RELATO DE EXPERIÊNCIA
TÍTULO: ATENÇÃO A SAUDE MENTAL NA UBS MAE ALMERINDA, INDIAROBA (SE).
ESPECIALIZANDO: SUSLEY TRIGUERO OSORIO.
ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO
As práticas em saúde mental na Atenção Básica devem ser realizadas por todos os profissionais de Saúde, pela construção do processo de cuidado e pela relação de vínculo da equipe de saúde com os usuários. Até mesmo os especialistas em saúde mental elaboram suas intervenções a partir das vivências cotidianas nos cenários da Atenção Básica. considerando as singularidades dos pacientes e de suas famílias e comunidades (BRASIL, 2013).
“A Política Nacional de Saúde Mental compreende as estratégias e diretrizes adotadas pelo país com o objetivo de organizar a assistência às pessoas com necessidades de tratamento e cuidados específicos em Saúde Mental. Abrange a atenção a pessoas com necessidades relacionadas a transtornos mentais como depressão, ansiedade, esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo, incluindo aquelas com quadro de uso nocivo e dependência de substâncias psicoativas (álcool, cocaína, crack e outras drogas)” (BRASIL, 2018, p.1).
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) passa a ser formada pelos seguintes pontos de atenção (Serviços): CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), em suas diferentes modalidades; Serviço Residencial Terapêutico (SRT); Unidade de Acolhimento (adultos e infanto-juvenil); Enfermarias Especializadas em Hospital Geral; Hospital Psiquiátrico; Hospital-Dia; Atenção Básica; Urgência e Emergência; Comunidades Terapêuticas; Ambulatório Multiprofissional de Saúde Mental (BRASIL, 2018).
As intervenções em saúde mental devem promover novas possibilidades de modificar e qualificar as condições e modos de vida, orientando-se pela produção de vida e de saúde e não se restringindo à cura de doenças. Isso significa acreditar que a vida pode ter várias formas de ser percebida, experimentada e vivida. Para tanto, é necessário olhar o sujeito em suas múltiplas dimensões, com seus desejos, anseios, valores e escolhas. Na Atenção Básica, o desenvolvimento de intervenções em saúde mental é construído no cotidiano dos encontros entre profissionais e usuários, em que ambos criam novas ferramentas e estratégias para compartilhar e construir juntos o cuidado em saúde (BRASIL, 2013).
O caso selecionado é o de uma paciente do sexo feminine, de 45 anos com uma história de transtorno depressivo há 5 anos, que tem sido tratada com fluoxetina 20mg, 1 comprimido por dia, que apareceu a consulta referindo tristeza e apatia, negando outros sintomas. O exame físico e estado mental é realizado, avaliando nesta última orientação, concentração, raciocínio e julgamento entre outros aspectos, chegando ao diagnóstico de transtorno depressivo descompensado. A última consulta foi em agosto de 2016. Indico para manter tratamento médico, ofereço psicoterapia de apoio e Inter consulta com psiquiatra.
Devido à ausência de CAPS ou NASF em meu município é indicado encaminhamento para o serviço psiquiátrico na cidade de Estancia (SE) através do secretário de saúde porque a comunicação com esses serviços é pequena e bastante complicada e às vezes os pacientes não recebem atendimentos devido à alta demanda e à pequena quantidade de especialistas. Muitas vezes o seguimento desses pacientes é feito apenas pela equipe básica de saúde. Esse é apenas um exemplo dos casos de pacientes com doenças mentais que existem em nossa área, sendo, por isso, muito difícil fazer o acompanhamento através da especialidade de psiquiatria. Então, foi necessário a realização de uma micro intervenção para tentar melhorar essa situação.
Para realizar a construção de um instrumento para garantir um melhor controle dos casos de pessoas com transtornos mentais em nossa área de saúde, foi realizada uma reunião com a participação de todos os membros da equipe para discutir quais seriam as principais informações a serem incluídas e a metodologia para obtê-la, foi necessário explicar a todos os membros da equipe, brevemente, as principais doenças mentais presentes em nossa população, os sinais e sintomas fundamentais assim como os medicamentos mais utilizados.
Os principais resultados com a realização desta micro intervenção foram os seguintes: aumentar o nível de conhecimento sobre doença mental em todos os membros da equipe, dar maior importância ao cuidado dessas pessoas, buscar junto aos gestores do município maior cobertura de medicamentos no postos de saúde, tentam melhorar a articulação com os núcleos CAPS e NAFS, que ainda não existem no município, sendo esta a principal dificuldade encontrada para acompanhar e corrigir o tratamento desse grupo populacional, lembrando que ao CAPS é designada a função de supervisionar e capacitar tanto as equipes da atenção básica como os serviços e programas de saúde mental, no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial.
Dessa forma, a inclusão das ações de saúde mental na Atenção Básica se coloca como um dos caminhos possíveis para o exercício de uma clínica solidária e integral do sujeito. Os CAPS, como organizadores da rede de cuidados no território a que estão inseridos, estreitariam os laços entre o campo da saúde mental e o da Atenção Básica. Faz-se necessário ampliar a projeção dos CAPS ante as políticas sociais, suas ações e seus espaços. Para tanto, é essêncial poder estruturá-lo de forma a ocupar outros territórios. Os CAPS precisam se inscrever de maneira mais ampla na transformação social e cultural da sociedade.
Portanto, as equipes de saúde mental de apoio à atenção básica devem incorporar ações de supervisão, de atendimento em conjunto e de atendimento específico, além de participar das iniciativas de qualificação dos profissionais. A inclusão das ações de saúde mental no campo da Atenção Básica, por si só, não será suficiente para reverter as práticas no campo da atenção em saúde mental, pois as ações não se restringem exclusivamente ao setor saúde. A atenção em saúde mental requer políticas intersetoriais, integradas, ampliando possibilidades e oportunidades, auxiliando o desenvolvimento local e redimensionando a noção de direito e cidadania.
A realização desta micro intervenção demostrou a importância da articulação de serviços especializados com a atenção básica no município e a necessidade de aumentar a preparação das equipes de atenção básica sobre este tema para melhorar a atenção medica deste grupo populacional e aumentar sua qualidade de vida o que constitui nosso principal objetivo.
Referência
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde para você. Saúde mental. 2018. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-mental/acoes-e-programas-saude-mental/estrategias-e-diretrizes. Acesso em: Jul. 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
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