Microintervenção 4; Tema “A linha de cuidado em Saúde Mental começa por minha ESF”.
Dr. Roberto Gainza Santos
Facilitadora: Romanniny Hevillyn Silva Costa Almino.
A Estratégia de Saúde da Família-ESF é a porta e entrada ao Sistema de Saúde de todos os pacientes que precisam de atendimento, eles podem comparecer por diferentes motivos, inclusive, por situações de doenças agudas ou crónicas, como, as doenças que afetam a saúde mental.
Nossa equipe realiza algumas ações coletivas voltadas às pessoas com sofrimento psíquico ou adoecimento mental, como: palestra educativa, roda de conversa orientando sobre atividades físico-recreativas, alimentação e hábitos de higiene pessoal e familiar, dentre outros assuntos, sendo fundamentais no tratamento desses pacientes.
Além disso, realizamos atendimento individual; visitas domiciliares; atendimento à família; atividades comunitárias com o intuito de promover a ressocialização e desinstitucionalização.
Nossa equipe possui registro dos usuários em uso crônico de benzodiazepínicos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, antidepressivos, estabilizadores de humor, ansiolíticos, entre outros.
Porém o registro tem os seguintes dados:
Dados do paciente: Nome e Sobrenome, Idade, Sexo, Nº Cartão do SUS, Religião, Estado Civil, Endereço, Antecedente Familiar de Doenças Mentais, Sintomas mais frequentes, Transtornos de sonho, Depressão, Tristeza, Euforia, Ansiedade, Alucinações, Delírios, Outros sintomas, quais Ações de saúde são feitas para melhorar estes sintomas, Usuário de álcool, Usuário de outras drogas.
Tem uso de Psicotrópicos:
Doses, Data de início, Benzodiazepínicos, Antidepressivos, Anticonvulsivantes, Outros.
Encaminhamento para Psicologia ou Psiquiatria.
Seguimento: Com o NASF ou CAPS.
Além disso, temos o controle dos usuários em uso de crack, álcool e outras drogas, assim como registro dos casos mais graves de usuários em sofrimento psíquico que precisam do encaminhamento a outro ponto da rede de atenção psicossocial.
A rede de atenção à saúde mental de meu território esta constituída como segue abaixo:
Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Vilhena: são atendidos os pacientes com história de doenças mentais e realizado o seguimento do tratamento indicado pelo profissional, realizadas visita domiciliares, orientação familiar, encaminhamento para outro dispositivo da rede de atenção psicossocial.
Núcleo de Apoio à Saúde de Família (NASF): atuam de maneira correta e integrada visitando a UBS ou atendendo os usuários nas dependências físicas do NASF, sendo um ponto de apoio à equipe de saúde da Unidade Básica onde são capazes de definir a conduta terapêutica necessária para cada caso.
Centro de Atenção Psicossocial I (CAPS I): onde são atendidas todas as demandas dos usuários com transtornos mentais crónicos, persistentes ou graves, incluindo também os usuários de abuso de álcool, crack e outras drogas, onde definem o tratamento mais adequado para diminuir e chegar a erradicar os vícios consequentes de algum sofrimento psíquico gerado nos pacientes por alguma situação de stress que aconteceu.
Tanto para o NASF e CAPS I, a UBS faz referência e posteriormente, esses enviam para nós a contrareferência dos pacientes para seu melhor seguimento e controle.
Na nossa intervenção escolhemos um caso de uma paciente da nossa área, cujo nome será ocultado, por uma questão de sigilo médico, à qual foi elaborada uma linha de cuidado integral, para ser relatado na nossa microintervenção.
A mesma tem como nome ASMP, idade de 40 anos, atualmente divorciada, mãe de três filhos, com histórico pessoal de hipertensão, fumante há 10 anos, nega outro hábito tóxico. Compareceu a unidade para passar por uma consulta na segunda semana de agosto com o médico da equipe, a pedido de encaminhamento com Neurologista, o qual procurou por ter sentido muito dor de cabeça, falta de ar e dificuldade para dormir. Após a consulta foi constatado que não tinha nenhuma alteração clinica além da hipertensão.
Durante a entrevista relatou estar desempregada há cinco meses e com isso tem tido problemas financeiros em sua casa. Além disso, mesma relata sentir muito estresse, depois de separar de seu esposo, afetando assim o seu relacionamento familiar.
A paciente se mostra muito abalada emocionalmente, vindo a chorar durante a conversa, pois relatou que seu marido foi embora de sua casa levando com ele muitas cosas para ir viver com outra mulher, ela não tem vontade de realizar suas tarefas diárias, tendo a mesma negada pensamentos suicidas até agora.
Após concluir a consulta, a paciente recebeu diagnóstico inicial de depressão moderada, sendo aberta uma nova linha de cuidado para ela.
Como primeiro passo preenchemos a ficha espelho logo recebeu orientações sobre alguns hábitos de vida, a respeito de sua alimentação, práticas de exercícios e importância de evitar o hábito de fumar, como também continuar com seu tratamento de base para a Hipertensão Arterial Sistémica.
Foi colocado tratamento para os sintomas de cefaleia desse momento quando ela foi à consulta.
A paciente foi orientada sobre a existência de um grupo criado na unidade com a iniciativa de ajudar a pessoas com problemas parecidos com o dela e foi convidada a participar com a presença de alguns profissionais do NASF e a Equipe de Saúde da UBS.
As dificuldades da Equipe foram as seguintes:
Alguns pacientes não aderem ao tratamento de forma adequada e apesar de estarem sendo acompanhados pela UBS apresentaram sinais e sintomas de desequilíbrio mental.
Outra dificuldade é a falta de capacitação de alguns profissionais da Equipe para atuar com estes pacientes e suas famílias.
Muitas vezes os pacientes não querem comparecer à UBS para uma consulta devido ao sentimento de vergonha.
Outra fragilidade encontrada é o fato dos pacientes irem sozinhos às consultas, a família não tem consciência que o melhor tratamento não é só a medicação, mas também o suporte familiar pode colaborar para o tratamento.
Como potencialidades têm:
Contamos com o apoio do Núcleo de Apoio a Saúde da Família NASF, já que a psicóloga que fez parte da equipe do NASF recebe nossa referência então presta assistência na unidade de saúde duas (2) vezes por mês.
Além disso, tem atendimento especializado com a consulta de psiquiatria uma vez ao mês no município.
O controle da medicação e feito por nós na UBS e encaminhamos para a Farmácia do município para monitorarem o abastecimento e dispensação dos medicamentos.
Com a realização desta microintervenção a equipe aprendeu de uma melhor maneira como deve ser o acolhimento, tratamento, referência e contrareferência dos pacientes com transtornos da saúde mental, além do intercâmbio de experiências entre os profissionais da saúde da equipe e de outros dispositivos de saúde e sociais.
Ponto(s)