30 de julho de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

RELATO DE EXPERIÊNCIA

 

TÍTULO: O GRANDE DESAFIO DO ACOMPANHAMENTO DOS CLIENTES COM SAUDE MENTAL EM ITABAIANINHA (SERGIPE)

ESPECIALIZANDO: TANYA LISSETH PEDROSA ORTEGA

ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO

 

Com os avanços das Reformas Sanitária e Psiquiátrica no Brasil, muitas mudanças vêm ocorrendo na área da saúde. No campo da saúde mental, certamente a maior conquista foi o processo de desinstitucionalização do portador de sofrimento psíquico e a gradual implementação de serviços de saúde em meio aberto, como os CAPS, os Hospitais-Dia e as Residências Terapêuticas. A partir dessa reformulação, os sujeitos que antes viviam enclausurados nos hospitais psiquiátricos, agora podem contar com um tratamento mais próximo de seus familiares e da comunidade onde vivem.

 Porém, a sociedade, bem como as famílias, está pouco preparada e amparada para acolher o portador de sofrimento psíquico, havendo ainda uma lacuna entre o cuidado que se tem e o cuidado que se almeja ter em saúde mental. Por outro lado, muitos são os esforços empreendidos pelos serviços e pelos profissionais da saúde na busca por reverter a lógica de atenção à saúde mental arraigada na nossa cultura, em que prevaleceu por muitos anos, a exclusão e o preconceito.

Ao falar do cuidado oferecido pelos profissionais aos portadores de transtornos mentais nas instituições psiquiátricas, Waidman e Elsen (2005) chama-nos a atenção para a evidente dissociação entre o discurso e a prática. Discursos cativantes que recorrem abundantemente a chavões como a liberdade do doente mental, humanização do tratamento, combate a repressão etc., convivem com uma prática assistencial mecânica e rotineira, fechada dentro de consultórios em entrevistas rápidas e superficiais. Outras vezes aqueles belos discursos convivem com a absoluta inação, com o nada a fazer e apenas a discursar numa prática medíocre e reduzida.

Nesse contexto de cuidados, o redirecionamento do modelo assistencial com vistas à reabilitação psicossocial, questiona a função de saberes psiquiátricos, desloca o foco da assistência para os cuidados no território, implementa a discussão acerca da organização do trabalho em saúde, com ênfase no processo de trabalho dos trabalhadores, no caso, a área de saúde mental, tendo como perspectiva sua transformação por meio da construção de práticas renovadas na perspectiva da integralidade da atenção (BALLARIN; CARVALHO; FERIGATO, 2009).

Este micro intervenção é muito importante porque ampliamos nossos conhecimentos dos principais problemas de saúde mental para brindar um melhor serviço e estar mais preparada para ajudar a meus pacientes com problemas de saúde mental. Reconhece-se o grande número de pessoas consumindo, fazendo uso nocivo das mais diversas substâncias e entrando no processo de dependência química, podendo acarretar problemas graves de saúde e de comportamentos, além dos riscos de acidentes e mortes no trânsito.

Na Estratégia Saúde da Família (ESF), o atendimento a pessoa com transtorno mental é cadastrado mediante uma ficha para ter acompanhamento integral, onde coletamos os dados principais do paciente, conforme mostrando na tabela abaixo:

 

No.

Nome e Sobrenome

Data de nascimento.

Idade

 

e

Sexo

No. Cartão de SUS

Endereço/

Micro área

Medicamento que faz uso/Nome

 

Exame físico positivo

Diagnóstico definitivo

Acompanhamento

Psiquiatria / Psicólogo

CAPS/ESF

 

Observações

Gerais

  

Sim

Não

 

1

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Depois de oferecer a ficha de registro sobre como acontece o cadastramento de os clientes de saúde mental em nossa unidade de saúde, nossa equipe decidiu fazer uma avaliação de caso sobre um cliente alcóolatra devido a quantidades de usuários que chegam a nossa área precisando de uma atenção integral em saúde mental para realizar a construção de sua linha de cuidado.

Tratou-se de um usuário de 59 anos de idade, cor branco da pele, divorciado, dois filhos, nascido de parto normal, com desenvolvimento psicomotor normal, sem trabalho. pai alcoólatra, falecido por suicídio, acompanhamento por psiquiatria infantil por sintomas de sonambulismo e enureses noturna até os 12 anos, logo abandonou a consulta.

Compareceu a consulta atual acompanhado por seu irmão mais velho, referindo sente-se muito mal, com tremores nos membros, sudorações, câimbras em mãos e pés, dores de cabeça frequentes, insônia, ouvindo vozes algumas vezes durante o início da manhã. Todas as manifestações começaram a dois dias  no ponto da partida de interromper a   ingestão de bebidas de álcool.

Solicitou ajuda porque considera que o álcool se tornou seu inimigo, além disso, perdeu seu matrimonio, trabalho, teve que vender objetos de valor de sua casa para conseguir algum dinheiro e continuar consumindo, sentindo-se dominado pela droga e incapaz de sair  disso. Ele começou seu consumo com  17 anos pressionado por um  grupo de amigos, já sobre os  25 anos  aumentou a  quantidade e frequência. No início  bebia  em festa, em fins de semana, até o perder o controle, causando até separação da esposa e deswemprego.

 Sobre a Rede de Atenção à Saúde (RAS) mental em Itabaianinha (SE), ela é composta por:1-Demanda espontânea; 2-Atençao básica; 3-Ministerio Público; 4-Conselho tutelary; 5-Hospital de urgência e psiquiátrico; 6-CRAS; 7-Ambulatorio de Psicologia e Psiquiatria; 8-Educaçao; 9-NASF; 10-SAMU Corpo de bombeiros; 11-Associaçõs Comunitárias e não governamental.

 Em nosso município a Referência e Contra-referência se realiza como um mecanismo de atenção integral para todos os clientes de saúde mental que se encontrem em nossa área por meio de um encaminhamento resolutivo de um equipamento de saúde para outro que procura atender às necessidades dos usuários, na sua atenção integral: 1- Consultas Psiquiátricas; 2- Atendimentos individuais; 3- Reuniões internas com a equipe interdisciplinar. 4- Reuniões externas acontece na intersetorialidade;

As ações e projetos desenvolvidos na RAS são: 1. Acolhimento, realizado por todos os profissionais técnicos, com vínculo-escuta (vai muito além do preenchimento de uma ficha, requer escuta atenta, uma empatia e um profundo respeito pelo paciente e sua história), levantamento de dados e da história do usuário através de um roteiro de acolhimento; 2-Projeto Terapêutico, define-se a forma de tratamento (intensivo, semi intensivo, não-intensivo), encaminhamento às oficinas e grupos terapêuticos de acordo com o perfil do usuário bem como atendimento psicológico e psiquiátrico individual, técnico de referência (profissional de referência dos usuários, aquele que o acompanhará mais de perto, com o seu tratamento, sua recuperação e suas recaídas, sendo o profissional ao qual o usuário deverá de dirigir sempre que necessitar); 3. Projetos Terapêuticos de Reabilitação Psicossocial: “plantando semente e resgatando vidas”, “horticultura”, “transformando sonhos: travesseiros”, “saber do transformar: pallets”; 4. Grupos terapeúticos: Desenvolvidos por: Assistente Social, Psicólogo, Terapeuta Ocupacional e Pedagoga (grupos de homens; famílias, crianças; mulheres); 5. Oficinas terapeuticas (horta, artesanatos, artes, et.) objetivando a inclusão e/ou reinserção social, reabilitação e promoção de saúde, respeito às diferenças, interatividade entre os participantes, afeto, diálogo, vínculos afetivos, enfrentamento de desafios, descoberta de novas potencialidades; 6. Visitas Domiciliares, para onstrução vínculos usuários/família/comunidades; 7. Apoio Matricial e Capacitação da Rede de apoio em Saúde Mental visando a descentralização do serviço; 8. Educação Permanente, para construção coletiva do saber no dia a dia (Trocas de experiência, estudos de caso, reuniões de equipe semanais); 9. Educação Continuada (capacitações regionais, estaduais, supervisões, etc.); 10. Ações sociais (meios de comunicações, parcerias com AA, NASF, EJA, Fundação Carvalho, Rádio FM de INN) dentro e fora do território.

Nosso equipe de saúde acho muito importante nossa micro intervenção , já que eles enriqueceram conhecimentos que antes não tinham sobre a saúde mental ,fizemos uma reunião com  CAPS de nosso município e brindaram uma explicação muito  ampliada sobre o funcionamento , os grandes desafios , as limitações  que apresentam no dia a dia com os pacientes de saúde mental entre elas som ,não tem CAPS infantil, não tem CAPS  anti-drogas ,somente tem um psiquiatra que tem consulta na unidade uma vez por semana com 10 consultas agendadas , três urgências e uma visita no  domicílios si precisa realmente. Nosso paciente foi avaliando na minha consulta meu  diagnóstico foi Transtorno por abuso de álcool com dependência não complicado por evidenciar critérios operativos de quantidade e frequência, sujeição (incapacidade para manter-se  mais de dos dias sim ingerir álcool , incapacidade para deter o consumo uma vez iniciado, necessidade de ingerir o toxico para funcionar em a vida cotidiana),   logo  estabeleci um fluxo cordial com CAPS, ele tá sendo atendido ainda, se encontra em nossa área já tem unos 10 dias sem ingerir bebidas alcoólicas, ainda não consegui emprego, mais seus familiares oferecem ajuda . Tem agendamento para ser avaliando pelo psiquiatra de nossa área mais o principal e vontade de o cliente para deixar de consumir a droga, infelizmente não temos CAPS anti-drogas, mas tentaremos uma melhoria com ajuda conjunta, brindaremos apoio e acompanhamento adequado não precisamente somente para esse paciente sim não para os pacientes de saúde mental que precisarem ajuda sendo agora um gram desafio em nossas USB. 

 

 

Referências

 

BALLARIN, M.L.G.S.; FERIGATO, S.H.; CARVALHO, F. Os diferentes sentidos do cuidado: considerações sobre a atenção em saúde mental. O Mundo da Saúde, v.34, n.4, p.444-50, 2010.

 

WAIDMAN, M. A. P.; ELSEN, I. O cuidado interdisciplinar à família do portador de transtorno mental no paradigma da desinstitucionalização. Texto contexto-enferm., Florianópolis,  v.14, n.3, p.341-349, 2005.

 

 

 

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