RELATO DE EXPERIÊNCIA
TÍTULO: ESTRATÉGIA PARA MELHORAR OS CUIDADOS DE SAÚDE MENTAL NA CLÍNICA MARIA MESSIAS DE ANDRADE.
ESPECIALIZANDO: SUSANNE GUILARTE SANS
ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO
Saúde mental é o estado de equilíbrio entre uma pessoa e seu ambiente sociocultural, que garante a sua participação laboral, intelectual e de relacionamento, para alcançar um bem-estar e qualidade de vida, é importante em todas as etapas, da infância e adolescência à idade adulta, pois determina raciocínio, emoções e comportamentos em diferentes situações da vida cotidiana. Por esse motivo sua abordagem adequada na atenção primária à saúde é fundamental para o bem-estar de nossa população. O objetivo desta microintervenção é melhorar a estratégia de saúde mental que é realizada na clínica Maria Messias De Andrade.
Todos os dias o número de usuários em uso crônico de psicotrópicos, álcool e drogas está aumentando, apesar da múltiplo esforços realizados pelo sistema de saúde para melhorar esta situação, o número de pessoas que procuram serviços médicos em busca de prescrições de ansiolíticos e antidepressivos está crescendo, bem como com processos secundários ao abuso de álcool e drogas.
Diante disso, é necessário que a equipe tenha controle sobre eles, para melhor gerenciar seu acompanhamento e planejar as ações a serem realizadas em relação a essas pessoas. Para atingir este objetivo foi criada uma planilha de controle onde serão registradas as informações referentes a esses usuários, este instrumento tem como princípio não só registrar os dados pessoais do paciente e a substancia utilizada, mais também permite programar a consulta e, ao mesmo tempo, planejar as ações a serem executadas.
A planilha (ver abaixo) foi discutida com toda a equipe, e decidiu-se cadastrar por áreas, para que o planejamento das atividades de promoção da saúde fosse realizado por essas áreas e a participação das pessoas envolvidas fora maior e mais organizada. Quando a equipe concordou que essa planilha facilitaria o trabalho, decidimos preencher os registros com os dados dos pacientes. O maior problema durante esse processo foi não preencher a planilha em si, mais sem fazer com que os usuários participassem das atividades planejadas e atendessem as consultas agendadas, já que a maioria são pessoas de baixo nível sociocultural e o uso dessas substancias limita a sua capacidade de decidir quais ações são benéficas para sua saúde e que não, mais esforço e trabalho em equipe de integrar as consultas, palestras educativas e grupos de apoio vai continuar.
Na clínica Maria Messias De Andrade, a rede de serviços de saúde mental tem os serviços das equipes do NASF e CAPS, eles já possuem referenciados aos pacientes de saúde mental e realizam o acompanhamento periódico dos mesmos. Quando nas consultas medicas e de enfermagem novos casos desses usuários são encontrados, eles são encaminhados para essas equipes dependendo do problema, da mesma forma que existe uma contra referência, pois quando eles encontram sinais de problemas de saúde do ponto de vista orgânico, eles enviam o paciente para acompanhamento. Muitas vezes eles participam de visitas domiciliares quando um paciente necessita de um atendimento juntos, e são convidados a ações educativas para fornecer conhecimentos e experiências, e assim, ao lado persuadir aos usuários, tornar a mensagem mais intensa e firme e, assim, pode influenciar positivamente esse grupo de pessoas.
De acordo com o ministério da saúde (2007), o projeto terapêutico singular é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar com apoio matricial se necessário. Pode ser considerado como uma reunião de toda a equipe em que todas as opiniões são importantes para ajudar a entender o sujeito com alguma demanda de cuidado em saúde e, consequentemente, para definição de propostas de ações.
Na clinica existem muitos casos de pessoas que requerem uma linha de cuidados de saúde mental, muitas deles já estão baixo esse cuidado, mais muita atenção é dada ao caso de uma paciente de 43 anos de idade, com uso crônico de álcool desde os 25 anos quando perdeu três membros de sua família em acidente de carro, incluindo o marido, sendo responsável por duas filhas com 13 e 16 anos de idade.
Atualmente, ela é uma pessoa socialmente isolada, sem relacionamentos com os vizinhos, não sai da casa a não ser para comprar bebidas alcoólicas, é muito calada, pouca ou nenhuma comunicação, e sua relação emocional só é dirigida para suas filhas, que, apesar desses problemas, conseguiram progredir e dar seu apoio, mesmo quando essa situação os afeta social e emocionalmente. Ela não trabalha, sofre de depressão com muita frequência, e o consumo de álcool já está causando danos orgânicos, pois no mês passado ela sofreu uma hemorragia digestiva causada por gastrite erosiva sangrenta, devido ao uso abusivo de álcool. Em vista do fato de que é uma paciente jovem, que ainda pode ter muitas expectativas em sua vida, a equipe se reuniu para uma avaliação completa do caso, foram também participar funcionários do NASF e CAPS, todos com o objetivo de definir um conjunto de ações para garantir a inclusão de novo este paciente no contexto social e familiar, e melhorar a sua qualidade de vida.
Uma vez que o caso foi avaliado e todos os diagnósticos foram elaborados, cada membro da equipe fez sua avaliação pessoal e iniciamos a elaboração de um plano de ação para cumprir os objetivos propostos. Desta forma, foram propostas ações como:
l Prestar um atendimento periódico multidisciplinar;
l Aumentar a frequência das visitas domiciliares com a participação de toda a equipe, inclusive o apoio matricial;
l Incentivar sua participação em grupos de apoio na comunidade;
l Estimular sua participação em diferentes espaços abertos para maior interação com o meio e a população;
l Estimular a realização de atividades recreativas e culturais, como meio de ocupação e distração;
l Garantir a participação de suas filhas nessas ações para que o paciente se sinta mais seguro e apoiado.
Todas essas ações foram planejadas e para cada uma delas foi selecionada uma pessoa responsável. O passo seguinte foi negociar as propostas com o paciente, inicialmente ela não colaborou, mais depois com ajuda das filhas rendeu e aceitou ser participante das ações. A linha de cuidados foi lançada, e espera-se que quando a equipe se reunir para fazer uma reavaliação da mesma, os resultados sejam positivos.
A saúde mental ajuda a determinar como gerenciar o estresse, conviver com outras pessoas e tomar decisões importantes, evitar o sofrimento mental deve ser uma meta para alcançar na APS, uma boa articulação de redes, uma preparação adequada de profissionais e o desenvolvimento de uma estratégia de qualidade, nos ajudara a potencializar a atenção em saúde mental de nossa população.
Quadro 1: Planilha de Controle da Saúde Mental na Clínica Maria Messias de Andrade, 2018.
Área |
No |
Nome e sobrenome |
Idade |
endereço |
Álcool |
Drogas |
Psicofármacos |
Tempo de uso |
Data de consulta agendada |
Data de palestra educativa |
Observações |
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Clínica ampliada, equipe de referência e projeto terapêutico singular. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.
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