CAPÍTULO IV: Atenção à Saúde Mental na Atenção Primária à Saúde
ESPECIALIZANDO: Senejad Ariadne Morais Pereira
ORIENTADOR: TÚLIO FELIPE VIEIRA DE MELO
Este relato descreve a microintervenção sobre saúde mental na ESF Loteamento Esperança, pertencente a cidade de Macaiba/RN
Realizei uma reunião com a minha equipe de saúde, disponibilizei em minha agenda de consultas médicas um dia próprio para atender os pacientes da saúde mental. O paciente ali se dirige a sua consulta previamente já agendada em meu consultório, destino apenas cinco atendimentos para esse publico, pois os mesmos precisarão de uma escuta competente e completa com uma média de tempo por consultas de 40 minutos a 1 hora. Realizar o entrelace com o paciente de uma terapêutica é de grande valia para a atenção psicossocial totalitária.
Organizei junto a minha equipe uma estimulação a realizar uma atividade terapêutica para os pacientes que ali mostrassem interesse em participar. Estimulamos a terapia ocupacional para que os pacientes ocupassem sua mente com bons pensamentos, ou que mesmo dessem um descanso para aquelas mentes que se encontrassem “hiperpensantes”. De forma individual em suas consultas, perguntava um por um que coisas os faziam sentir-se relaxados? E de forma espontânea muitos me responderam assim: “ doutora, muitos anos atrás minha mãe me ensinou a fazer croché!” E a partir desses pequenos relatos dessa natureza entre várias consultas, decidi que em cada consulta de rotina iria pedir para que eles me trouxessem algo que tivessem produzido nesse intervalo de tempo entre as consultas de rotina.
Nas consultas seguintes para minha supresa e alegria, os pacientes me trouxeram, vestidos, tapetes, florzinhas todas feitas por elas entre aquele espaço de tempo entre uma consulta e outra. Um chegou a me relatar que toda vida que estava desanimada, chorosa ou com pensamentos pessimistas sobre a vida, sentava-se em seu sofá e se colocava horas a realizar seu artesanato e que muitas vezes quando se dava conta já estava na hora de deitar-se. Ou seja, a paciente passou a ocupar sua mente, motivando-se a realizar seu artesanato para mostrar que “SIM” ela tinha conseguido atingir a meta de trazer para mostrar a doutora sua obra prima.
Dentre essas experiencias vividas dentro da unidade podemos tirar como pontos positivos a adesão de mais pacientes se automotivando, realizando sua própria terapia e consequentemente tendo uma melhora significativa de seus quadros de saude mental.
Em contra partida encontramos uma grande dificuldade pela parte dos homens a aceitarem e se motivarem a realizar uma terapia própria. Pode-se destacar apenas uma adesão masculina a tal realização dos artesanatos. O paciente decidiu realizar trabalhos com madeiras como sofás de pallet, cabeceiras de cama e estantes.
Podemos ainda considerar que a saúde mental junto a atenção psicossocial ainda está em um processo construtivo. É importante não deixar de enfatizar a participação constante dos acompanhantes dos pacientes em situações mais delicadas, pois os mesmos são de suma importância para a colaboração, estimulação e evolução do paciente, onde eles fazem o elo de ligação entre a convivência e o cuidado diário para com o médico que ali estará em acompanhamento do tratamento. O acompanhante se faz com um elo que permite novas formas de sociabilidade. Para tanto e não menos importante, devemos enfatizar a grande participação e atuação da psicóloga que muitas e muitas vezes abre sua agenda além do programado para receber os pacientes que se encontram com necessidades mais delicadas e que necessitam de uma resolução mais imediata.
Tal trabalho se faz como uma ação necessária para que possamos também trabalhar em conjunto com o médico especialista e o médico da unidade básica, assim bem como o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) seu usuário e seu acompanhante, amenizando e fortalecendo as relações e as sincronizando-as, promovendo assim uma promoção de saúde também fora do espaço institucional.
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