mim, já que consegui melhorar a vida dele de uma maneira pequena e sei que ainda não posso pensar que ajudei ele totalmente, mas já o fato que ele consiga ter contato com a família é muito importante para mim e com certeza continuaremos o acompanhamento e continuar procurando inserir o CAPS no acompanhamento desse paciente. 

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